quinta-feira, 15 de maio de 2008

FOTO DO DIA – GP DE MÔNACO DE 1931

Para a turma que está curtindo essa viagem ao passado, vale o registro da festa dos locais, em 1931, com a vitória do monegasco Louis Chiron (a gente sabe muito bem o que é um brasileiro vencendo a corrida de F-1 em casa, não é verdade?).

E você sabia que em Mônaco já teve bonde?

2 comentários:

Daniel Médici disse...

Chiron é um piloto do qual se fala muito pouco. Por ter obtido vitórias impressionantes antes da Fórmula 1, por ter largado em Silverstone, em 1950, com mais de 50 anos (era um dos mais velhos do primeiro grid), ele deveria ser mais lembrado.

Anônimo disse...

Luis Fernando:

Tendo em vista o comentário do Daniel, estou anexando um texto que escrevi sobre o Louis Chiron, publicado num outro site:



LOUIS CHIRON -



Nascido em Monte Carlo, no dia 03/08/1899, Louis Alexandre Chiron foi um dos maiores pilotos das décadas de 1920 e 1930. Seu pai era um cidadão francês que trabalhava como Maitre de um hotel em Mônaco, o que lhe possibilitou possuir também a nacionalidade francesa. Durante a Primeira Guerra Mundial ele serviu no exército francês, como motorista do Estado Maior, dirigindo para os Generais Foch e Petain.

Iniciou sua carreira no automobilismo em 1923, competindo em corridas de subida de montanha, com uma Bugatti. Disputou seu primeiro Grande Prêmio em 1926, chegando em quarto lugar no GP de Provence. Em agosto desse ano obteve sua primeira vitória, no GP de Comminges, com uma Bugatti T-35. Em setembro, terminou em quarto o GP de Milão. Continuou a correr pela Bugatti em 1927, vencendo o GP de Provence e chegando em segundo em Montlhéry.

1928 foi um ano de grande sucesso para Chiron, que disputou doze provas e venceu oito, sendo sete Grandes Prêmios : St. Raphael, Cannes, Antibes, Roma, Reims, San Sebastian e o GP da Itália, sempre com carros da Bugatti. Na categoria esporte, venceu o GP da Espanha, com uma Bugatti T-35-S.

Em 1929 ele disputou as 500 Milhas de Indianápolis, com uma Delage 15 S-8, chegando na sétima colocação. Participou das 24 Horas de Le Mans, com um Stutz DV-32, abandonando com defeito no motor. Com uma Bugatti T-35, venceu os Grandes Prêmios da Alemanha e da Espanha.

Em 1930 ele obteve duas vitórias para a Bugatti, no GP de Lyon e no GP da Bélgica, conseguindo ainda dois segundos lugares, em Mônaco e na Targa Florio.

No ano seguinte foram três as vitórias : GP de Mônaco, GP da França e GP de Brno, na Tchecoslováquia, com uma Bugatti T-51. No GP da Alemanha, na Coppa Ciano e na Coppa Acerbo ele chegou na segunda posição.

1932 foi o último ano em que Chiron correu pela Bugatti, conseguindo três vitórias, em Dieppe, Nice e Brno. Nas quatro principais corridas do ano, Mônaco, Itália, França e Alemanha, conseguiu apenas um quarto lugar na França, quebrando nas demais.

Insatisfeito com os resultados obtidos, juntou-se a Rudolf Caracciola, criando a Scuderia C.C., para correr na temporada de 1933 com carros da Alfa Romeo. Foram três vitórias, em Marselha, Brno e no GP da Espanha, com a Alfa Romeo 8C-2900 Monza. Correndo em dupla com Luigi Chinetti, numa Alfa Romeo 8C-2900 S, venceu as 24 Horas de Spa-Francorchamps.

Em 1934 foi contratado pela Scuderia Ferrari, representante oficial da Alfa Romeo nas corridas. Com a nova Alfa Romeo Tipo B-P 3 obteve a vitória em Casablanca, no GP da França e no GP de Reims, chegando em segundo lugar em Mônaco, Alessandria, no GP de Penya Rhin e na Argélia.

Continuou na Scuderia Ferrari em 1935, conseguindo apenas uma vitória, no GP de Lorraine, e colecionando segundos lugares: Targa Florio, Avus, Biella, Reims, Dieppe e Nice.

Numa tentativa de voltar a conseguir melhores resultados, passou a correr pela Mercedes Benz, que havia dominado a temporada anterior. Foi uma escolha errada, pois no ano de 1936 as Mercedes W-25 K foram facilmente superadas pelas Auto Union. Após uma sucessão de resultados desapontadores, Chiron ainda sofreu um grave acidente no GP da Alemanha, do qual escapou ileso. No dia seguinte, abandonou a equipe alemã.

