quinta-feira, 23 de setembro de 2010

SINAL DE ALERTA

Minha coluna de hoje no Lance! trata do preocupante fato que o Brasil parou de preparar pilotos para a Fórmula 1. Em cima disso, Bruno Senna e Lucas di Grassi falaram coisas interessantes aos jornalistas presentes em Cingapura sobre as dificuldades de conseguir patrocínio no país. Vale muito a pena ler, ouvir os dois (que falam sobre o assunto ao longo da entrevista) e refletir sobre possíveis soluções:

COLUNA
Acostumados a um grande número de vitórias e títulos em um curto período de tempo na época de Nelson Piquet e Ayrton Senna, o torcedor brasileiro teve de engolir uma seca de seis temporadas sem ver um piloto do país no alto do pódio. E, desde então, mostrou dificuldades em aceitar que o sucesso de Rubens Barrichello e Felipe Massa em um ambiente extremamente competitivo não tenha se traduzido em um título. Pior, se sentiu traído em ver os dois tendo de se dobrar à mentalidade corporativa da Ferrari.


Mas se olhássemos para o futuro, talvez fosse o caso de saborear mais estes triunfos pontuais. Porque há muitos indícios de que não teremos mais nenhum piloto em condições de lutar por vitórias quando o contrato de Felipe Massa com a Ferrari terminar. E as perspectivas atuais de surgir um outro nome para tomar a F-1 de assalto não são nada boas. Não vai tardar o dia em que contaremos para nossos netos que brasileiros eram campeões na categoria. E eles acharão tão exótico quanto imaginarmos uma seleção nacional ganhando o mundial de Curling.


A melhor tradução destes dias difíceis está nas categorias de base. Bruno Junqueira, que hoje corre na F-Truck, foi o último piloto do país a ser campeão no último degrau antes da Fórmula 1. Isso foi em 1999 e, sabemos todos, o mineiro jamais conseguiu dar o passo final e ascender para a categoria. Nelsinho Piquet, Lucas di Grassi e Bruno Senna até conseguiram boas campanhas na GP2, mas não o suficiente para lhes garantir uma condição ideal para estrear na categoria.


É claro que não é o caso de culpar os pilotos. O problema está na absoluta falta de um sistema que dê suporte a novos talentos. A base do monopostos no Brasil praticamente desapareceu, embora a criação da Fórmula Future, uma categoria pós-kart apoiada por Felipe Massa, seja um passo positivo para mudar isso. E a Stock Car, principal foco de atividade profissional de automobilismo no país, virou uma lamentável bagunça na qual os resultados, na maioria das vezes, são definidos no tapetão horas depois da bandeira quadriculada.


Já estamos no limite da hora dos dirigentes acordarem para a realidade que Piquet e Senna foram duas exceções à regra.


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O problema no Brasil se agrava porque o esporte entrou num círculo vicioso: os patrocinadores somem porque não há uma administração consistente e os dirigentes ficam de mãos atadas porque os recursos são raros e/ou mal empregados. É por isso que precisa haver um projeto bem pensado para mudar isso, feito por gente séria (fora com os oportunistas) e mesmo com um dos pilotos da F-1 atual como embaixador.


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Se a Alemanha terá seis pilotos disputando o GP de Cingapura, isso não se deve a nenhum “efeito Schumacher”, mas ao trabalho sério que é feito em todas as esferas no automobilismo por lá. Alô CBA, tem vôos diários ligando São Paulo a Frankfurt para ir aprender como se faz. Se precisar de um intérprete, é só me chamar que eu trabalho de graça. Também quero ajudar.

23 comentários:

Fernando C disse...

ICO

Eu entendo o seu empenho para auxilar a CBA. Mas acho que desse mato não sai nada!
Eu também não entendo, mas as pessoas querem ver outros Sennas e Piquets e não pilotos como o Massa e o Rubens que são bons mas ainda não foram campeões! O efeito Shummacher que vc citou diz tudo!
Abraços

Marcelo Urânia disse...

