segunda-feira, 16 de junho de 2008

TV BLOGO – CÓRDOBA


O ponto alto da história do futebol austríaco leva o nome “Córdoba”. Foi nesta cidade argentina, durante a Copa de 1978, que a seleção do país encerrou um tabu de 47 anos sem vencer sua maior rival, a Alemanha. Até hoje, os jogadores que estiveram em campo naquela vitória por 3 a 2 são reverenciados como heróis e a narração do terceiro gol é provavelmente o áudio mais escutado e repetido no país nos últimos 30 anos.

Eu moro aquimais de sete e nunca consegui entender porque se dá tanto valor a um jogo que não valia nada – a Áustria cumpria tabela naquela altura e o resultado, no máximo, impediu que a Alemanha disputasse o jogo de 3° e 4° lugares contra o Brasil. No fundo, viver de um triunfo que ficou no passado é criar um lastro que impede o futebol daqui de avançar. Não é à toa que a seleção austríaca virou nos últimos anos uma espécie de pateta do continente, tomando muitas goleadas, não conseguindo se classificar para os grandes torneios e sofrendo de absoluta insegurança. Não me esqueço há uns três anos quando vi na tevê o capitão do time dizendo que empatar com a Moldávia fora de casa era um bom resultado. Moldávia!

Hoje, a Áustria tem uma chance de ouro de enterrar o significado de Córdoba, reconquistando o respeito dos adversários e, principalmente, de si próprios. E reescrevendo a história. Basta derrotar a Alemanha. Claro, no papel, o time de Ballack e Podolski ganha fácil, de 3 a 0 ou mais. Mas vocês não têm idéia da dimensão que este jogo tomou: não se fala de outra coisa na cidade, o ar parece eletrizado, há uma nação inteira – e as outras nações da Europa, fora a Alemanha, também – à espera de um milagre.

E eu vou torcer e sofrer junto deles. Se o milagre acontecer, vai ser a maior festa que este pequeno país no meio do continente viu. Caso contrário, vamos continuar vivendo dos gols de Córdoba. Pelo menos, o segundo foi um golaço!

6 comentários:

Unknown disse...

Vai ser hoje que a Alemanha vai acordar para a copa!

Anônimo disse...

Manda a Áustria jogar contra o Brasil!
Certeza que eles ganham e dá uma animada aí Ico!
Pelo que você escreveu, a Áustria parece ser a Venezuela da Europa...

Speeder76 disse...

Ico, o Hicksberger não é um dos heróis de Cordoba? Parece que sim, não é?


Mas é perferível recordarem Cordoba do que aquele "pacto de não-agrsssão" vergonhoso que aonteceu quatro anos depois, em Espanha, e que chutou a Argélia para fora...

Anônimo disse...

Minha única boa lembrança do futebol austríaco é um centroavante grandalhão, meio trombador, mas que chutava com as duas. Acho que era Polster o nome do cara. E lembro de um amistoso em Viena, em 1988, Brasil 2x0 Áustria, em que o Andrade driblou meia Áustria antes de fazer um gol monumental.

Ico (Luis Fernando Ramos) disse...

Leonardo, eles ganharam, mas nao parecem que acordaram. Se jogarem como ontem contra Portugal, nao sei nao...

Eduardo, a sua comparacao é boa, embora a Venezuela esteja fazendo um bom papel nas eliminatórias. Mas a Áustria acabou virando um dos anoes do continente, infelizmente. No saldo, isso pode mudar.

Speeder, como esquecer da "vergonha de Gijón", o jogo que levou a FIFA e a UEFA a fazerem no mesmo horário os jogos da última rodada da fase de grupos. E sucesso para o time luso!

Mauricio, era o Polster mesmo, um grande jogador com o cérebro do tamanho de uma ervilha. Procure no you tube com as palavras Toni Polster Doppelpack, tem um vídeo bacana com vários gols dele.

Rafael M. F. disse...

Hola Ico! (Como se fala "olá" em alemão?)

Nessas horas eu penso: Graças a Deus por 1950! Há dois anos atrás encontrei um casal de uruguaios em Búzios, litoral norte do Rio. A primeira coisa que o moço (na verdade já um senhor nos seus cinquenta anos bem vividos) disse foi: "Desculpa por 50!". É algo até hoje comemorado por eles. Mas nunca mais ganharam uma copa do mundo.

Penso que se fôssemos nós os vencedores, hoje o Brasil não seria pentacampeão mundial. Ficará sempre aquele sentimento: "ganhamos cinco copas, mas perdemos a de 1950!"

Vou aqui pertinho, no Rio: CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO. Desde 1992 não ganham um título nacional. E desde 1981 não ganham um título internacional de expressão. Mas basta uma derrota de porte e uma zuação para que invoquem todas as conquistas passadas, meio que querendo se defender. É outro clube que vive de conquistas passadas.