terça-feira, 22 de setembro de 2009

CRISE DE IDENTIDADE

É interessante as reações que este caso de Cingapura causou nas pessoas – no Brasil em especial, por envolver um piloto local e de sobrenome famoso. A minha opinião, vocês conhecem: acho a contravenção mais grave dentre as muitas que assolaram a Fórmula 1 nos últimos anos. Mas o importante agora é deixar opiniões pessoais de lado e constatar uma realidade: a categoria vive uma enorme crise de identidade.


este ano, foram quatro grandes polêmicas: difusores, a mentira de Hamilton, FIA versus FOTA e esta do acidente planejado. Casos que geraram uma série de manchetes negativas e que jogaram a credibilidade do esporte para baixo. Para o cidadão comum europeu (a base da categoria), a Fórmula 1 hoje atingiu o mesmo estágio de outro esporte popular no Velho Continente, o ciclismo. Depois de uma série de escândalos de doping, as pessoas viraram as costas para o esporte, os patrocinadores sumiram, equipes fecharam e o que se hoje é um arremedo de competição.


A impressão que dá é que a Fórmula 1 vai viver um inverno parecido, com muitos times vendo suas negociações falharem e tendo de repensar suas operações. E o que causa este cenário tão nebuloso de escândalos e incerteza, é a falta de consistência no comando do esporte, onde as decisões parecem motivadas exclusivamente por questões pessoais ou, às vezes, comerciais. Esportivas? Esquece.


No mês que vem a FIA vai eleger um novo presidente e resta uma ponta de esperança que uma gestão nova mude alguns mecanismos enferrujados da entidade. Ari Vatanen falou em criar uma comissão independente para julgar casos como os recentes, que o Conselho Mundial é composto por gente cheia de interesses na categoria – e que costumam seguir fielmente quem o preside. É uma idéia interessante. Mas Jean Todt é tido como o favorito na disputa pelo cargo. É um nome competente, mas cujo passado mostra que sua moral esportiva é controversa. E seu gabinete é quase o de Max Mosley escarrado.


Qualquer que seja o vencedor, é fundamental botar ordem na casa e colocar o esporte num patamar mais alto que ocupa momentaneamente nesta complexa forma de entretenimento e negócio que virou a Fórmula 1.

13 comentários:

Daniel Médici disse...

Em primeiro lugar, colocar uma foto do Batman às vésperas do GP noturno para tratar da crise de identidade é um achado. A F1 das luzes ou das trevas? Do dia ou da noite?

Tenho pensado bastante não só na Fórmula 1, mas no automobilismo em geral (com certeza, o esporte não será o mesmo sem a categoria). Não me parece que o público médio europeu esteja em sintonia com a F1. Ela promete a transgressão, o risco e a tragédia, ao mesmo tempo em que promete a segurança e o politicamente correto. O resultado é que não cumpre nem uma promessa nem outra.

E assim se desfaz - aos poucos, ou em pequenos saltos (como diria Flusser) -o pacto com o espectador.

A crise de identidade é um fato consumado. Só fico na dúvida se ela é um fato conjuntural, fruto dos desmandos da administração, ou se ela é estrutural: se em algum ponto as promessas do esporte e do capital se tornaram um caminho sem volta, distanciadas das demandas do grande público.

O mundo tem mudado muito e muito rapidamente nos últimos anos. Talvez eles tenham perdido o bonde da história. É o caso de nos perguntarmos se o julgamento da Renault é uma das causas ou um dos sintomas (voltando ao espelho da foto) desta assimetria.

Gabriel Souza disse...

É Ico, o Vatanen parece vir com idéias muito boas. Mas alguém duvida que Todt vai vencer?

E as coisas continuarão do jeito que estão... ou pior até, infelizmente. Pois, como você disse, a moral esportiva do francês não é das melhores.

Abraço!

LeandroSpectreman disse...

Se a gente for encarar o esporte com niilismo , fecha a tampa e da a descarga.