Ico, já perguntou pro Barrichello se pelo menos já passou pela cabeça dele presidir a CBA uma dia?

Acho q vale a questão, ein.

Abs

Tiago Rafael disse...

Ótimo post, Ico. O automobilismo nacional não é levado de forma profissional. E a culpa não é apenas dos dirigentes. Mas acredito que de toda a nação. Infelizmente, brasileiros não gostam de automobilismo (é claro que não são todos, mas a grande maioria). Brasileiros gostam de ver compatriotas ganhando em competições internacionais.
Se a F-Fture fosse promovida de forma isolada do evento Racing Festival, com bilheteria e tudo mais, qual seria a porcentagem de público pagante? Muito pouco, concorda? Então acho que a falta de profissionalismo com o automobilismo nacional deve-se também ao fato da própria população não prestigiar o que temos de bom. Não há incentivo. E dessa forma, a CBA sente-seno direito de empurra tudo com a barriga. Brasileiro glorifica o piloto/atleta quando ele está no ápice. E quando o mesmo entra em decadência, quem glorificou crucifica. E apaga todo o passado de alegrias que tal competidor proporcionou.

Fernando Kesnault disse...

O que é preciso em minha modesta opinião é resgatar o automobilismo nacional em primeiro lugar com praças de esportes decentes e em maior número (imagine Minas, tão grande e não ter um autodromo...e São Paulo, o estado mais rico do país só com interlagos desfigurado...).
_Criar categorias de monopostos que não são tão caras como a do Felipe Massa, pois daria o incremento de nascer novos fabricantes (de fundo de garagem mesmo) como tínhamos antes com a Polar, Heve, Manta, Avallone, etc.
_Criar categorias de turismo iguais aos carros de rua em vários níveis de competição para estimular o nascimento de bons pilotos e não só quem tem grana para "brincar";

E olha Ico, não precisa ir à Alemanha, basta visitar a Argentina que tem uma lei do tempo do Peron presidente (na 1ª vez) que concede uma porcentagem da receita da União ao automobilismo, 1 ou 2%, verei com mais detalhes para lhe explicitar. O automobilismo argentino apesar das amarguras do tempo vem sempre com o grid cheio, muito publico e várias categorias e é junto com o norte-americano e o autraliano, um automobilismo independente da necessidade de se ter que ir à f-1, os pilotos sobrevivem do que faz e isso que é legal.

TW disse...

Infelizmente, o automobilismo no Brasil está cada dia se afundando mais. Não há patrocínio, verba é restrita e isso só tende a piorar. Parece que a paixão do brasileiro, que ocorreu nos anos 80 e início dos anos 90, se esvaiu, em meio às coisas que aconteceram nos últimos anos e o choque da perda de Senna em 94.

Mas numa coisa discordo: acredito que quando Massa sair da Ferrari, realmente suas chances de título aumentam, caso vá para uma equipe de ponta.

Carol Lo Re disse...

Realmente muito pertinente sua materia e creio que deveriam chamar mais a atenção de todos para este grande fator.
Em poucos anos nao teremos mais pilotos na F1. O piloto Bruno Senna corre atras do seu e com grande dificuldade. Tem ainda que haver muito amor, persistencia, afinco, batalha, competencia, frieza, dedicaçao, senao...
O mundo da F1 tem muitos pormenores e MAIORES ehehehe dos quais só quem está dentro sabe, e permanece por amor ao que faz.
A barra é gigantesca e ainda correr atras de patrocinios? Falavam de escolas? O Brasil, governates, empresarios... precisam correr urgente e se dedicar mais, senao seremos engulidos e ficaremos na historia do automobilismo ate aqui. Que amor bandido é esse que temos pelo automobilismo e nada possuimos, nem incentivo em lei, nada? Brigamos sozinhos.
Valeu
Carol Lo Re
SP Brasil
Carol Lo Re

Fernando Mayer disse...

