segunda-feira, 1 de outubro de 2007

BRINCADEIRA DE CRIANÇA

Confiram a tabela abaixo, ela traz a idade com que cada um dos 29 campeões mundiais conquistou seu primeiro (ou único) título:

------- ANOS 50 ----------

Nino Farina = 43 anos

Juan Manuel Fangio = 40 anos

Alberto Ascari = 34 anos

Mike Hawthorn = 29 anos

Jack Brabham = 33 anos

------- ANOS 60 ----------

Phil Hill = 34 anos

Graham Hill = 33 anos

Jim Clark = 27 anos

John Surtees = 30 anos

Denny Hulme = 31 anos

Jackie Stewart = 30 anos

------- ANOS 70 ----------

Jochen Rindt = 28 anos

Emerson Fittipaldi = 25 anos

Niki Lauda = 26 anos

James Hunt = 29 anos

Mario Andretti = 38 anos

Jody Scheckter = 29 anos

------- ANOS 80 ----------

Alan Jones = 34 anos

Nelson Piquet = 29 anos

Keke Rosberg = 34 anos

Alain Prost = 30 anos

Ayrton Senna = 28 anos

------- ANOS 90 ----------

Nigel Mansell = 39 anos

Michael Schumacher = 25 anos

Damon Hill = 36 anos

Jacques Villeneuve = 26 anos

Mika Hakkinen = 30 anos

------- ANOS 00 ----------

Fernando Alonso = 24 anos

Lewis Hamilton = 22 anos

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Sim, coloquei Lewis Hamilton nesta lista! Primeiro, por achar que sua conquista é questão de saber o quando, como o pentacampeonato brasileiro do São Paulo. Depois, para sublinhar que ele entrará para este panteão como o campeão mais jovem da história. Não por coincidência, o recorde pertencia a seu antecessor, Fernando Alonso.

A lista acima é muito reveladora. Ela mostra como a Fórmula 1 está se tornando uma brincadeira de criança. Os campeões do mundo das quatro primeiras décadas da categoria eram pilotos tarimbados e experientes, com exceção de Emerson Fittipaldi e Niki Lauda. Mas, a partir dos anos 90, começaram a surgir imberbes vencedores com mais regularidade: Michael Schumacher, Jacques Villeneuve, Fernando Alonso e, agora, Lewis Hamilton. Não que isto seja uma crítica. Pelo contrário, é até uma elegia ao talento excepcional ao volante que estes quatro nomes possuem.

Isto mostra a evolução tecnológica e, absolutamente, a involução esportiva sofrida pela F-1. O excesso de computadores, de sensores, de programas eletrônicos de auxílio à pilotagem, tudo isso tornou a pilotagem dos bólidos menos difícil (não vou usarmais fácil”, porque não é mole conduzir aqueles monstros). A verdade é que os segredos do passado, como ser rápido e ao mesmo tempo saber poupar o equipamento e ler o desenrolar de uma corridaalgo que exigia um certo período de aprendizado –, não existem mais. Hoje em dia, os carros são estáveis, não quebram, as pistas são seguras e permitem erros. E os pilotos estão o tempo inteiro em contato com seu engenheiro, que se ocupa totalmente de uma importante parte mental do trabalho: “Você está 15 segundos à frente do fulano. Pise fundo e abra mais cinco segundos antes do seu pit-stop que você volta na frente dele”. Virou uma espécie de pilotagem de videogame, na qual você tem à disposição todas as informações que precisa ao apertar de um botão. é preciso ser rápido – e isto, a base precoce obtida no kart garante.

É o sinal dos tempos, de um esporte que se transformou de uma briga fratricida de garagistas em um grande espetáculo tecnológico bancado pelas maiores fabricantes de carros do mundo. Assim, não existe uma comparação válida entre um Fernando Alonso e um Juan Manuel Fangio, por exemplo: são dois nomes excepcionais de eras completamente distintas. Fangio arrebentaria a concorrência hoje? Alonso trocaria a Alfa Romeo pela Maserati depois de ganhar dois títulos seguidos nos anos 50? Talvez sim, talvez não, impossível saber.

A única coisa quepara comparar é a personalidade da turma de antes com a atual, especialmente com os dois recordistas de precocidade, Alonso e Hamilton. O que lhes sobra em talento, lhes falta em carisma. Alonso é o menino arredio, fechado, queentrevistas olhando para o chão, evita ao máximo o contato com os olhos, e respostas lacônicas. Hamilton parece aqueles cães sensacionais que participam de provas de “Agility”. Ultra-treinado, simpático, mas sem conteúdo nenhum e que reproduz o que o dono lhe ensinou, como se ganhasse um biscoito a cada resposta que desse elogiando "the guys at the team".

