quinta-feira, 27 de setembro de 2007

UM JOGO PARA ENTRAR NA HISTÓRIA

Quatro a zero. Fora o baile. O desempenho da Seleção Brasileira hoje, na semifinal do Mundial de Futebol Feminino diante dos Estados Unidos, encheu os olhos até mesmo dos normalmente comedidos profissionais da Eurosport britânica. “Foi o melhor jogo da história de todas Copas e a melhor performance de uma equipe feminina que eu vi”, falou o narrador ao final da partida.

Eu concordo. Me lembro quando eu ainda trabalhava como repórter da editoria de esportes do Jornal da Tarde e fui enviado para Uberlândia para cobrir o primeiro Sul-Americano das meninas. Não foi preciso mais que um jogo para me convencer que o futebol “delas” é bem mais divertido de se ver do que o “deles”. Mais ofensivo, mais imprevisível, mais ingênuo.

Desde então, sempre prestei atenção especial a mundiais e olimpíadas de futebol feminino. E o desempenho do time brasileiro na edição atual está sendo para de fantástico. Não pela genialidade de Marta, que fez um gol antológico: o técnico americano botou um armário para marcá-la no segundo tempo; a esforçada zagueira não deixava Marta respirar, até tomar um malandríssimo drible de chaleira. Foi o quarto gol do jogo, confira os melhores lances no site do evento. Mas o ataque também tem bons nomes, como Daniela e Cristiane. E o time ataca de forma variável, lembrando muito o “Totalvoetbaal” holandês que encantou o mundo nos anos 70.

Claro que a mídia brasileira deve estar martelando o público com o sucesso das “nossas meninas” na China. “Nossas”, o cacete! Há anos que o futebol feminino não emplaca no Brasil, principalmente por falta de apoio da mesma mídia que quer faturar agora. Uma jogadora diferenciada como a Marta recebe o reconhecimento e o retorno financeiro que merece no Exterior. Eu torço, e muito, é para o sucesso delas: um grupo de esportistas abnegadas que estão dando o espetáculo atual depois de submetidas a um gigantesco sacrifício diante do amor por um esporte que não é levado a sério pelo País. Depois do jogo de hoje – e olhando para o Mundial “deles”, no ano passado – já passou da hora de mudar este quadro.

2 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns a Marta e Cia.
Um trabalho de heroínas.
Só espero que alguma coisa seja feita para a melhoria da nossa estrutura, mas acho praticamente impossível.
Boa sorte na final

Ico (Luis Fernando Ramos) disse...

Eu nao me canso de ver o gol de placa da Marta, o último da goleada. Que pintura!