Ano passado quando o Rubens estava disputando o título eu comentei algo como "...tomara que ele vença agora, pois, não teremos mais muito o que comemorar depois disso..." ou algo assim (estou com preguiça de procurar..rs) e realmente não teremos mesmo.

Olha, eu detesto a Stock Car, mas infelizmente hoje não existe uma opção melhor pra correr no Brasil. O Piloto se mata de trabalhar no Kart pra ter uma chance de ir para uma categoria acima e de repente ele se vê obrigado a optar por Stock car Jr! É muito pouco pra quem quer chegar a F1.

Só mesmo tendo um Ron Dennis pra conseguirmos alguns Lewis Hamiltons!

Unknown disse...

Eu ja discordo do Fernando. Teria vergonha de correr em uma categoria zoneada de tudo como sempre foi a Stock. Sim, sempre foi, só que agora a globo parou de acobertar.

Verdade é que tanto o Ministério dos Esportes, quanto a CBA estão cagando pro automobilismo. Negócio é arrecadar com carteirinhas enquanto ainda existe automobilismo regional. Não me surpreende que ninguém mais queira investir no esporte. Investir para quê, se é só pra ir ver seu dinheiro ir pro ralo em sujeirada de dirigentes?
Sinceramente, enquanto o esporte brasileiro em geral for comandado por gente de mentalidade jurássica, e pior por políticos, esqueçam que alguma coisa mudará. Especialmente o automobilismo, que sempre foi taxado como "esporte de rico".

Só vejo perspectiva de mudança quando o esporte for comandado por ex-esportistas. Por gente que entende e não quer ganhar dinheiro fácil. (ou seja, esquece)

Anônimo disse...

Ico sabe uma coisa que nao entendo;
1 - por que a Argentina tem o autombilismo nacional tao mais desenvolvido que o nosso e mesmo sem pilotos de expressao internacionais tem realmente FANS de corrida, nao como aqui que vc precisa de um vencedor para fazer algo.
2 - Como as grandes empresas nacionais como Embraer, Petrobras nao investem em piltos ou como uma empresa como a MMX ou um banco Itau nao faz como a TELMEX e cria uma escuderia que represente o Brasil em varias categorias mundias.

enfim , este eh o pais que vivemos e que amamos com ou sem incetivos e autodromos decentes.

veja o que aconteceu com o tenis depois do GUGA e veja a zona que eh nosso futebol prepotente e sem resultados.

Um abraco,

Fernando

Fabio Henrique disse...

"Bruno Junqueira, que hoje corre na F-Truck, foi o último piloto do país a ser campeão no último degrau antes da Fórmula 1. Isso foi em 1999 e, sabemos todos, o mineiro jamais conseguiu dar o passo final e ascender para a categoria".

Bruno Junqueira foi campeão da F3000 em 2000 e não em 1999.

Em 2001 foi contratado pela Chip Ganassi na época em que a equipe melhor pagava aos seus pilotos (em 2002 Kenny Brack ganhava 6 milhões por ano, muito mais do que vários pilotos da F1 na época). Bruno conquistou 3 vitórias, vários pódios e um vice-campeonato pela Chip Ganassi. Foi o primeiro piloto a ser contratado pela equipe quando ela já podia ser considerada de ponta.

Em 2003 foi contratado pela Newman Haas, a mesma equipe onde ninguém menos do que Nigel Mansell foi campeão em 1993. Junqueira conquistou dois vices campeonatos e cinco vitórias na Newman Haas.

Junqueira foi o único brasileiro a correr em duas equipes incontestavelmente de ponta na Indy, das melhores equipes dos EUA ele só não correu na Penske.

Não sei se dá pra considerar ele como "um talento desperdiçado" só porque ele não chegou à Fórmula 1. Na F3000 ele derrotou Alonso e Webber, dois dos principais pilotos da F1 hoje em dia..