É verdade que TODA A INOCÊNCIA SERÁ CASTIGADA; mas não precisamos patrocinar a hipocrisia. A F1 tem que ser (ou voltar a ser, se já parece que não é mais) uma competição minimamente crível. Se não, fico aqui no meu simulador e não no 'dissimulador' dos outros!

Anônimo disse...

Boa Ico, do ciclismo posso falar um pouco, pois competi duante 15 anos nas estradas da vida, sendo 3 na Europa, no coração da modalidade, bem no olho do furacão, no eixo Espanha, França, Suíça, Alemanha e Bélgica e com algumas incursões na Holanda, Austria, Portugal e Inglaterra. Posso dizer o seguinte, estão colhendo o que plantaram e o que acontece hoje com o ciclismo ( Operación Puerto, escândalos de doping, manipulação de resultados, tráfico de drogas e infuência, briga pelo poder) também irá acontecer com a F-1. Hoje no ciclismo europeu, todo atleta é olhado com desconfiança, e toda equipe é considerada culpada por tudo, enquanto os dirigentes só se preocupam com as benesses do poder e os torcedores à espera de um novo escândalo.Não parece com a F-1??? Tanto, que até entendo muito bem o que aconteceu com Nelsinho Piquet ( não falo como torcedor ), sobre "ter aceitado" espatifar o carro contra o muro.

Jorge Roberto www.twitter.com/jorgekart59

Fernando Mayer disse...

Ico e amigos

É como dizem: se soubessemos como é feita a justiça, a política e a salsicha, ninguém iria querer nem chegar perto de nenhum deles. Espero que o Vartanen vença por se não poderemos incluir a Formula 1 nesta lista...

Abs

Caíque Pereira. disse...

As intenções do Vatanen são boas, mas acho que ele , se vencer, não concluirá o mandato

Anônimo disse...

Só tem mais uma coisa que não me passa pela garganta e que mostra que vença Todt ou Vatanen, nada irá mudar: Busquem na internet, reportagens sobre o Rally Paris-Dakar 88/Ari Vatanen/Jack Ickx/ Jean Todt/Peugeot.Resumindo, o resultado final da corrida foi decidido na moeda, na base do cara ou coroa, numa clara manipulação de resultado, porque a Peugeot e o diretor-esportivo Jean Todt achavam que os dois pilotos iriam se arrebentar durante as especiais e não iriam conseguir chegar ao final do Rally, dando a vitória de bandeja para os adversários. O que quero dizer com isso, é que acho engraçado o Sr Ari Vatanen criticar as atitudes da FIA, de Todt e do perdão ao Nelsinho, se o mesmo disse amém e muito obrigado quando foi feito algo para beneficiá-lo em uma competição.Ninguém é santo e por isso acho que a F-1 irá passar pelo mesmo pesadelo que passa o ciclismo europeu. Tomara que eu esteja errado...

Jorge Roberto
www.twitter.com/jorgekart59

Anônimo disse...

Sei lá, no caso nelsinho, o que me irritou foi o moralismo que saiu pipocando contra o piloto. Gente falando demais sem saber o que tinha acontecido, agredindo já o Piquet pai...Gente agredidno o Nelsinho em função do Piquet pai...E que incensa outros caras que ja´bateram de propósito,a 200km/h em outro piloto! Essa conversa que o que o Nelsinho fez foi a pior coisa da F-1 nos últimos anos...Roubar o projeto inteiro de um carro de outra equipe é o quê? Quem fez isso não alterou uma corrida, alterou um campeonato.

Quanto a Todt ou Vatanen...Estou com o Roberto. Mesma coisa. As plataformas de ambos não são ruins, geralmente nunca o são. mas, pra mim, Vatanen entrou apenas pra fazer número,isso ficou claro com as notícias sobre suas articulações. Um político tarimbado,duvido que ele achasse que só com o suposto apoio de algumas montadoras ele ia se eleger num pleito que participam clubes de automoveis do mundo inteiro.

