domingo, 24 de agosto de 2008

A CIDADE DO RIO SECO

Estive em Valência por um punhado de dias no ano 2000, uma das paradas de uma mini-turnê espanhola durante umas férias com minha namorada (hoje, esposa). Não foi um lugar que me impressionou, parecia que faltava uma identidade à cidade. Gostei mais de outras atrações dentro (ou perto) da Comunitat Valenciana, como a charmosa vila litorânea de Peñíscola, cujo centro histórico era um castelo medieval; e o parque de diversões Port Aventura, uma espécie de Hopi Hari espanhol, que com montanhas-russas muito mais radicais - a maior delas, “Dragon Khan”: nunca me esqueci do nome nem da experiência vivida nela.


Hoje, Valência tem uma identidade. Se chama Ciutat de les Arts i les Ciències, um complexo de museusainda não inteiramente finalizado – de arquitetura belíssima e instigante. Ele foi montado no antigo leito do rio Turia, desviado para fora da cidade no início dos anos 60 depois de décadas de enchentes que chegavam até a cinco metros de água nas ruas.


Na época, cogitou-se a construção da uma enorme avenida no lugar, mas, ainda bem, venceu a idéia de tornar a área um parque de sete quilômetros de extensão que corta a cidade em duas. Já era algo interessante, mas o complexo arquitetônico inaugurado em 2005 (é o mesmo utilizado pela McLaren no lançamento do carro do ano passado, se vocês lembram) deu o toque final à esta excelente iniciativa.


Valência tem também a marina reformada inicialmente para receber a America’s Cup e que agora abriga um dos mais belos circuitos da Fórmula 1. O encontro de estaleiros antigos e modernos foi administrado com muito bom gosto e o lugar oferece uma bela vista para curtir um fim de tarde, com uma praia urbana bem ao lado.


Depois de viver anos à sombra de Madri e Barcelona, esta cidade resolveu aproveitar as riquezas que gera como um importante centro industrial para se mostrar ao mundo – e a corrida de hoje será a maior propaganda que ela fez. Mas o que encanta mesmo é o chamado “rio seco”, um importante exemplo de como o espaço público deve fazer jus ao nome e ser o que é, público. Seria bom se a minha São Paulo tentasse ser um pouco mais desse jeito.

4 comentários:

Anônimo disse...

Poxa! Voce tambem mora em Viena? Desculpe a falta de informação, mas elio seu blog a pouco tempo!

Unknown disse...

Oi Ico!!A Dragon Khan fica perto de Barcelona no parque da Unirvesal Studios e nao no Terra Mitica.Ja andei tambem nela, emocionante e inesquecivel!!
Abracos.
Rodrigo

Daniel Médici disse...

Como disse uma professora da FAU-USP numa entrevista que eu vi recentemente, o espaço público é encontro. Mas, em São Paulo, ele deixou de ser encontro há muito para virar fluxo.

Enquanto isso, a idéia mais recente do "doutor Paulo" para estas eleições municipais é justamente 'secar o rio', porém, para construir uma avenida no lugar...

Ico (Luis Fernando Ramos) disse...

Rodrigo, errei o nome o Parque, mas nao a montanha-russa, rs

Idade é fogo!