Acho que é algo bem mais grandioso ter uma carreira como a do Junqueira, sem nunca ter corrida na F1, do que ir para a F1 apenas para fazer número, video Burti, Diniz e etc.

Aliás, acho que esse é um dos grandes problemas da mentalidade automobilística no Brasil: Apenas a F1 é automobilismo, o resto "não vale nada, é categoria de frustrado e etc".

Digo mais: Na minha opinião, é melhor ter uma carreira vitoriosa em boas equipes na Indy por exemplo, do que correr pela Ferrari e ter que sevir de capacho para espanhol..

Infelizmente a F1 de antes não vai voltar, não é questão de ser nostálgico ou não, a questão é que a mentalidade da categoria hoje é outra, o corporativismo e a mentalidade empresarial estão em alta nas equipes. A molecada já aprende a ter essa mentalidade desde o kart, então infelizmente o problema não é só nos custos do esporte, mas também uma questão da mentalidade desses entediantes tempos modernos..

Bom é isso, ai, obrigado pelo espaço e parabéns pelo blog Ico.

Fabio Henrique

Fabio Henrique disse...

*corrigindo, quis dizer o primeiro piloto BRASILEIRO a ser contratado pela Ganassi quando ela já era uma potência

Ituano Voador disse...

Ico, acho que, além das questões específicas que envolveram o Rubinho e o Massa na Ferrari, tivemos toda uma geração pós-Senna que não vingou, e isso também gerou reflexos negativos no automobilismo brasileiro: tivemos, entre 95 e 2002, Pedro Diniz, Ricardo Rosset, Ricardo Zonta, Luciano Burti, Enrique Bernoldi, Tarso Marques, Antonio Pizzonia e Cristiano Da Matta, e nenhum deles conseguiu se sobressair. Sem contar que outros 3 muito promissores acabaram indo para os EUA (De Ferran, Helinho e Kanaan). Essa geração acabou quebrando o ciclo de renovação específico para a F1.

Dennis disse...

Caro Ico, acredito que Senna , Piquet e Fittipaldi nunca tiveram apoio da CBA quando foram para a Inglaterra tentar a sorte no automobilismo. Eles tinham muita vontade, não tinham outra opção: ou era vencer ou voltar para casa. Nisso acho que nossos pilotos atuais que tentam a vida na Europa já ficam contentes por estarem competindo e vivendo de patrocinios. Eles ficam felizes se chegam em 5° numa corrida da GP2 ou F3, ou seja , ser piloto passa a ser só uma profissão e não uma forma de um dia ser o melhor na F1.

Anônimo disse...

Oi Luis "quase parente" Ramos, que maravilhoso artigo, sera que o nosso presidente da CBA já leu? alguem tem que mandar para ele então.
O Kart nossa 1º categoria de base, me disse que o custo é muito caro por corrida por conta da total desorganização das autoridades da CBA. Pra começar porque um monte de ferro retorcido (Chaci do Kart) pode custar tanto, hoje eu sei porque precisa da homologação da CBA e custa no mínimo 100.000, e ai vai...Pneu, e demais apetrechos do esporte...Não da para formar campeões com esses custos.
Sobre os pilotos, eu ainda boto fé que o Nelsinho Piquet volte para a F1, e mude o final de sua historia na categoria e honre com dignidade e talento a herança do Tri-campeão da F1 Nelson Piquet.
Do Bruno Senna, ele leva a torcida do MUNDO, para que consiga um bom carro para 2011, talento mostrou que tem faltou somente um título, e pensar que ele poderia ter estreado na F1 com o foguete da Brawn em 2009, se não fosse o Rubinho atrapalhar.
Lucas di Grassi, bom esse deve ter algum talento mais ainda não mostrou, não tem nenhum grande titilo de expressão, a não ser a corrida que ele venceu da F3 em Macau, não acredito muito na sua permanecia na categoria, este fim de semana já começa dividir o carro com outro piloto com muito dinheiro.
Agora do Rubinho Barrichello eu sempre apostei nele, teve grandes resultados nas categorias de base, chegou na F1 em 1994, hoje é lembrado por ser o mais velho no GRID e ter mais de 300 GPs com 11 vitórias...e Claro depois do GP da Áustria nunca mais teve respeito dos torcedores.
E por fim, Felipe Massa, que me fez torcer muito, muito mesmo em 2008, não deu mais achava que daria...até aparecer um Alonso em sua vida... O que ele fez no GP da Alemanha já apagou toda sua historia de conquistas na categoria, será outro Barrichello na F1, com menos tempo da categoria...e só.
Vamos torcer muito para aparecer alguém que não esperamos e honre nossa tradição nas pistas.

