segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A CASA DE SCHUMACHER

Se você quiser encontrar Michael Schumacher quando não estiverem acontecendo corridas, melhor procurar no endereço acima. O Reynard Park, sem número, fica ao norte da cidadezinha de Brackley. É uma fábrica de Fórmula 1 e já foi sede da BAR, depois da Honda, Brawn GP (no ano passado, quando eu tirei essa foto) e agora da equipe Mercedes.

Estive conversando com diversas pessoas da F-1 para fazer uma análise dos testes de pré-temporada até agora, um material que deve ir ao ar amanhã no Tazio. E os comentários sobre o comprometimento do alemão com o trabalho chamaram a atenção. Desde o início do ano, Schumacher tem comparecido à fábrica de Brackley duas vezes por semana. A rotina é basicamente a mesma: ele passa em todos os setores da fábrica e conversa com cada funcionário, buscando saber como anda a evolução do trabalho e discutindo idéias para melhorar a produtividade.

Com
isso, Schumacher mata vários coelhos numa cajadada . Esta é uma maneira dele conhecer todas as etapas na construção e do desenvolvimento do carro, podendo ainda ajudar um pouco com sua experiência; ele também motiva cada membro da equipe a dar o máximo de si, melhorando a qualidade do trabalho em geral; e ainda conquista para si a simpatia dos funcionários, ressaltando o senso do sucesso coletivo conquistado pelo esforço individual de cada um.

O
efeito disso é claro. A temporada nem começou, mas todo mundo em Brackley já se derrete por ele e não esconde a motivação em tentar repetir o sucesso do ano passado, desta vez com Michael Schumacher. Em menos de dois meses, o heptacampeão conquistou sua nova equipe como havia feito na Ferrari, quando chegou até a morar em Fiorano para testar o máximo possível durante a pré-temporada.

Tem
gente que acha irrelevante todo esse esforço de visitar a fábrica e manter um estreito contato com a equipe. Fernando Alonso, por exemplo, foi bicampeão do mundo mesmo sendo fechado até a almaaté mesmo nos “track walks” de quinta-feira, ele não costumava acompanhar seus engenheiros da Renault, preferindo andar pelo traçado ao lado apenas de seu fisioterapeuta.

Mas
acho que sete títulos mundiais mostram como esta maneira de trabalhar de Michael Schumacher funciona muito bem.

15 comentários:

Larissa Oliveira disse...

Isso é o que mais admiro nele, é o que me fez ser sua fã por tantos anos. Esse comprometimento. E não é algo forçado, eu vejo como algo que ele trouxe do seu passado de mecânico de karts. Ele entende como é importante valorizar cada membro da equipe.

Se Alonso tivesse a mesma visão, duvido que teria problemas na Mclaren, pois as picuinhas foram alimentadas pelo próprio espanhol.

Moacir Zandonai disse...

É, o cara é sem dúvida o melhor diretor de RH da F1 de todos os tempos - e ainda por cima pilota!

Ou alguém acha que "só" guiar como ele guia teria tirado a Ferrari do marasmo em que estava quando ele topou ir para a equipe?

Davis disse...

O grande desafio do Schumacher neste ano é alcançar sucesso não tendo a enorme facilidade que ele tinha na epoca da Ferrari que era testar quase infinitamente nas pistas particulares da equipe. Isso com certeza foi vital para a conquista de pelo menos 3 titulos. Agora é remediar tentando ao menos acompanhar e inventivar o trabalho de fábrica já que os testes são proibidos.

Aderson disse...

Alonso já aprendeu a lição e faz exatamente isso hoje em dia na Ferrari. Procura ser bem "gente boa", visitando a fabrica e falando com o pessoal de lá.

Coisa que o Kimi Raikkonen nunca fez na vida. Afinal, ele é o cara, né??

Lucas Carioli disse...

Ico, "Reynard Park" não seria uma remanescência da Reynard, fabricante de chassis que por algum tempo entrou em parceria com a BAR em 1999?

Eduardo Cruz disse...

