quinta-feira, 4 de outubro de 2007

TV BLOGO - DESFAZENDO UM MITO

Hoje, 4 de outubro, a primeira vitória de um brasileiro na Fórmula 1 completa 37 anos. Emerson Fittipaldi venceu o GP dos Estados Unidos de 1970, em Watkins Glen, na sua quarta participação na categoria – uma amostra mais que contundente de seu talento precoce e sua grandeza, num momento em que todos falam do fabricado Lewis Hamilton. Emerson teve a sorte sim de aterrissar na melhor equipe de uma temporada (como o inglês de 2007), mas até chegar lá superou as maiores barreiras possíveis, algo de que o protegido de Ron Dennis foi poupado.

Desde que me dou por gente, leio e ouço que a vitória de Emerson garantiu o título póstumo de Jochen Rindt. Hoje, está claro que se criou aqui um mito que foge completamente à verdade. Para o austríaco perder o título, o belga Jacky Ickx tinha impreterivelmente de vencer o GP dos EUA e, três semanas depois, o do México também. Ickx marcou a pole-position, mas caiu para o segundo lugar na largada, atrás de Jackie Stewart.

O título a favor de Rindt, na verdade, foi decidido na volta 57, quando o belga teve de parar nos boxes para reparar um duto de combustível. Ickx perdeu mais de uma volta em relação aos líderes, caiu para o 12° lugar e saiu praticamente da disputa. Ele ainda recuperou muito terreno, mas terminou em quarto, ainda uma volta atrás do vencedor. Assim, se Emerson ficasse sem gasolina na última volta, se batesse na penúltima, se tivesse uma quebra de suspensão na antepenúltima, se desmaiasse a 20 voltas do final, enfim, Rindt teria sido campeão do mesmo jeito.

Nada, obviamente, que diminua a grandeza de seu feito. Foi uma precoce vitória de um dos maiores nomes da história do automobilismo mundial. Mas que não garantiu o título para seu falecido companheiro de equipe – foram os problemas de Ickx que o fizeram. A verdade é menos romântica, mas pelo menos é verdadeira.

5 comentários:

L-A. Pandini disse...

Eu também não agüento mais ler esta "história romântica". Ainda bem que o Galvão não era locutor em 1970. Imagine a histeria dele narrando o tri do México e a "vitória brasileira que deu o título ao companheiro morto", tudo isso naquele clima de "pra frente Brasil". Seria insuportável para qualquer pessoa minimamente sã.

Anônimo disse...

Ico e Pandini,
Vamos permitir uma "licença poética" nesse caso?
Embora o caso tenha virado um mito, a verdade é que fica muito belo imaginar que Rindt, brutalmente morto, teve seu lugar na história gravado, como campeão, graças à colaboração de seu companheiro de equipe.
Além disso, penso que os feitos do Emerson são tão diminuídos que não custa "florear" um pouquinho a história. Algo bem diferente do que acontece com certo ex piloto falecido brasileiro que tem seus comportamentos anti-éticos justificados e elogiados.

Anônimo disse...

herik,
melhor não nos permitirmos tal licença - já li num artigo inglës tentarem co-responsabilizar o emerson pelo brutal acidente do rindt, o brasileiro tendo estragado o carro titular do austríaco quando encarregado de fazer o shakedown na sexta-feira; rindt morreu com o carro q seria para o emerson correr…
aliás, emerson menciona e, a meu ver esclarece o ponto desse episódio na sua autobiografia (aquela mais recente).

o feito dele em afirmar-se campeão mundial, em tão pouco tempo, tão jovem, vindo de uma tradição automobilistica relativamente pequena, é gigantesco, e único no séc. XX.
quanto ao rindt, é sabido por todos o quanto ele abusava da própria sorte.

Anônimo disse...

me desculpem
esqueci de assinar o comentário acima

fernando amaral

Anônimo disse...

Houve outros campeonatos em que o segundo colocado precisava conseguir algum resultado para sagrar - se campeão. Era o caso de Icks, que precisava da vitória.
O que vocês têm escrito é que Icks foi tão mal que a vitória de Emerson seria irrelevante, ou seja, Rindt seria o campeão de qualquer jeito. É verdade.
Mas não concordo com a leitura de vocês, pois Emerson ocupou a posição que interessava a Icks e venceu muito bem; Emerson fez a parte dele, Icks, não.
Se a derrota de Icks para si mesmo diminui a importância da vitória de Emerson na disputa do campeonato, isso não floreia nem 'desfloreia' a vitória: foi importante e entrou para a história, como o único campeonato 'post morten', garantido porque era Emerson o primeiro no podium.