Parabéns pelo seu trabalho Luis, sucesso e boa cobertura no GP de Singapura.

Anderson Ramos - Campo Grande - MS Brasil

José Maria disse...

Fabio Henrique, apesar de respeitar seu ponto de vista, permita-me discordar no que segue:

O Bruno não foi isso tudo não, o francesinho Bourdais enfileirou titulos na Indy, correndo na mesma equipe do Bruno, a Newman-Hass, pro brazuca só restaram as sobras, ele NUNCA foi capar de oferecer resistencia!
O da Matta foi muito melhor que ele, sendo campeão inclusive, chegou na F1 e conseguiu mostrar serviço por varias vezes, acabando por ser sacado por não aceitar o modus operandi da categoria e ter botado a boca no trombone!

ba disse...

Ico, o vice-presidente da CBA foi preso este mês por cometer fraude e formação de quadrilha. Ou seja, escrever ideias ótimas como a sua é dar murro em ponta de faca... precisava fazer uma limpa, só não sei como. Quer dizer, até sei, mas não é um método nada convencional.
Abraço e boa... chuva! hahaha

Dé disse...

Ico, sinal de alerta não, com certeza já passou o tempo pro automobilismo brasileiro.
É quase impossível que tenhamos outro piloto de ponta na categoria.
Não estou falando nem de um campeão mas de um piloto apto a vencer provas.
O panorama é dos mais áridos e é improvável que algo mude esse cenário a curto ou médio prazo.
Assim como no tênis, o esporte a motor está com os dias contados.

Anônimo disse...

Ico, não faça isso, não trabalhe de graça para ninguém, principalmente para a CBA, onde sim, ali é que as pessoas deveriam trabalhar de graça, mas não o fazem. Você aborda um tema recorrente, a falta de categorias de base, mas discordo com você que a Future esteja preenchendo parte desta lacuna. Não está, independente da boa vontade dos Massa, a categoria não é escola, pois não ensina nada, o piloto não pode mexer no carro, não tem como experimentar, acertar, errar, montar, soldar, desmontar, inventar, nada disso, que na verdade é o grande aprendizado. Pergunte ao Piquet. A Future é mais um evento pasteurizado, feito para faturar na venda de peças e aluguel de motores. O resultado prático fala por si só, nem os pais apaixonados de pilotos se interessaram e os grids estão à míngua.
Algo como a antiga Fórmula Ford dos anos 80 - não dos 90 - resolveria, com liberdade de chassis e possibilidade de se inventar um carro e colocá-lo na pista. Aí sim o piloto aprenderia alguma coisa. Esqueçam a formação de pilotos no Brasil e você está certo, no futuro a F1 virará uma fábula por aqui, uma pena.
Não vejo nada acontecendo, nenhum projeto, planejamento, nada, só rancor, revanchismo. O kart está abandonado e - de novo - não há categorias de monopostos.
Querem uma ideia? Todos os regionais com os mesmos regulamentos, no kart, monoposto básico e outra, também de monopostos um pouco mais rápidos. No final do ano, todo mundo reunido num festival. Apenas uma viagem longa no ano, custo baixo e competição de verdade, com fabricantes e preparadores trabalhando, sem monopólio de peças. Desse caldo sairiam muitos pilotos com futuro. Mas o que se faz é o contrário, cada regional tem suas características e regulamentos próprios, uma torre de Babel que resulta nisso aí, Stock e Truck apenas, e nada de renovação.

