quinta-feira, 5 de março de 2009

ESQUECERAM DE MIM

Nos comentários do post abaixo, o Marcos Smirkoff colocou com muita propriedade a observação de que uma possível diminuição na distância das corridas não se reverteria em ingressos mais baratos para o público. Partindo daí, é fácil identificar que faltou nas propostas da FOTA um ponto crucial para atender o anseio dos torcedores: manter a categoria em suas praças tradicionais – e com entradas a um custo honesto.

Em meio ao moto-contínuo do sistema de organização dos GPs mantido por Bernie Ecclestone, a conta acaba estourando no bolso dos fãs e, pior, do contribuinte de cada país, mesmo os que não dão a mínima para o automobilismo. O preço exorbitante cobrado pela FOM pelo direito de sediar um GP, aliado a juros anuais pornográficos, minou as chances de sobrevivência de muitas corridas tradicionais. Estados Unidos, Canadá e França foram os casos mais recentes. Hoje, foram os belgas de Spa-Francorchamps que anunciaram um prejuízo de € 4,7 milhões com a corrida do ano passado. Nesse ritmo, se estiverem no calendário no ano que vem será uma surpresa.

Apenas a FOTA teria os meios políticos para pressionar por uma mudança neste triste cenário. Quer tornar a Fórmula 1 um espetáculo mais próximo ao torcedor? Então garante que sejam realizadas corridas próximas onde os torcedores estão, com um custo realista ao organizador – sem que este, num ato quase de desespero, repasse parte do prejuízo nos preços dos ingressos.

Reitero: gostei muito do pacote proposto pela FOTA, acho que direciona a Fórmula 1 para um caminho bom em meio a tempos difíceis. Mas ignorar o preocupante cenário geopolítico da categoria foi um erro grande. As equipes pensaram tanto no próprio bolso na hora de economizar que esqueceram do bolso dos torcedores – e de como fãs bem-tratados e motivados se tornam a base de consumo dos produtos que elas próprias oferecem ou exibem nos seus carros.

8 comentários:

Anônimo disse...

Olha, francamente só acredito que a F1 tenha um futuro legal se Bernie e Max se retirarem da categoria. Com eles no comando, é só ladeira abaixo.

Speeder76 disse...

De facto, cada vez mais a formula 1 se afasta da Europa e dos Estados Unidos. Cada vez mais a fome de dinheiro que os Tios Bernie e Max têm faz afastar espectadores dos circuitos, e pessoas das televisões. Em certos países, como Portugal, para ver Formula 1, só em canal codificado, onde se paga mais um extra para ver. No dia em que iss acontecer em paises como Itália, França, Inglaterra ou Estados Unidos, pode-se dizer que já andam a matar a galinha dos ovos de ouro.


Dizem que as pessoas enchem os circuitos. É certo, mas no caso da Europa, muitas vezes, pagar um bilhete de fim de semana é meio mês de salário para muita gente... para além dos custos exorbitantes que o Bernie pede. Quem é que paga 25 milhões de euros por ano para ter a Formula 1? É por isso que França já disse que não, Alemanha e Belgica vão pelo mesmo caminho...

A essência dos adeptos e fãs está na Europa e nos Estados Unidos. É optimo as equipas terem concordado em cortar nas despesas. Vai ser engraçado saber as contas das organizações neste ano de crise. Não se admirem se todos, ou quase todos na Europa apresentarem contas no "vermelho"...

Filipe Furtado disse...

Eu acho que esta questão dos circuitos vai acabar sendo muito discutida ao longo do ano e o Bernie terá que fazer concessõs na marra. Se todo mundo que esta dizendo que esta ficando sem grana resolver pular fora, não vai ter campeonato por falta de pista (apesar das bravatas do Bernie a India é o unico pais destes que ele procurar cortejar quetem um projeto adiantado e ainda assim só para 2011). É bom destacar também que os primeiros contratos do tilkedromos estão para vencer e os governos que bancaram a farra já descobriram que a F1 não vale o custo/beneficio (tanto China quanto Turquia já fizeram barulho sobre os custos).

Mas acho que a questão mais seria a respeito dos circuitos é menos da falta da tradição, mas da similaridade entre eles. O Keith Collatine do F1 Fanatic fez mes passado um levantamento interessante sobre as caracteristicas dos circuitos atualmente no calendario. Basta ver os traçados para saber que o resultado final é que elas são muito parecidas, mas vendo analises de detalhes como tamanho dos setores continuos de alta mais longos ou porcentagem da pista em que o carro trabalha em alta realmente deixam isto muito claro. Adora-se fazer piada com automobilismo americano, mas existe quase tão pouca variação durante uma temporada F1 hoje do que numa de Nascar.

Anônimo disse...

Esses caras tem sêde de dinheiro; cada vez mais ganaciosos. Mudam as regras, contanto que não atinjam os bolsos deles. São insensíveis a qualquer crise mundial...os torcedores que se danem!

Tuta Santos disse...

Bela foto Ico

Anônimo disse...

Onde é que eu assino, Ico?!

Falou tudo.

Olharam tanto pro próprio bolso e esqueçeram que se o povo nao tem grana pra ver o espetáculo, de nada adianta as medidas tomadas para melhorá-lo.

Apesar de tudo, também gostei das medidas sugeridas...

Anônimo disse...

Só esqueceram da parte mais importante: sem palco não há espetáculo.

quando digo "palco" me refiro a spa, monza, montreal, suzuka... as tilkeanas não se enquadram nessa.

Pinky e Cérebro querem que todo mundo corte gastos, que tudo seja padronizado, que tudo custe menos para as equipes. Bonito isso.
Mas na hora de baixar o preço da cota de TV, no valor da superlicença, na taxa pro autódromo; aí como interfere diretamente no bolso DELES (não no das equipes) aí não pode mexer.
Porque cara-pálida?

Creco disse...

Ico,
Acho que neste quesito os pilotos, via GPDA, deveria ter uma participação maior. O primeiro GP do Brasil aconteceu por intermédio (ou por uma certa pressão) de Emerson Fittipaldi, não foi?
A associação dos pilotos deveria dar um jeito de bater o pé para, pelo menos, manter Spa, a melhor pista do mundo, no calendário.
E tenho dito.
Abraço do Cleber.