domingo, 22 de junho de 2008

LÍDER, SEM OBA-OBA

A pessoa menos interessada no fato de um brasileiro voltar a liderar um Mundial de Fórmula 1 depois de 15 anos era o próprio Felipe Massa. Claro que é um feito agradável e é sempre bom estar no topo da tabela. Mas o piloto não pretende se deixar levar por qualquer clima de oba-oba e sabe muito bem que o campeonato está muito disputado. E que vai ficar assim por muito mais tempo ainda.

O momento pode ser completamente favorável a ele. Nas seis últimas corridas, ele somou 48 pontos. No mesmo período, Robert Kubica conseguiu 38, Kimi Raikkonen, 32 e Lewis Hamilton, apenas 24. Mas, com o sistema de pontuação atual, basta um erro ou mesmo um azar e o todo o trabalho feito minuciosamente durante meses vai por terra. Massa sentiu isto na própria pele: saiu da briga pelo título do ano passado depois de uma falha mecânica em Monza; e saiu deste ano do GP da Malásia execrado pelo paddock depois de duas provas consecutivas errando e não marcando pontos.

O grande mérito do piloto brasileiro foi se reerguer desde então. A partir do Bahrein, Massa parece ter entendido qual a maneira de chegar ao seu objetivo e está completamente concentrado nele – não só na hora de pilotar, mas também nas entrevistas, na relação com a equipe no motorhome e com os mecânicos na garagem. Trabalhando com a paciência de uma formiga, ontem ele aceitou de bom grado o sorriso da sorte, não se furtando em admitir que, até a metade da corrida, Raikkönen andou muito melhor e ele já tinha se conformado com o segundo lugar.

O Grande Prêmio da França serviu também para indicar que a Ferrari deve andar muito forte nas muitas pistas de alta velocidade que a F-1 vai visitar nos próximos dois meses. Mas nada de imaginar que a briga pelo título será exclusiva entre Massa e Raikkonen: com Hungaroring e duas novas pistas de rua, a chance de Hamilton e Kubica estarem ainda vivos na briga até as últimas corridas do ano é muito grande. Como no ano passado, o campeão pode ser definido por um detalhe. Como a sorte, que aparece com mais freqüência para aqueles que mais trabalham por ela.

A corrida teve espaço também para o brilho de outros pilotos que não estão na briga pelo título. Jarno Trulli conseguiu um improvável pódio para a Toyota na corrida seguinte à trágica morte do homem que montou a equipe, Ove Andersson. Para isso, teve que lutar como um leão contra um excelente Heikki Kovalainen, que largou em décimo e deu show a corrida inteira. Destaque também para Nelsinho Piquet, que fez uma corrida regular pontuada por um único erro. Nada que o impedisse de somar seus primeiros pontos e, mais do que isso, recuperar um pouco de sua credibilidade dentro do paddock da F-1.

5 comentários:

Marconi disse...

É Ico, exmplos não faltam, ninguem se esquece do oba-oba da Globo com relação ao Rubinho. E como você disse, o equilibrio é enorme, e se a Ferrari deixar ele na mão de novo as coisas vão se complicar.
Massa está com os pés no chão, pode não ser campeão, mas vai chegar a Interlagos em condições de brigar pelo título. E se manter a pegada, vai ser na ponta da tabela.

Caíque Pereira disse...

Ico,
as melhores coisas da Corrida:

O Nelson Angelo segurando o Hamilton durante mais de 10 voltas sem lhe dar nenhuma fechada e o Trulli segurando o Kova. Na realidade os dois melhores da corrida e os piores foram o Alonso e o Heifeld (acho que se o Alonso tivesse errado 3 voltas antes o Nelson teria sido o 6º colocado, afinal chegou colado no Webber).

roger disse...

O Massa esta fazendo o que tem que ser feito...sem festejos...
-É isto mesmo, pouco papo, foco e trabalho.
Não cabe bater palmas por isto!
Se quiser ser campeão (o último brasileiro desta década).

Anônimo disse...

Pois é, Massa transmite segurança na tocada, está focado e realmente parece ter amadurecido. Tem tudo pra chegar ao título em sua sexta temporada na F1.

Esse ano tenho acompanhado a temporada pela imprensa européia e observo que Felipe é freqüentemente ignorado, mesmo quando vence.

Quando se fala em Ferrari é sempre Kimi o foco principal.

Será impressão minha? Vamos ver se isso muda agora que o piloto da Ferrari assume a liderança do campeonato.

Zani disse...

Durante entrevista no domingo a Globo propõs ao Massa uma comparação entre ele e os nossos campeões Emerson, Piquet e Senna. O Massa respondeu que não há comparação possível e completou dizendo que se considera muito pequeno diante deles. Massa tem razão e demonstra humildade. Porisso mesmo vai tornar-se grande.

Antonio Jose