Mario Bauer disse...

Nao quero discordar de voce completamente, Ico. afinal faz MUITO tempo que a F3 inglesa, ainda de altíssimo padrao no automobilismo europeu, teve tanta participacao de talentos brasileiros. Adriano Buzaid, Gabriel Dias, Felipe Nasr, Lucas Foresti e Yann Cunha se apresentaram por lá com bom desempenho. Só tem pra piloto "endinheirado"? Isso sim é o resultado da osciosidade da CBA, promovendo assim sucessores do Diniz, nao do Piquet e do Senna! Enfim, estou aqui, na Alemanha, esperando a CBA me contatar para receber um acompanhamento de como as coisas sao feitas em país de primeiro mundo...

João Pedro Quesado disse...

Isso está a acontecer aí no Brasil e aqui em Portugal. De jovens esperanças já só temos António Félix da Costa (F3 Euroseries e participações ocasionais na GP3) e Álvaro Parente (aquele piloto de testes que foi despedido da Virgin depois de uma instituição de turismo portuguesa estadual fazer uma brincadeirazinha dizendo que sim a um patrocínio de 3 milhões de euros e um dia depois da apresentação da equipa já não atende o telefone. De lembrar que o orçamento dessa instituição este ano é de 900 milhões de euros!). Isto já para não falar da decadência das categorias de velocidade onde depois do karting, há apenas um abismo que vai dar a Espanha. O ano passado nem sequer houve campeonato de karting cá em Portugal só porque a maioria das equipas não tinha patrocínios suficientes para fazer sequer 1 corrida!

Mário Salustiano disse...

quem derá que o problema se resolvesse com ajuda de quem fala alemão e uma viagem...uma pena, nem tive animo para escrever um pouco mais pois acho que esse assunto é tratado sem a devida importância, inclusive pelos jornalistas brasileiros, deixo só uma pergunta: onde voces estavam quando Nelson Piquet quis peitar a CBA e dar um basta nisso??? pois é a falta de pilotos no futuro vai ter na omissão dos jornalistas e torcedores sua parcela de contribuição

Anônimo disse...

- após conquistar o título na F3000 Bruno Junqueira teve que encarar uma disputa em testes, "mano a mano", com um único outro piloto, por um cockpit da Williams; o outro piloto era Jenson Button, que impressionou ainda mais que Junqueira no modo de pilotar, sendo que o brasileiro era reconhecido como possuidor de muito alto nível técnico, acima da média dos 'novatos' da elite automobilística.

- Da Matta já chegou à F1 contestando a importância da categoria, o que, na minha opinião, ajudou a determinar a futura curta duração de sua carreira lá.

- A Argentina não tem um piloto de ponta na F1 já há quase 30 anos. Que tal?

- concordo com a opinião geral que a tendência de desaparecerem pilotos brasileiros 'vencedores' na F1 por conta da atual ruína do esporte a motor nacional, mas os brazucas disputando F3 na Europa ano passado e neste ano têm realizado grandes performances, e, embora ainda sem títulos, poderão se sobressair no futuro próximo.
E, não tenho certeza, mas acho que todos eles (os citados pelo Mario Bauer p.ex.) não tiveram uma categoria de monopostos para ir correr após o kart, no Brasil, a não ser a própria F3 (sulamericana, no caso).
Mas penso que se ocorrer(uma carreira vitoriosa na F1) dentre esses pilotos, será uma exceção ao que se tornou regra, a decadência geral e no aprendizado do ofício em particular - já li mais de uma vez, como afirmado acima, a fórmula fiat future induz quase nada ao piloto obter domínio sobre o acerto dos carros, por exemplo.

fernando amaral

speed.king.thrasher disse...

Grande texto... foi curto, grosso e incisivo.