terça-feira, 6 de maio de 2008

ACABOU. E AGORA?

O comunicado da Super Aguri anunciando que a equipe estava desistindo de participar do Mundial 2008 da Fórmula 1 foi distribuído logo nas primeiras horas desta terça-feira. Foi o fim de uma novela que começou na metade do ano passado, quando a então principal patrocinadora da equipe, a petrolífera de Hong Kong SS United, passou a não honrar seu compromisso. O dinheiro sumiu, a situação apertou e a Honda, que já gasta dinheiro suficiente com uma equipe própria que não dá resultados, resolveu que não dava mais para ajudar sua “caçula”.

Assim, a partir do GP da Turquia no próximo final de semana, a Fórmula 1 volta a ter um grid com 20 carros. É uma pena, sim, mas nada que vá afetar o futuro da categoria. Entre 2003 e 2005 foi este o número de carros, mas o nível de competitividade era o mesmo. Agora, abre-se mais uma vaga no limite imposto pela FIA de 12 equipes. Pode ser que apareça alguma montadora ou algum aventureiro milionário (Team Rússia, Team Sheikh ou algo do gênero) e estas vagas sejam preenchidas. O espólio da Super Aguri vai continuar existindo, pronto para dar suporte a uma eventual nova equipe.

Resta saber o que a Honda vai fazer com os dois pilotos. Anthony Davidson é um dos queridinhos da montadora. E Takuma Sato, uma peça fundamental na promoção da marca em território japonês. Acredito que um dos dois vai acabar contratado como piloto de testes e reserva da turma de Brackley, talvez ainda esta semana.

Já na Austrália eu conversava com Alexander Wurz sobre sua surpreendente volta à Fórmula 1 apenas dois meses depois de anunciar sua aposentadoria, e ele me explicou. “Na Williams, além do trabalho nos testes e nas corridas, haviam muitas viagens para fazer promoção dos patrocinadores. Isto tomava muito o meu tempo e eu mal encontrava minha família. Aqui na Honda, não há nenhum patrocinador fora a própria montadora. Na verdade, eu nem queria ter de vir à todas as corridas como piloto reserva, gostaria só de fazer os testes, que é a parte que eu mais gosto”.

Wurz já não vai ao GP da Turquia: estará testando pela Peugeot o carro com o qual vai disputar as 24 Horas de Le Mans. Assim, o fim da Super Aguri acaba ocorrendo em um momento propício aos interesses da Honda, abrindo a chance de colocar um Sato (ou um Davidson) como piloto reserva para a prova em Istambul.

Quem não gostou do fim da Super Aguri foi, sem dúvida a turma da Force India. Em Barcelona, eu conversei com o engenheiro de dados do carro de Adrian Sutil, o brasileiro Robert Sattler, que foi sincero. “Eu torço para que eles não acabem. Este ano, conseguimos evoluir mas, se eles forem embora, corremos o risco de voltar a ocupar o último lugar”, disse.

Pelo andar da carruagem, a briga pela lanterna vai ser entre Force India e Toro Rosso. Ou Jordan versus Minardi, se pensarmos em seus antecessores. Como foi em 2005, antes que a Super Aguri surgisse. No fim das contas, a Fórmula 1 volta exatamente ao ponto em que estava há três temporadas.

Não falei que não vai mudar muita coisa?

4 comentários:

Unknown disse...

Ico,

Você sabe quantos e quais são os engenheiros brasileiros na Fórmula 1 atualmente?
Como que eles estruturaram suas carreiras para chegar onde chegaram?
Você sabe dizer se há um aerodinâmicista?
Sou estudante de engenharia aeronáutica e sempre fico curioso sobre os engenheiros brasileiros.

Valeu

Abraço!

Misterioso disse...

Ico, eu acredito que mudou alguma coisa sim na F1. Jordan e Minardi eram equipes de muito tempo e de uma época em que várias equipes amadoras surgiam e mal duravam 2 anos, mas muitas equipes modestas, como elas próprias, duravam décadas e chegavam a ponto de lutar pelo campeonato, como a Jordan em 99.

Já hoje em dia, a Force India muda de dono todo ano e a Toro Rosso está se encaminhando para a falência, como a Super Aguri (vide problemas para estrear novo carro e o plano da Red Bull de vender a equipe). Além disso, cada ano é mais caro montar uma equipe de F1. Se algo não for feito logo, a F1 vai ficar inteiramente na mão das montadoras, o que é um grande risco, pois podem abandonar a F1 por questões alheias ao esporte.

Anônimo disse...

Ico

coloca o video do Sato em montreal aqui! homenagem postuma a uma equipe que eu sempre achei muito legal.

O aguri suzuki é muito legal. Precisamos de mais gente realmente envolvida com as corridas como dirigentes. Pena que o suzuki já foi e o berger é o próximo...

Daniel Médici disse...

Se continuar desse jeito, é capaz de que, ano que vem, o número de pilotos inscritos na temporada seja menor ou igual do que o de Grandes Prêmios.

Pela primeira vez na história...