Em 1937 ele participou de corridas da categoria Esporte, vencendo o GP da França, com uma Talbot-Lago T-150 C. No ano seguinte ele participou apenas das 24 Horas de Le Mans, com uma Delahaye 145, abandonando a corrida com problemas mecânicos e anunciando sua retirada das competições. Durante a Segunda Guerra Mundial ele residiu na Suíça.

Terminado o conflito ele resolveu voltar às corridas, em 1946, obtendo dois segundos lugares, na Coupe de La Resistence e na Coupe René La Bégue, com uma Talbot T-26.

Em 1947 ele venceu o GP da França e o GP de Comminges e chegou em segundo lugar em Nimes e Reims, com uma Talbot T-26 da Ecurie France. Com uma Maserati 4 CL da Scuderia Milan, foi o segundo colocado na Jersey Road Race.

Continuou correndo pela Ecurie France em 1948, conseguindo dois segundos lugares, no GP de Mônaco e no GP de Paris, em Montlhéry.

Com uma Talbot T-26 da equipe oficial ele venceu em 1949 o GP da França, sua última vitória. Neste ano ocorreu o fato mais controvertido de sua carreira, quando, durante a festa comemorativa do Rallye de Monte Carlo, acusou a piloto francesa Hellé-Nice, na frente de todos os convidados, de ter sido agente da Gestapo durante a ocupação da França pelos Nazistas, na Segunda Guerra Mundial. Mesmo sem ter apresentado provas, a acusação de Chiron acabou levando Hellé-Nice a ser forçada a encerrar sua carreira.

Em 1950 Chiron participou de cinco Grandes Prêmios válidos para o primeiro Campeonato Mundial de Pilotos, conseguindo um terceiro lugar no GP de Mônaco, com uma Maserati 4CLT/48 oficial.

No ano de 1951 ele chegou em sétimo no GP da Suíça, com uma Maserati 4CLT/48 da equipe de Enrico Platé. Disputou os demais Grandes Prêmios da temporada com uma Talbot T-26 C da Ecurie Rosier, sem marcar pontos.

Ele sofreu um grave acidente em 16/03/1952, nos treinos para o GP de Siracusa, com a Maserati 4CLT/48 de Enrico Platé, ficando afastado das pistas durante um ano. Seu retorno foi no mesmo circuito, em 22/03/1953, onde ele terminou em segundo lugar, com uma Osca MT-20 particular. Com esse carro ele disputou o GP da França e o GP da Itália, sem conseguir se classificar entre os dez primeiros colocados.

Em 1954 ele participou de apenas três corridas, abandonando em duas delas, a Mille Miglia e as 12 Horas de Reims, e chegando em oitavo lugar na Carrera Panamericana, com uma Osca MT-4.

Disputou seu último Grande Prêmio válido para o Mundial de Pilotos em 1955, quando chegou em sexto lugar no GP de Mônaco, com uma Lancia D-50, tornando-se o piloto mais velho a disputar um Grande Prêmio, aos 56 anos de idade. Foi o décimo colocado no GP de Berlim, na categoria Esporte, com uma Osca MT-4.

Em 1956 ele tentou participar do GP de Mônaco, mas não conseguiu largar, com problemas no motor da sua Maserati 250 F da Scuderia Centro-Sud. Disputou, sem conseguir terminar, a Mille Miglia e os 1000 Km de Nurburgring, com carros da marca Osca.

Em 12/05/1957 ele disputou sua última corrida, a Mille Miglia, chegando na centésima-terceira posição, com um Citroen DS-19. Em maio de 1958 ele fez mais uma tentativa de disputar o GP de Mônaco, com uma Maserati 250 F particular, não conseguindo se qualificar para a largada.

Depois de 35 anos participando de competições, Chiron retirou-se das pistas como corredor, mas continuou ligado ao automobilismo, com o cargo de Comissário Geral do GP de Mônaco. Ele faleceu em Monte Carlo, em 22/06/1979, poucos dias antes de completar 80 anos.


Fontes de Pesquisa -

The Complete History of Grand Prix - Adriano Cimarosti - 1997
Enciclopédia do Automóvel - Ed. Abril - 1974
www.en.wikipedia.org/
www.racing-database.com/
www.grandprix.com/
www.silhouet.com/motorsport/
www.kolumbus.fi/



Ricardo Cunha