quarta-feira, 1 de agosto de 2007

UMA PIADA, MUITAS PIADAS

Era uma noite escura no meio da floresta, dessas sem lua, onde não se via nada. A tartaruguinha caminhava lentamente para sua toca quando, em pleno breu, bateu em cheio contra alguma coisa que se movia na direção contrária. Como não dava para ver nada, a tartaruguinha começou a tatear o outro ser.

- Hmmmmm... Peludo, com dentes compridos... e orelha grande. Ah! É o coelhinho!

E o coelho, fazendo o mesmo:

- Hmmmmm... Pele de cobra, sem orelhas... e de capacete. É o Niki Lauda!

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Esta é uma piada de humor negro que circula aqui na Áustria e não faz concessão ao estado físico do piloto vienense após seu acidente quase fatal em Nürburgring, que completa hoje 31 anos como bem lembra o indispensável Blog do Capelli. Foi o toque quase trágico de uma temporada como a atual, na qual a disputa nas pistas acabou à sombra de uma série de atitudes desencontradas da FIA (na época, FISA) sobre os postulantes ao título, coincidentemente a McLaren e a Ferrari. Para saber os detalhes da bagunça que foi o Mundial de 1976, leia esta minha coluna escrita no início do ano passado para o GP Total. Mas leia mesmo, vale a pena até pela comparação com 2007.

Pois bem, como esperado, o “Stepneygate” ainda está longe de terminar. Diante do ridículo que foi a sentença da FIA, a Ferrari agiu em seu interesse e aproveitou sua influência política sobre o presidente da Federação Italiana, Luigi Macaluso – que também é membro do Conselho da FIA –, para levar o caso agora para o Tribunal de Apelação.

Isso sem falar nas ações legais que a equipe italiana realiza paralelamente nas justiças de seu país e na inglesa. Restando menos de três meses para o final do Mundial, me parece difícil que todas as instâncias se esgotem antes da bandeirada final em Interlagos. Assim, a Fórmula 1 caminha para um quadro que acontece com relativa e triste freqüência no automobilismo brasileiro: a dos campeões sub-júdice.

Seria a maior piada dentre todas as piadas ocorridas na confusa gestão de Max Mosley no comando da entidade. Algumas coisas boas ele fez, mas infelizmente foram algumas. Num quadro geral, o que seu legado nos deixa é um Mundial de Rali agonizante (quando chegou a ser a categoria mais emocionante do planeta) e um Mundial de F-1 que, após tantas mudanças nas regras, parece sem saber direito que rumo tomar: seria o da economia, o da ecologia, o do espetáculo ou o da tecnologia? Vamos esperar sentados pelas respostas.

6 comentários:

Francis Rosário disse...

Nunca gostei do lauda.....

Sempre simpatizei com o Hunt por representar um lado bem mais humano do automobilismo.... a foto da sua coluna ilustra totalmente o que ele era....

Anônimo disse...

Engraçado,também não simpatizo com o Lauda. Acho que ele ficou - com razão - amargo depois do seu acidente. Além disso, andou dando umas declarações ultimamente que vou te contar.

Anônimo disse...

Ah, esqueci de comentar. Essas mudanças nas regras realmente são muito chatas. O negócio está ficando tão complexo, que a FIA logo, logo tem que começar a dar um curso intensivo a cada início de temporada.

Anônimo disse...

È verdade, acho que nem ninguém, e muito menos Mosley, sabe que rumo a F-1 está tomando.

Anônimo disse...

Tecnologia!!!! Por favor!!!

Anônimo disse...

Lauda foi campeão de 1975 e de 1977; perdeu 1976, na última corrida, quanto teve pânico na chuva do Japão (tem o vídeo no youtube), mas foi por pouquíssimo que perdeu 1976.
Numa entrevista que ele deu ao Conexão Internacional, com o Roberto Dávila, Lauda descreve o dia seguinte, no hospítal, quandou ouviu o médico dizer à Marlene que ele morreria, ouve o padre dar a extrema unção e então entende que vai ter que se virar sozinho, porque todos o dão como morto. Conta também que convidou um vizinho de sua casa de campo, um homem mais rude, para vê-lo, pois queria saber quão horrível estava; conta Lauda que o sujeito entrou, olhou para ele e virou o rosto, com o que Lauda concluiu: estou mesmo monstruoso.
Lauda é um dos grandes pilotos, que, nesse acidente, se revelou como um grande homem.
Ser um 'mala' não é privilégio dele, que, além de tri - campeão da F1, é austríaco, ou seja, não tem simpatia no sangue.