AINDA SOBRE O ACIDENTE DE JIM CLARK

Não há nada como cavar fundo na história e não parar de descobrir coisas novas. Na minha coluna de ontem no GP Total, coloquei em dúvida a imparcialidade do engenheiro Peter Jowitt, que conduziu as investigações sobre o acidente em Hockenheim. Hoje, recebi dois ótimos e-mails do Ricardo Divila sobre Jowitt, um com sua própria visão e outra com a opinião de Doug Nye, um respeitadíssimo historiador inglês.

Deu para ver que errei completamente no meu julgamento, baseado no fato de que Jowitt fora escolhido pelo próprio Colin Chapman para investigar os destroços. De acordo com um depoimento de Jowitt dado a Doug Nye, o chefe da Lotus o procurou justamente para ter a certeza de uma investigação imparcial sobre a morte de Clark. A perspectiva de seu pupilo ter morrido por uma falha em um Lotus era algo que assombrava Chapman e ele precisava ter certeza do que realmente ocorrera, considerando inclusive a possibilidade de parar com o automobilismo se houvesse alguma culpabilidade sua no caso.

Jowitt fiscalizava os carros nas provas do RAC, o automóvel clube inglês, e não hesitava em proibir qualquer carro de entrar na pista quando via que tinha algo errado. Ele conduziu a investigação do acidente de Clark junto com um representante da Cosworth e outro da Firestone. No que restou do pneu traseiro direito, encontrou um rasgo que não encaixa com nenhuma ponta de suspensão quebrada no impacto da batida. Baseado nisso e também na descrição da dinâmica do acidente, Jowitt concluiu que foi realmente um furo do pneu iniciado por algum tipo de destroço que deveria estar na pista.

Quem quiser acompanhar a interessante discussão sobre o acidente de Clark que contém o depoimento dado a Nye (que está na penúltima página), clique aqui. Para encerrar, vale fazer a correção do que escrevi na coluna, com uma frase do Divila: “Erro de julgamento, possível; parcialidade, não”. Obrigado, RDV.