segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

O EXEMPLO DA RED BULL

No último sábado aconteceu a corrida de downhill em Kitzbuhel, um evento que em muito lembra o GP de Mônaco de F-1 por reunir o jetset europeu e servir como palco para encontros de poderosos onde muitos negócios lucrativos são fechados. Por outro lado, os desafios impostos pela pista lembram os de Nordschleife - é o traçado mais radical que existe, levando os esquiadores ao limite (inclusive tudo deu errado nos treinos para um esquiador austríaco, que está no hospital em observação depois de uma queda muito feia).

O “title sponsor” do evento é a Red Bull, colocando publicidade estática ao longo do traçado ao mesmo tempo em que “vestia” os atletas nos coletes com os números. Uma maneira perfeita de reforçar a imagem de “radical” da marca para uma audiência gigantesca em todo o planeta.

O sucesso da Red Bull já foi exaustivamente discutido, mas vale apontar que os passos iniciais da marca foram feitos na Fórmula 1. Foi a partir dessa plataforma que uma marca desconhecida de uma bebida de gosto discutível (eu, pessoalmente, não gosto) começou a ganhar espaço. Na semana passada, a empresa anunciou um aumento no volume de vendas em 2010 na marca de 15,8%, chegando à incrível marca de 3,785 bilhões de Euros. Fiel à filosofia de Dietrich Mateschitz, a maior parte desse valor será investida em ações de marketing. Depois de conquistar a Turquia (aumento de 86% nas vendas) e o Japão (80%), a firma mira agora os mercados gigantescos de Índia, Estados Unidos, Brasil e China. Ah sim, a Fórmula 1 corre ou vai correr em todos eles.

A história das latinhas prateadas e azuis mostra o quanto a categoria é eficiente como plataforma de marketing. A F-1 é cara e, para o negócio valer a pena, é preciso haver um investimento feito acima de tudo de forma consequente. Apesar da crise que assola a categoria assombrar muitas equipes, a história de dois dos “pilotos pagantes” da temporada mostra que tem gente que está fazendo a aposta certa.

Pastor Maldonado vai mostrar ao mundo a força econômica dos poços de petróleos venezuelanos e Sergio Perez o poder da empresa de telecomunicações Telmex usando o logotipo da operadora de celulares Claro. Para chegar a este ponto, as duas empresas montaram um programa de apoio a estes e outros pilotos da mesma nacionalidade que já consumiu um bom volume de dinheiro. A partir de agora, o investimento vai começar a ser pago.

Seria muito bom se empresas brasileiras (ou com interesse no mercado brasileiro) pensassem em algo parecido para reverter as dificuldades que os pilotos do país estão tendo - e isso desde o kart. Os exemplos de que a coisa dá certo estão aí.

10 comentários:

Anônimo disse...

Realmente, Ico, seria muito bom se os brasileiros investissem, mas acho difícil viu. São poucas as empresas que investem, e não investem muito.

Dennis disse...

Não comentando o post, gostaria de saber se algo aconteceu: sempre acesso seu blog via o site Tazio e simplesmente o link não existe mais nem nada te citando. Simples falha ou algo aconteceu ? Espero que não seja a segunda opção... Abs

Juliano disse...

Na prática a única empresa que investe de verdade no automobilismo brasileiro é a cervejaria Petrópolis, com as marcas Itaipava e TNT... Aliás, fica a dica para eles patrocinarem a Williams do Barrichello

Barata disse...

Quem quiser conferir um pouco mais da filosofia de negócios da Red Bull, saiu uma boa matéria sobre a empresa na Isto É Dinheiro do mês passado.
E com a reflexão: quanto a marca Red Bull perderia se não deixasse seus dois pilotos brigarem pelo título até o fim da temporada passada? Com certeza perder o título seria um prejuízo muito menor para a empresa do que ter sua imagem manchada por interferir na competição esportiva.

Alan Ferrazza -Diretor de Arte disse...

Bom, tenho minhas dúvidas. A RB sempre foi muito forte e influente no Xtreme Sports. Mesmo antes da F1 ja havia ganho muito espaço entre o publico jovem. Estou enganado?

Unknown disse...

Juliano, o Hell estampado nos capacetes da williams em 2010 já é uma marca de energéticos. Acho que rolaria um conflito de interesses.

Putos mesmo devem estar os caras do marketing da Globo. A Tim paga todo ano aquela cotassa pra emissora. Aí começa a corrida e aparece o logo da Claro nos carros. Essa quero ver. hehehe.

Rodrigo Neto disse...

Bem , eu sou suspeito. me interessei em tomar RedBull após a F1 e seus investimentos de marketing no Cinema com tirinhas bobas "RedBull te da asas"...
E adoro a bebida. Se meu estoque fica abaixo de 8 latinhas , vou na mesma hora comprar no supermercado. Comemorei o Titulo da RedBull indo na mesma semana no supermercado e comprando umas 20 latinhas (sem exagero)...
Atualmente é minha equipe preferida...

Daniel disse...

Seria excelente se a Petrobras voltasse com os investimentos em automobilismo.

Lembro que no final dos anos 90 eles tinham bastante participação internacional, inclusive como title-sponsor de equipe de F3000. Acho que isso foi naquela época que corriam Bruno Junqueira e Max Wilson, se não me engano.

Ico (Luis Fernando Ramos) disse...

Alan, eu realmente não me lembro da presença da Red Bull em outro espaço antes dela entrar na Sauber em 95, mas me corrija se eu estiver errado. :-)

Dennis, eu saí do Tazio e estou negociando um espaço para colocar o blog em destaque, o que vai ser bom para todos nós.

Abs!

Thiago Wilvert disse...

Ainda acho que o maior problema é que as empresas brasileiras praticamente só lembram da existência do futebol. Hoje tá faltando espaço de patrocínios nas camisas de futebol, enquanto tem espaço de sobra para os pilotos.