Espero que o tempo ajude a melhorá-los. Com Michael Schumacher foi assim: parecia um retardado mental no início da carreira, mas depois cresceu também como homem e suas entrevistas passaram e ser um pouco mais interessantes. Jacques Villeneuve, por sua própria personalidade, era um sujeito carismático, divertido, polêmico. Bem melhor que as duplas de pilotos atuais de McLaren e Ferrari. Os que brigaram pelo título mundial deste ano são o sonho de qualquer chefe de relações públicas. E o pesadelo de qualquer jornalista que se preze.

4 comentários:

Anônimo disse...

Imagine os pilotos dos charutinhos correndo em Fuji hj em dia.

Como aquele dialogo de Clark e Stewart.

O Jackie diz que errou na pista umas duas vezes e trouxe o carro de volta , e Clark diz que se ele consegui trazer de volta era pq não estava rapido o bastante.

Para ser rapido não se pode ter margem para errar.

Hj em dia está tudo complicado, cheio de regras para complicar e a obscessão pela perfeição faz tudo continuar monotono.

E como disse seu amigo Helmut , hj a mulecada é jogada na competição e fica fissurada na pista , não não senso critico , não usam a imgainação , não se cria a personaldade.

Se tornam meninos treinados , ocos , embalagens vazias.

Que falta fará David Coulthard, até coluna ele escreve na iTV.

Imagine a monotonia de uma coluna de Lewis , Kimi, Alosno , Massa , Rosberg...

Não duviddo que Hamilton não teve umas aulas de como se portar para a imprensa.Apesar de domingo ele ter feito umas declarações polemicas.

Espero que eles amadureçam, pq hj em dia está dificil tirar algo com conteudo em suas declarações.

Estranho que CAsey Stoner , da MotoGp , apesar de jovem não sofre do mesmo mal.

Abraços

Anônimo disse...

Qual a idade do Vettel? VCamos fazer o seguinte: Dê para ele a McLaren ILEGAL e dê ao Hamilton uma Toro Rosso. Depois disso é só remontar o texto e teríamos um campeão mais jovem ainda. Não tenho duas opiniãoes: Não gosto do Hamilton porque o acho FALSO (o que alás é) e acho que seu título é ILEGAL, porque seu carro que lhe deu até agora 107 pontos é ILEGAL, tão ilegal que a FIA exige que todos os desenhos e projetos do próximo carro precise ser divulgado á Ela para conferir com os da FERRARI, pois nas 780 páginas recebidas via Stepney estão inclusas os F2008 e o engraçado é que NENHUM membro da McLaren foi demitido, apenas o mais próximo ao Stepney foi suspenso (o que mostra quão mentiroso foi aquele pseudo-choro do Ron Dennis). Fui!!

Anônimo disse...

Quando vejo Hamilton dando um entrevista tenho a sensação que é um robô falando. Dá até para prever os movimentos dele. Tudo ensaiado, uma chatice. E o ar de bom moço... tão autêntico como uma moeda de 3 reais.
Mas é inegável que o cara tem muito talento e uma estrela incrível.
Seria muito bom ver uma terceira equipe com condições de disputar o título. Aí poderiamos ter Hamilton, Raikkonen - Massa? - e Alonso em equipes diferentes disputando o campeonato.

Anônimo disse...

Muito bom seu comentário. Antigamente era mais fácil se apaixonar pelo automobilismo, pois o esporte era uma grande aventura, com não raras cenas de bravura. A necessária segurança das pistas aliada a tecologias infalíveis tiraram o imponderável das disputas. O marketing das grandes companhias se encarregou de sepultar a espontaneidade e a personalidade dos pilotos, que se transformaram de heróis em meninos mimados. Observo que são poucos os jovens realmente apaixonados pelo automobilismo, hoje em dia. E me pergunto, às vezes, se no lugar deles eu seria um apaixonado como sou. Com certeza não, talvez por ter conhecido o automobilismo de antigamente que era muito mais emocionante, repleto de histórias e lendas que me faziam sonhar acordado. Bons tempos em que além da F1, havia uma F2 importante, a 24hs de LeMans contava com os pilotos mais importantes do mundo, a esporte-protótipo era uma grande categoria com grandes carros e, no caso do Brasil, tínhamos pilotos como Bird Clemente e Luiz Pereira Bueno, entre outros. Hoje é tudo meio insonso e até os carros de rua não tem mais graça, salvo algumas cada vez mais raras excessões. Quem se der ao trabalho de ler esta mensagem pode pensar que é saudosismo, mas não é. Alguma coisa perdeu-se no tempo.
Luiz Eduardo
Curitiba-PR