Tinha visto uns dias atrás uns tweets do piloto Rafael Suzuki sobre a tragédia na região serrana do Rio de Janeiro. Agora há pouco, recebi um comunicado de imprensa da piloto Suzane Carvalho, contando o trabalho que ela fez junto dele por lá. Basicamente, os dois foram levar dois jipes que a Land Rover doou para a Cruz Vermelha e que serão utilizados para facilitar o acesso a áreas que estão praticamente isoladas até hoje. Aproveitaram para olhar de perto o cenário desolador, levando donativos e alimentos. O depoimento dela é de arrepiar, como o trecho abaixo ilustra:
“Cenário de parte de minha infância e adolescência, em um primeiro momento, fiquei sem ação. Estarrecida e impressionada como a paisagem que conhecia desde criança, mudara de cor. Como a natureza agiu de forma tão devastadora. A imagem é de destruição para todos os lados. Em muitos lugares, o verde sumiu dando lugar ao cinza. Rios foram criados, outros desapareceram. Outros ainda, tiveram seu curso desviado, mudando a geografia do local. Vendo as fotos de como ficaram alguns carros, dá para entender porque jamais alguns corpos aparecerão.
Fomos até Santa Rita e São José do Vale do Rio Preto. As montanhas ali, mais pareciam bolos desmontando em final de festa. Sem distinção, foram atingidas fazendas, pousadas, casas de alto nível e as mais simples. Algumas casas sobreviveram no meio da devastação e estão abrigando as pessoas que saíram a tempo das que foram atingidas. É o caso da D. Maria que aparece na foto e mal consegue olhar para o que restou de sua casa. Ela, e outros oito integrantes da família, saíram de casa quando a água começou a invadir e passaram a noite pendurados no morro, sem entender o que estava acontecendo. Apenas quando clareou o dia, viram que haviam escapado de morrer.
Foi minha primeira experiência desse tipo, e dois dias de trabalho na serra, foi nada. Meu sentimento enquanto estava em meio ao que restou das avalanches, não foi de impotência diante a força da natureza, mas de que, apesar de estar ajudando em alguma coisa, isto não era nada. Foi muito pouco perante o tanto mais que eu poderia ter feito logo após o desastre. Além de mantimentos, o que essas pessoas precisam, e isso qualquer um pode dar, é de atenção. De conversar, brincar, para se confortarem e voltarem a ter energia para recomeçar”.
É muito bom ver gente ligada ao automobilismo fazendo este tipo de trabalho social. Ainda que pontual, faz a diferença num país que infelizmente ainda não tem a cultura de que cidadania também é colocar a mão na massa. Outro exemplo recente disto aconteceu no evento realizado pelos pilotos Lucas di Grassi, Patrick Rocha e Diogo Zucarelli, que juntaram uma grande turma de colegas na inauguração de um kartódromo em Registro, uma cidade no sul do estado de São Paulo, juntando quatro quilos de alimentos e materiais de higiene entregues à instituições de assistência social da cidade. É uma gota num oceano de necessidades, mas um oceano se faz mesmo de gotas.
Vale destacar que Lucas di Grassi continua trabalhando para realizar um projeto muito bacana para o automobilismo brasileiro, chamado “Piloto do Futuro”, no qual ele pretende fazer um grande processo de seleção para escolher um nome que, com a ajuda de parceiros, apoiará desde o kart até o automobilismo de monopostos - e olhar com atenção quem tem talento mas não tem dinheiro é uma de suas prioridades. No cenário triste protagonizado por alguns dirigentes e promotores do esporte no País, é também uma baita de uma ajuda.
(Fotos divulgação)
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Um comentário:
Esses podemos chamar de "pilotos de verdade"...Já não podemos dizer o mesmo do "piloto" da Stock Diego Nunes que postou no You tube um video andando de moto a 299 km/h...Belo exemplo...O patrocinador deve ter adorado...Abs
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