Anônimo disse...

Para mim a f1 ñ é esporte, desde 2006, quando puniram o safado do alonso por estar a 300 metros do massa, no treino classificatório do gp da italia 2006.

Caíque Pereira. disse...

Automobilismo, Motociclismo, Motonáutica, Turfe e Hipismo nunca serão esportes, são competições, embora seja aconselhável que seus praticantes sejam atletas.

Anônimo disse...

Icô...
escarrado?
Seria cuspido e escarrado?
Cuja origem é a expressão latina
"Esculpido em carrara" para designar algo muito parecido?
Abs

Tuta

Anônimo disse...

Piquet e o circo

José Pedro Goulart
De Porto Alegre (RS)

Nas palavras de minha mãe, meu pai era um bon vivant. Demorei para entender o que isso queria dizer. Quando caiu a ficha já era tarde: nunca me vi com capacidade de aproveitar a vida do mesmo jeito que ele, um gozador. Aliás, defino meu pai e minha mãe da seguinte forma: ambos roncavam, mas só o meu pai não se importava com isso.

O bon vivant é carismático, simpático, tem sempre um monte de gente na volta . Outra característica de um bon vivant é pedir grana emprestada sem cerimônia; e freqüentemente esquecer o compromisso. Mesmo assim, sempre tem alguém disposto a lhe alcançar algum novamente.

Eu, que infelizmente faço parte do grupo que reclama de ronco, tenho a impressão que passei toda a vida emprestando dinheiro ao meu pai. De maneira que não foi surpresa o sonho que tive depois que ele morreu. Nesse sonho eu recebi uma ligação telefônica dele do "outro" lado. E a ligação - juro, não estou inventando - era à cobrar.

Tudo se resume a pais e filhos. Ou não? Agora mesmo o Nelson pai resolveu incendiar o circo da velocidade: pôs na roda a história de que o Nelson filho bateu de propósito com o propósito de ajudar o Alonso a ganhar. Trapaça planejada pelo capo dei capi, Briatore.

Há, além da enorme falcatrua, uma outra questão: o fracasso. Schumacher, Senna, Prost, jamais ganhariam atestado de nobreza, mas foram supercampeões. O gol de mão do Maradona foi legalizado pela história. E por quê? Porque ele fez um outro em que driblou o time inteiro da Inglaterra e ainda levantou a taça. O busílis é que o Nelsinho Piquet só perdeu na Fórmula 1, de modo que o fracasso o condena duplamente. Aos perdedores, as batatas.

Tudo isso foi demais para o Nelsão, o pai; um freqüentador de pódio, sujeito reconhecido pela audácia, nas pistas e na relação com os donos da bola. Não deu para engolir um Piquet perdedor e ainda escorraçado como um cachorro sarnento. A reação veio na forma de denúncia: o pai serviu o prato gelado da vingança, mesmo que sobre ele estivesse a cabeça do próprio filho.

A vida já é suficientemente difícil sem uma figura paterna que faça sombra . Ok que o Nelsinho tenha tido vantagens na carreira por conta do sobrenome, mas quanto da estapafúrdia decisão de bater no muro foi tomada no afã de conseguir algo que fizesse jus à expectativa do pai?

Muitos tem o Nelson Piquet nesse episódio como "o justo", o cara que com sua denúncia mandou o Briatore para o inferno. Mas para mim ele é um pai que, por vaidade, mostrou ao mundo o quanto o filho é bunda mole. Nem todos tem a sorte de ter um bon vivant na cabeceira da mesa.

cruz disse...

difícil ler maior bobagem (pra não dizer outra coisa) do que esse cidadão aqui, o José Pedro Goulart
De Porto Alegre (RS) escreveu. que gente louca! e ainda se acha escritor... o cara (e não está sozinho) precisa de um psicólogo mesmo.