domingo, 9 de dezembro de 2007

A MORTE DE RAFAEL SPERAFICO

É uma sensação engraçada a que fica quando eu fico sabendo da morte de algum piloto. Fico chateado, lamento pela família, mas acabo aceitando o ocorrido como uma faceta inerente a este esporte. Por mais que existam indícios de que o risco poderia ter sido minimizado, acredito que a morte sempre vai rondar quem anda freqüentemente disputando posições a quase 300 km/h. É uma questão científica: por mais que se tente evitar o pior, as leis da física são imprevisíveis e quando elas se encontram em um determinado quadro, não há maneiras do corpo humano suportar um coquetel enorme de forças atuando nas mais distintas direções.

Vendo as imagens do acidente que vitimou hoje à tarde o piloto Rafael Sperafico, deu para depreender uma série de situações evitáveis. Em primeiro lugar, sua própria escapada da pista denuncia um toque (traseiro ou lateral) absolutamente desnecessário. E, lendo o depoimento de outros pilotos da categoria, como André Bragantini, a prática deve ser mais ou menos comum em todas as divisões da Stock Car. Se for isso mesmo, faltou por parte da organização do evento disciplinar a disputa. Por manobras bem menos questionáveis do que esta, a DTM entrou neste ano na maior crise.

Além do mais, é preocupante a maneira como a lateral do carro mal resistiu ao impacto. Todos sabemos que aquela parte é comumente a mais frágil dos veículos de competição – a morte do navegador Michael Park no WRC em 2005 foi uma evidência disso. Mesmo assim, a maneira hoje com que o carro do paranaense praticamente “dobrou” no instante da batida pareceu forte demais. Corroborando com isto estão as declarações do piloto Antônio Jorge Neto, indicando que a segurança lateral do carro da Stock Car já era motivo de preocupação há algum tempo.

Aqui vale a pena também pegar um exemplo da DTM: Tom Kristensen sofreu em abril deste ano um acidente de dinâmica muito parecida, mas o carro resistiu bem ao impacto e o piloto “só” ficou algum tempo de molho.

Mesmo assim, acho errado culpar alguém pelo ocorrido em Interlagos hoje. Acho errado olhar um acidente fatal e dizer que faltou isso ou aquilo. O mais importante de tudo é aprender com o que aconteceu para diminuir a chance disto acontecer novamente – e acredito que a Stock Car vai aprender muito com isso, é o que todos esperam.

De qualquer forma, nunca esqueçamos, é simplesmente impossível de se evitar mortes no automobilismo. Robert Kubica saiu praticamente ileso da pancada que deu em Montreal pela segurança extrema de um carro de Fórmula 1 atualmente. Mas, se as forças da física agissem um pouquinho diferente, não haveria dispositivo de segurança que desse jeito. Mortes em acidentes de corrida fazem parte do esporte. Na verdade, a Stock car tem em sua história uma morte realmente estúpida e sem sentido, a do fotógrafo (que nem fotógrafo era) postado em local proibido na hora da largada. A de hoje, definitivamente, não se encaixa neste quadro de absoluta negligência.

À simpática família Sperafico, eu deixo meus sentimentos e desejo-lhes muita força para lidar com a perda do Rafael. Pela larga experiência que possuem no automobilismo, acredito que saberão como poucos a trabalhar esta desagradável situação.

8 comentários:

Anônimo disse...

Fiquei com a sensação que tanto o acidente como a morte do piloto poderiam ser evitadas.
O acidente não aconteceria se os toques não tivessem se tornado uma "instituição" da categoria.
A morte, por seu lado, poderia ser driblada se o carro fosse realmente seguro, o que não é. Basta lembrar do verdadeiro milagre que foi a sobrevivência de Gualter Sales em um acidente ocorrido na Argentina.
Esses carros da Stock passam a sensação de serem extremamente frágeis, ficando a segurança dos pilotos a uma gaiola que, ao que parece, não é das mais fortes. E não foram incorporadas melhorias, pois essa fórmula de bolhas foi adotada e, desde então, duas mortes ocorreram. Antes, desde de 1979, apenas uma morte ocorreu, em que pese o amadorismo e falta de segurança do passado. Sinal que algo deve ser feito para que outras famílias não chorem seus filhos.

Anônimo disse...

Que Deus console o coração dos familiares que ficam.
Espero que ele já tenha conhecido a Jesus, e que neste momento esteja ao lado do Pai.

Outro dia discutiremos sobre "bolhas" x carros reais.

politicamente_incorreto disse...

