Com os habituais discursos cheios de pompa a Ferrari lançou nesta manhã em Maranello o F150. Foi o mesmo filme visto no ano passado: Luca di Montezemolo exigiu o título, Stefano Domenicali destacou que o principal foco no início de trabalho foi a confiabilidade e a dupla de pilotos caprichou em encaixar a palavra “motivado” em trechos importantes de suas falas.
O problema é que a coisa foi tão igual que até o que interessa, o carro, parece o mesmo do ano passado. Mais uma vez, a equipe de projetistas da Ferrari parece ter tomado um caminho conservador na concepção do carro do time. Nenhuma mudança radical em relação ao F10, vimos mais a manutenção do conceito daquele carro, como a suspensão traseira no tradicional esquema “push-rod” e uma configuração aerodinâmica na lateral do carro sem nenhuma grande distinção.
As poucas novidades, aparentes ou não, estão na asa traseira, com um curioso corte triangular na área central da lâmina superior; no difusor simples e de acordo com o novo regulamento; e no KERS, cujas baterias foram colocadas na região do tanque de combustível. A asa dianteira do modelo apresentado, Nikolas Tombazi explicou, é a mesma do ano passado e o time deve vir com uma diferente para o teste em Valência. Claro que se trata de uma peça fundamental para o comportamento aerodinâmico do carro e quem sabe aí resida algum segredo do grupo comandado pelo diretor-técnico Aldo Costa. A resposta, na semana que vem.
No mais, é de se lamentar o uso da Ferrari como instrumento político de Luca di Montezemolo na denominação e na colocação de bandeiras da Itália nos apêndices aerodinâmicos laterais e na asa traseira. Enzo Ferrari podia adorar fazer política dentro da empresa e ser sempre próximo de gente importante do governo, mas nunca demonstrou ambição em assumir um cargo no cenário nacional. Imagino que ele estaria desgostoso com a ideia.
Compare abaixo os dois últimos modelos da Ferrari (clique na imagem para ampliar):
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14 comentários:
Concordo contigo, Ico, está bem conservador mesmo o carro. O corpo parece o do F60, talvez não tenham encontrado outra maneira de encaixar bem o KERS. A não ser que tenham mexido na distribuição de peso.
O bico que está bem mais alto que o do ano passado, inclusive fiz uma comparação em meu blog, está aqui: http://wp.me/p10RwO-xV
Semana que vem teremos um aperitivo. Estou mesmo curioso para ver os carros de McLaren e Red Bull. Newey sempre inova, e quem viu o novo carro de Woking diz que é bem diferente do antecessor.
Não lembro a Ferrari lançando carros revolucionários. Ela certamente não fez isso quando enfileirou títulos com o Schumacher.
Ico, pode acreditar, mecânicamente o F150 é muito diferente do F10 e do F60.
A começar pela suspensão diateira conectada a traseira.
Nikolas Tombazis já mencionou que novidades ainda não presentes no carro acrescentadas para a primeira corrida, e que seria algo relacionado à asa traseira e o escapamento.
Em geral nessas primeiras apresentações os "segredos" não são revelados.
Temo que esperar mais algumas semanas pra ver o carro de verdade.
Montezemolo é político por natureza, não se pode esperar nada diferente dele.
Horrível, medonho, lamentável... A Ferrari faz o mesmo carro desde 1901...
E quanto ao cidadão que comanda a máfia rossa... Berlusconi 2, a missão.
A Ferrari não é muito chegada em coisas revolucionárias nas últimas décadas. Quando arriscou demais se ferrou, caso da Ferraris de 92 - a pior porcaria que conseguiram fazer -, 94 e 96.
Meu palpite é que a cobertura de motor de bigorna vai voltar no carro "pra valer".
Estou tão desanimado com a Ferrari... Além do mais, historicamente o sucesso de Adrian Newey costuma ser duradouro, acredito que a RedBull vai sobrar novamente.
Esse blá,blá,blá da Ferrari já encheu.
ICO,
A Red Bull pode (e pretende) correr a temporada sem KERS?
O Rubinho disse outro dia que, se possivel, a Williams já começa a temporada com o KERS. McLaren?
Parenteses (+1 momento esquisito: o dono do Santander de paletó vermelho, eita)
Abraço
Os carros hoje são tão parecidos uns com os outros e tão semelhantes aos modelos anteriores que esses lançamentos já perderam a graça faz tempo. O que sobra em tecnologia na Fórmula 1 hoje em dia falta em criatividade e inovação.
Na verdade, quem dita as regras é a aerodinâmica e fica meio difícil fugir de certos conceitos.
Depois, sem poder fazer testes, a solução é pegar um projeto que seja comprovadamente eficaz e desenvolver a partir daí.
Feio. Aliás acho todos os carros da F1 feios hoje em dia. Ainda bem que não é desfile de moda, então o importante é saber se o carro vai ou não render. Ah, ainda na parte estética, eu gostava mais quando a Ferrari fazia as asas em preto, não em branco como agora.
Sobre a entrevista com o Niki Lauda que eu comentei, ela foi feita por Herbert Völker, que era chefe da redação da revista austríaca Auto Revue. Aproveitei para reler a matéria e é muito boa. Uma pena eu não ter um scanner por porte para compartilhar. A entrevista foi impressa na revista Placar nº 750, edição de 05/10/1984. Um pouco antes de eu nascer, hehe.
Kico, todas as equipes de ponta vão usar o KERS. Na verdade, talvez apenas as "novatas" HRT, Lotus e Virgin não utilizarão o dispositivo. O resto eu me surpreenderia se não usassem.
Legal Onyas! Já li por aqui várias coisas legais do Herbert Völker sobre o Lauda. Tem num livro sobre o piloto uma entrevista com ele, em 1975, que é muito boa!
Abs!
O carro parece mais limpo, com linhas menos musculosas e menos penduricalhos. Estamos voltando no tempo, como deseja a FIA.
O carro é bonito, nem podemos negar, mas quero ver andando / correndo, ai fica melhor.
O feio ficou por conta do Pirelli escrito reto nos pneus, tem que acompanhar a curva, senão...
Ico, este novo carro não apresenta a bigorna na tampa do motor. Foi proibido ou a Ferrari, como no ano passado apresenta o carro sem para depois adotar ( comentário: o carro é bem mais bonito sem) ?
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