Já faz tempo que o mundo da Fórmula 1 se acostumou com uma dose cavalar de “Alonsomania” durante o final de semana do Grande Prêmio da Espanha. As arquibancadas do circuito da Catalunya ficam completamente lotadas, superando os cem mil espectadores no dia da corrida. As entradas ficam entupidas e o acesso ao autódromo se transforma num pesadelo. Para fugir disso, essa é uma corrida em que eu realmente madrugo para ir à pista.
Mas é uma festa muito bonita, comparável apenas à feita pelos torcedores ingleses (em Silverstone), italianos (em Monza) e brasileiros (em Interlgos). E que deve ganhar proporções ainda maiores neste ano. Porque a paixão ilimitada dos espanhóis por Fernando Alonso ganha o apelo extra dele pilotar agora por uma equipe que também é sinônimo de torcida fervorosa. O vermelho da Ferrari deve se multiplicar nas inúmeras faixas espalhadas ao longo da pista, contrastando com o azul da bandeira das Astúrias, região onde nasceu o bicampeão mundial.
Alonso, que não se vê como uma lenda das pistas e costuma ser um tanto fechado quanto ao assédio à sua vida privada, se transforma na semana da corrida em Barcelona. No ano passado, durante uma sessão de autógrafos, um fotógrafo acabou atropelando uma criança em cadeira de rodas. Alonso saiu de lá fulo da vida e atacou duramente a imprensa local. Perdeu alguns pontos com ela, ganhou centenas de outros com os fãs.
Agora, até por conta da presença de um grande patrocinador espanhol da Ferrari, sua presença vestida em vermelho está espalhada por todos os cantos da cidade. Começando pelo aeroporto, quando aparece numa confraternização amistosa com Felipe Massa, um momento registrado depois da dobradinha no Bahrein. É uma cena de celebração que os torcedores torcem para que aconteça domingo. Se Alonso vencer, podemos apostar na turba invadindo a pista para comemorar em frente ao pódio. Barcelona vai virar Monza, definitivamente.
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A escolha do austríaco Christian Klien para andar nos treinos livres de sexta-feira com um dos carros da Hispânia certamente desagradou a dupla de pilotos titular. Mas pode ser um belo teste para Bruno Senna e Karun Chandhok. Além de um carro ruim, ganharam uma “sombra” que faz pressão. Quem superar tudo isso bem, merece ter um longo futuro na F-1.
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Os desafios de Lucas di Grassi na Virgin também não são pequenos. A equipe só conseguiu aprontar um chassi revisado para o GP da Espanha. Que, compreensivelmente, ficará à disposição de Timo Glock, um piloto com mais experiência na Fórmula 1. Contratempos que não tiram a tranqüilidade do brasileiro, nem o foco em prevalecer em breve nesse duelo interno do time.
(Coluna de hoje publicada no Lance! Foto: Luis Fernando Ramos)
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Um comentário:
Nunca esperei ver a Espanha rendida desta forma à F1.
Durante muito tempo a F1 passou-lhes ao lado, os GP Espanha eram sempre dos GPs com menos público (muito dele estrangeiro) e nem os pilotos espanhois, nem o facto de terem tido uma disputa pelo título no seu território (1997) fez chamar o povo para F1.
Em meados dos anos 90, os GPs nem sequer eram transmitidos em directo na TV (davam normalmente em diferido na madrugada seguinte).
Curioso como uma só pessoa (Fernando Alonso) virou tudo isto.
Actualmente em Espanha há muitos fãs do Alonso, mas infelizmente penso que ainda há poucos fãs de F1.
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