O Button deu uma declaração dizendo que o Schumacher só foi campeão com carro bom. Será que os carros não eram bons por causa dessa quase obsessão do Schumacher em fazer a coisa funcionar, de acompanhar tudo de perto, de falar pessoalmente com o pessoal técnico e que nem vai às pistas, mas fica numa oficina construindo bielas, virabrequins, pistões, e outras peças que, à seu modo, são tão importantes pra equipe quanto ter um piloto de ponta. Afinal, não adianta ser o Schumacher se a cada corrida uma biela vai pro saco e ninguém encontra a solução do porque das quebras.
Quando ele veio pro Desafio das Estrelas, foi possível ver o Schumacher metendo a mão na graxa e ajudando na preparação do carro, conversando com o mecânico que havia sido sorteado pra trabalhar com ele, se envolvendo. Esse comprometimento, com certeza, é uma das chaves do sucesso do alemão.

Anônimo disse...

ah para cara .. raikkonen foi o piloto mais foda da historia da f1 .. nao fikava puxando o saco da equipe .. se ele apareceu 10 dias em maranello em 3 anos foi mto!

certo ele .. no fundo isso nao ganha nada alem da simpatia ..
na hora de pilotar o carro eh so o piloto que importa.

Felipe Maciel disse...

Até nisso o alemão não mudou nada...

Tá na cara que um sujeito que chega aos 7 títulos mundiais se apega a detalhes que outros campeões deixavam passar.

Reunir a equipe em volta dele não deixa de ser uma estratégia, mesmo que ele faço esse tipo de coisa de forma natural.

Vermeulen disse...

Schumacher demonstra que fará tudo que for possível para vencer. Rubens Barrichello deve ter aprendido com ele, pois está fazendo o mesmo na Williams e, pelos testes até agora, tem grandes chances de surpreender. Sobre Alonso, o que Ico escreveu é verdade, mas pouco tempo atrás, Luca di Montezemolo disse que o espanhol ligava todos os dias para a fábrica da equipe, procurando saber como estava o desenvolvimento do bólido. A experiência na Mclaren foi amarga para Alonso. Ele não terá um banana ao seu lado, como tinha na Renault. Sabe que para vencer, é preciso bem mais comprometimento.

José Inácio Pilar disse...

EXCELENTE!

Sua matéria no Tazio hoje está igualmente EXCELENTE!

És o maioral, seus artigos mostram que sabe realmente das coisas, é muito bem informado, técnico, profundo nas abordagens e sabe que fala para um público "iniciado", que não quer ficar na epiderme da coisa.

Abraços!

Peter Sellers do
http://joseinaciofalou.blogspot.com/

Ico (Luis Fernando Ramos) disse...

Lucas, justamente, o nome do lugar é uma homenagem à Reynard, que fez os chassis da BAR quando o time surgiu na F-1.

Abs!

Unknown disse...

Lembro de ter lido em algum lugar que a fabrica da BAR era onde funcionava a antiga fabrica da Reynard, acho que por isso o nome

Unknown disse...

Afinal, Adrian Reynard era sócio do Polock e do Villeneuve quando criaram a BAR.
Só que abacou falindo e ninguem mais falou nele.
Uma pena, pois os carros dele na Indy eram lindos.

Unknown disse...

Quando a Reynard faliu, os prédios foram adquiridos pela BAR que virou Honda, que virou Brawn, que virou Mercedes. Detalhe curioso é que a Reynard fabricou lá mesmo em Brackley componentes para a nave espacial da Virgin Atlantic, hoje dona da Manor, que virou Virgin...

Anselmo Coyote disse...

Esse é o alemão. Ninguém é grande por acaso. Ainda bem que ele tem essa natureza, porque se a pessoa não a tem, danou-se. Tentar ser o que não se é soa falso (é falso). Eu acho o Raikkonen o máximo, como piloto e como caráter, mas ele nunca fez isso nem vai fazer, pois não quer parecer falso. Grande caráter.
Sempre torci pelo Schumacher e pelo Raikkonen. O alemão vai ser campeão de novo se tiver um carro minimamente competitivo. E eu vou gostar demais.
Se o Kobayote fizer uns pontinhos tb vou gostar.

Abs.