É Ico, a morte é realmente redundante, ou seja ela por mais idiota que seja se auto-explica; aconteceu o que fazer? por incrivel que pareça há algumas horas atrás entrei no blog do Pandini e abordei o assunto morte no automobilismo ( no caso a F1) e disse que ela por mais que seja temida e odiada ela faz parte do esporte automotor, sempre restará em nós a sensação que a mesma poderia ser evitada, corresponde a prever o passado; isso está na escência do homem,. o inconformismo com o produto acabado, lamento profundamente a morte desse jovem que praticamente poderia ser meu filho ( pois tenho 44 primaveras) mas por mais que possa parecer estúpido, desumano e politicamente incorreto é essa aura de medo e perigo que mantém o esporte automotor como paralelo do coliseu moderno, está dentro do nosso lado mais obscuro e menos decifrado, são essas mortes idiotas que nos levam a pensar em como podemos evita-las no futuro, mas a morte é muito ardilosa e sempre arranjará uma forma de nos driblar, é assim desde que corriamos em torpedos sem nenhum aparato de segurança e apenas uma touca de couro para não despentear o cabelo até os modelos assépticos e praticamente indestrutiveis da F1 atual, por mais cruel que possa parecer isso não abala a categoria nem o esporte em si; é como se as pessoas fizessem a leitura correta e exata do problema, é o risco inerente a atividade por qual enveredamos, para a família a certeza que a morte será muito sentida e pranteada, para os praticantes do esporte a certeza que por mais que possa transmitir segurança efetivamente correr a 250 km/h realmente oferece riscos mais altos do que possa aparentar a estatistica positiva dos ultimos anos, mais prá frente e com a cabeça fria sugiro ao Ico que aborde o assunto, aí poderemos desfiar um corolário de conjecturas sobre segurança e oque poderia ser feito, conforme disse acima só temos essa visão crítica quando algo acontece, se nada houvesse ocorrido tudo ficaria como dantes no quartel de abrantes, acho que o automobilismo tem muito a aprender com o segmento industria no que tenge a segurança, podemos ter segurança sem detrimento da emoção, basta seguir o exemplo da industria que não muda o produto com que trabalha; apenas se adequa a o mesmo, mas isso é assunto para abordarmos com a cabeça fria, sugiro ao Ico o lançamento de um debate saudável inter-blog sobre o assunto, fica a sugestão ok? um abraço Ico e parabéns por ter sido o primeiro a abordar o triste assunto.

Rubem R. González

Anônimo disse...

Vi ontem (09-12_2007) o acidente pela TV algumas vezes e imaginei uma lógica muito simples e banal. Já que os chassis dos carros não são baseados em carros de "verdade", por que não se faz o lugar do piloto ao centro? Alem de mais seguro seria melhor para o centro de gravidade e balanço do carro. Um problema seria a barra de direção, mas que é possivel de se resolver.

Rodrigo Gonçalves de Abrinhosa
Valinhos - SP

Anônimo disse...

Ico, a Stock car tem em sua história 1 morte: de Laercio Justino, em 2001.

Anônimo disse...

Não sou um especialista em stock car, mas sempre acompanhei a categoria, nos últimos anos perdi o interesse porque acho esse modelo americano de automobilismo pouco esportivo e um tanto chato. Tenho 40 anos e lembro de 3 mortes de pilotos ca categoria: a primeira foi em Interlagos (circuito original), acho que na curva 3, um Opala pegou fogo e o piloto não resistiu poruqe não usva um macacão anti-chamas, era de algodão se não estou enganado. Portanto uma bobagem, uma perda que poderia ter sido evitada. O segundo piloto a perder a vida foi o L. Justino, que bateu seu carro em um guincho da apoio. Sem comentários sobre a possibilidade de se evitar um acidente como esse (lembro de ter reparado muitas vezes que carros de apoio da Stock cruzam ou estacionam em locais perigosos durante as corridas, parece que há uma falha grave nesse ponto). O terceiro piloto a falecer foi o Sperafico, na minha opinião é a primeira morte da categoria que ocorre como consequência do esporte (que é perigoso mesmo, todos sabemos) e não de fatores amadores extra pista. Só vi as imagens no YouTube ontem de noite, acho que carro nenhum aguentaria aquela batida lateral. Uma pena.

Abraços a todos,

Sergio SP

Anônimo disse...

Fique muito chocada com o que aconteceu so posso dizer a todos que conheco nessa familha que as coisa nao acontece por acaso.
Andre tenha muita força nessa hora para poder ajudar sua mae e seu pai.

Anônimo disse...

Em resposta ao anonimo:
O problema de se colocar um piloto no centro do carro não é apenas uma barra de direção. Existem varios problemas a se resolver, a direção precisa ser inteira redimencionada, mas o grande problema é onde acoplar o cambio, já que o carro possui motor dianteiro e tração traseira.