terça-feira, 10 de junho de 2008

APOSTA CERTEIRA

“Quando eu olhar para 2005, poderei dizer que foi um bom ano. Farei 21 anos em uma semana e meu objetivo é o de continuar carreira na Europa. A GP2 me parece ser a melhor opção, porque me deixaria mais perto do mundo da Fórmula 1”. Foi assim que Robert Kubica encerrou seu primeiro teste com um carro de F-1: sem saber o que fazer no futuro. Era o dia 1° de dezembro de 2005 e ele ganhou a chance como um prêmio pelo título na World Series.

Na ocasião, Kubica marcou o tempo de 1min17s997, quatro décimos de segundo mais lento que o piloto de testes da Renault na época, Franck Montagny. E mais de um segundo a frente do italiano Giorgio Mondini, que também testou com a Renault naquele dia, também como prêmio pela conquista do título europeu da F-Renault V6.

No mesmo dia, a BMW Sauber anunciou Jacques Villeneuve como o companheiro de equipe de Nick Heidfeld na temporada inaugural da equipe. Theissen e os engenheiros estavam em Barcelona e, embora o carro interino não tenha ido à pista naquele dia, eles analisavam os dados do dia anterior (primeiro teste com um motor BMW em um chassi da Sauber) e observavam a movimentação das outras equipes.

Foi aí que o talento de Kubica chamou a atenção dos engenheiros alemães. No dia seguinte, a Renault anunciou Heikki Kovalainen como piloto de testes para 2006, tornando óbvio que Kubica estava livre e não tinha nenhum vínculo com a equipe anglo-francesa, embora estivessem em negociações para que o polonês se juntasse ao programa de jovens pilotos da Renault e, provavelmente, corresse na GP2.

Theissen procurou o empresário do polonês, Daniele Morelli, e um contrato de piloto de testes na Fórmula 1 foi acertado, com o anúncio oficial ocorrendo no dia 20 de dezembro. Antes da metade do ano seguinte, ele já tinha tomado de Villeneuve o posto de titular da equipe. Hoje, impossível não elogiar a aposta inteligente da BMW. A Renault deixou o polonês escapar e já não conta mais nem com Kovalainen. Pior: a aposta atual dela, Nelsinho Piquet, não está correspondendo às expectativas.

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A estréia de Robert Kubica foi no GP da Hungria de 2006. Eu cobri esta corrida in loco pela Racing e me lembro da entrevista coletiva oficial da FIA da quinta-feira, quando o polonês estava entre os pilotos selecionados para a sabatina com os jornalistas. Um colega francês lhe perguntou porque Mario Theissen tinha preferido ele ao invés de Villeneuve. Kubicou respondeu sem pensar mais do que um segundo: “Pela minha velocidade”.

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Pareceu autoconfiante? Então escute essa: depois de ganhar tudo no kartismo polonês, Kubica foi correr de kart na Itália, o principal centro da modalidade. Quando se tornou o primeiro estrangeiro a vencer o título júnior no país, Kubica foi chamado para uma reunião com Daniele Morelli. O empresário comenta: “O moleque me chamou a atenção. Ele veio com seu pai, que tinha voado da Polônia para a reunião, para o meu escritório. O pai não abriu a boca, Robert tratou sozinho das negociações. Eu nunca tinha fechado um contrato com um piloto de kart. Nunca se sabe como eles vão se sair nos carros. Mas eu tinha um sentimento que dizia para eu acertar com aquele garoto”.

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Voltando ainda mais no tempo, mais precisamente em 1989: a família Kubica vai as compras na Cracóvia quando o pequeno Robert vê um pequeno carro elétrico na vitrine de uma loja. Como toda criança, ele pede, chora, luta para que os pais lhe dêem aquele mimo. Carrinho comprado, o pai Artur Kubica vai com o garoto para o estacionamento de um supermercado e cria um percurso de slalom com garrafas plásticas enchidas com areia. Robert completa o trajeto sem derrubar nenhuma.

No fundo, a história começou ali.

7 comentários:

L-A. Pandini disse...

Sensacional!!!!

Ah, minha mega-sena ultraacumulada para eu fazer a melhor revista de automobilismo do mundo, sem me preocupar com custos, nem com anunciantes, nem com ameaças de retaliações... Ainda bem que com os blogs isso é possível!

SAVIOMACHADO disse...

Maravilha de post Ico. Não me lembro de comentar aqui no teu blog, embora já tenha visto. Sou torcedor da Renault. Se Kubica parar la, vamos continuar na entre os 4. Já é uma grande coisa.
Parabéns pela história. Muito boa mesmo. Ainda não sabia nada dele.
Um grande abraço.
SAVIOMACHADO

Anônimo disse...

Com todo respeito Ico , mas você também vai entrar na turma do " oba-oba" sobre o Nelsinho? Dê tempo ao tempo. Um exemplo ? O mesmo Kubica o ano passado foi engolido pelo Heidfeld, e agora? Esse ano está "finalizando" a carreira do alemão
Abraços

Anônimo disse...

Bendito dia em que o pai cedeu ao choro do filho. Sou fã do Robert "foguete humano" Kubica e torço por ele. E acho que ele será campeão do mundo um dia. E parabéns por esse post. Está demais. Nota 1000 pra você.
Abraço a todos.
Paulo Santos/RJ

Aderson disse...

Ainda bem que Kubica não foi pra Renault.
Ele ia se queimar totalmente nessa joça de carro.
Nem mesmo Alonso com todo seu talento e experiençia conseguiu fazer o carro andar.
Quanto mais o Nelsinho, que é Inexperiente e ficou UM ano parado sem competir, vai conseguir andar bem nesta Mer#$ de carro.

Anônimo disse...

Hehe, a história do circuitio das garrafinhas e do carrinho elétrico. Tá lá na trajetória que fiz do Rocket Kubica no meu blog. Achei a historinha demais tb

Anônimo disse...

incrível como ele parece um passarinho q caiu do ninho...