quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

POR AMOR OU POR DINHEIRO?

A confirmação de Pastor Maldonado na Williams poderia ser perfeitamente justificada pelo fato da equipe ter escolhido o campeão da GP2. Mas ela já havia feito isso no ano passado com Nico Hülkenberg, justamente o piloto que está dando lugar para a entrada do venezuelano. E isso depois de conseguir a primeira pole-position da equipe em cinco temporadas!

Fica claro que o vasto argumento financeiro da petrolífera PVDSA, uma estatal do governo de Hugo Chávez, foi decisivo para a equipe optar pela mudança. A Williams vai perder três patrocinadores no final do ano com o fim de seus respectivos contratos. E, nos dias atuais, não é nada fácil para os times da Fórmula 1 conseguir novos parceiros.

Com esse quadro, a equipe não pode abrir mão do montante estimado em 15 milhões de euros (cerca de R$ 33 milhões) que Maldonado traz consigo. Será um dinheiro fundamental para investir no desenvolvimento do carro. Com Rubens Barrichello do outro lado da garagem, a equipe sabe: terá a melhor base possível para esse trabalho, além de um piloto que alia velocidade e experiência para marcar o maior número possível de pontos que o equipamento permitir.

Já o desempenho de Maldonado é uma incógnita. No papel, o risco que a Williams corre é pequeno. Na GP2, o venezuelano sempre mostrou ser um piloto veloz, mas um pouco afobado. Na F-1, todos sabem que você pode ensinar consistência a um piloto rápido, mas não velocidade a um apenas consistente.

Por outro lado, o desempenho dele nos testes de Abu Dhabi foi decepcionante. No dia em que andou com o carro da Williams, ficou a 1s8 do tempo do inglês Sam Bird, que testou com a Mercedes, de desempenho parecido. Mesmo o mexicano Sergio Perez, que andou pela Sauber, foi um segundo mais veloz. Não se sabe a programação de cada time, mas os indícios são que os três andaram em condições parecidas.

Só poderemos medir com clareza o resultado dessa escolha no ano que vem. Até lá, é lamentar a situação de Nico Hülkenberg. O alemão aposta em seu talento para cavar uma vaga na Force Índia. Se não funcionou na Williams, difícil imaginar que dará certo ali.

Barrichello poderia ficar feliz com a chegada de um companheiro sem experiência, mas seu perfil não é esse. Pelo contrário, o brasileiro fez o possível para a Williams manter Hülkenberg por admirar o trabalho deste e achar que seria o melhor para a equipe. Chegou a falar para Frank Williams que Nico era um futuro campeão mundial. Não adiantou.

Com Barrichello e Maldonado, a Fórmula 1 volta a ter uma dupla formada por pilotos sul-americanos, algo que não acontecia desde o Grande Prêmio da Itália de 2004. Na ocasião, Antonio Pizzonia fazia sua última prova substituindo o convalescente Ralf Schumacher na mesma Williams, correndo ao lado do colombiano Juan Pablo Montoya.

8 comentários:

Gustavo Bittencourt disse...

Concordo com você em gênero, número e grau e ainda digo mais, acho que será um passo em falso da Williams a contratação do Maldonado, menos, é claro, pelo dinheiro!
O Maldonado levou 4 anos para conquistar o título da GP2, enquanto que Hamilton, Vettel, Hülkenberg, entre outros ganharam o título em seu primeiro ano.
Achei os testes dele muito a quem de outros pilotos de mesmo nível e experiência.
Espero que dê certo, pelo menos para William e para o Barrichello!!!

Lucas Fawkes disse...

Grande análise. Era de se esperar, vai lá. Não é algo no total ruim, pois é mais dinheiro para a Williams.

O chato é perder talentos e personalidades natas, como Hulk..

Reflexo de nosso mundinho capitalista.

topspeedf1.blogspot.com

Marcos Antonio disse...

oruim é isso, a F1 agora entra quem tem dinheiro, não quem tem talento. um cara como o Hulk fica a pé e outroocmo Maldonado...Enfim, espero que a necessidade do dinheiro traga bons frutos a Williams.

OBS: E a política de baixar os custos? ninguém fala mais disso não? Ou só vão fala rquanto tive rmais braços duros do que bons pilotos na F1?

José A. Matelli disse...

A PDVSA sempre foi uma estatal, como o próprio nome indica, do Estado venezuelano, não do governo de A ou B.

Edmilson Madureira Segundo disse...

Aparentemente (muito provavelmente) foi um passo para trás da WilliamsF1 Team, mas acredito mais em Maldonado do que em um Nakajima, um Yamamoto e um Sergio Perez (que, praticamente, está tirando a vaga de Heidfeld). Uma pena para o incrível Hulk (melhor do que esses), mas ele, também, além do episódio no GP Brasil, não nos encheu tanto os olhos assim. Rubinho o dominou mais facilmente do que pensávamos.

Mas esperemos.

De qualquer forma, gostarei de ver uma dupla latino-americana na categoria máxima.

Edmilson Madureira Segundo disse...

Ah... E muito legal o que Rubinho fez por Hulkenberg. Eu o ouvi (e li) defendendo o jovem alemão em várias entrevistas. Por essas e outras que admiro mais e mais o Rubinho.

Fernando Mayer disse...

Se é dinheiro o que a Williams quer então fez a escolha certa. É triste ver um piloto como o Hulkenberg ir parar na Force India que é uma equipe em plena queda...melhor do que ir pra Hispania. Mas com relação a Williams eu prefiro esperar para ver como vai se sair e dentro deste contexto são muitas as variáveis: como vai ser o carro, como vai ser o comportamento do Maldonado guiando o carro, enfim já vimos casos em que furtunas foram dizimadas e o carro era uma porcaria (um abraço pro pessoal da Toyota). Então, mais do que dinheiro, é preciso sabedoria para investí-lo. Vamos aguardar.

Abs

Ron Groo disse...

Eu sinceramente não queria que mudassem os pilotos da Williams.
Por mais que eu não curta o Barrichello, reconheço que o trabalho dele este ano foi dos melhores. E Hulke, bem a pole fala por si.

Mas como a equipe precisava da grana, que venha Pastor, que diferentemente dos pares que habitam canais pela madrugada afora vai trazer dinheiro e não pedir...

Go Williams, Go and haleluiah!