Para dissipar qualquer dúvida, Felipe Massa apelou para o gestual. Ao estacionar seu carro nos boxes do lindo circuito de Valência, depois de ganhar o GP da Europa, o brasileiro subiu na carenagem, a mão direita com o dedo indicador apontando para cima. “Eu sou o número um”, era a mensagem que tinha um destinatário muito claro.
Mas a Ferrari parece indecisa e tropeçando nos seus próprios erros. A equipe vai perdendo pontos importantes enquanto não se decide se aposta suas fichas em apenas um piloto para brigar com Lewis Hamilton pelo título da temporada. Em Valência, mais um motor foi para o espaço antes da corrida terminar. Desta vez, foi o de Kimi Raikkonen.
Antes da quebra, o finlandês já gastara sua cota de erros no final de semana. Ele foi mal na classificação mais uma vez, perdeu uma posição na largada e, em seu último pitstop, acelerou antes da hora e atropelou um mecânico. Um desempenho que gerou muitas cobranças pela passional imprensa italiana.
Os mesmos jornalistas, e o paddock da Fórmula 1 em geral, não se cansaram de elogiar o trabalho perfeito de Felipe Massa. O brasileiro, depois de sofrer um doloroso golpe no GP da Hungria, chegou em Valência como se estivesse em uma missão. Classificou-se com pouca gasolina para largar na frente e acelerou forte depois da largada para abrir vantagem para o resto. Sem nenhum Safety Car para atrapalhar, fato inédito na temporada para circuitos de rua, Massa ganhou fácil. E fez também a melhor volta.
Para o piloto, foi uma vitória olímpica. Felipe Massa, o tempo todo no clima dos jogos em Pequim, comparou seu primeiro lugar à conquista de uma medalha de ouro e fez questão de elogiar aos atletas do Brasil que subiram ao alto do pódio na Ásia. E deu um recado, dizendo que tinha a medalha, mas que ainda faltava o “troféu de ouro”.
Não será fácil prevalecer contra o inglês Hamilton nesta briga. Mesmo correndo com febre, o inglês fez um bom trabalho e correu pensando no título, somando mais um bom resultado com um segundo lugar. Mais contido, menos pensando em show, o piloto parece ter aprendido com os erros que fizera em 2007.
São exatamente estas lições do ano passado que apressam uma decisão da Ferrari. Na ocasião, era a dupla da McLaren que brigava entre si e perdia muitos pontos, o que deu a chance de Raikkonen ser campeão. O quadro se inverteu agora, e os problemas de confiabilidade do time italiano tornam o quadro ainda mais delicado. Um quadro que também se parece muito com o Mundial de 1986, quando a Williams bobeou e Alain Prost levou o título correndo por fora.
Depois de batizar a incrível pista de Valência com, diga-se, uma das corridas mais chatas da temporada, a Fórmula 1 se prepara para acelerar fundo. Serão duas provas em pistas velozes: o GP da Bélgica, em Spa-Francorchamps; e o da Itália, em Monza. Se a Ferrari massacrar a McLaren, pode até manter sua briga interna em aberto. Mas basta um pequeno deslize e o time corre o risco de praticamente enterrar as chances de seus pilotos e as suas também. No Mundial de Construtores, a McLaren vai chegando. Está com apenas oito pontos de desvantagem. Nas últimas duas corridas, a Ferrari massacrou na pista, mas somou 16 pontos. A McLaren fez 27, ganhando onde mais importa: na tabela.
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5 comentários:
luis,
saberia me dizer pq kimi fez o Q3 com 4 voltas a mais de combustivel q o massa? da mesma forma o fez na hungria.
Se kimi sabe ter problemas na classificação, pq colocar tanto combustivel no carro? Massa e kimi sempre tiveram 1 volta de diferença em nivel de combustivel, raramente 2. Mas 4 é muita coisa!
Sabendo q a cada volta a mais de combustivel um piloto pode ser cerca 0.1s mais lento, kimi classificando 0.3s mais lento na hungria e 0.5s em valencia é mais do q esperado, nao?
Interessante a pergunta do Henrique .
Mas acredito que nesta prova foi o Massa quem deve ter arriscado mais para parar mais cedo.
De qualquer forma o grande problema da Ferrari está na briga interna dos pilotos ,o que era previsivel no inicio do ano .
Jonny'O
Eu acho que a Ferrari não se decide por um ou outro piloto simplesmente porque não dá. Não é mais como no tempo do Schumi em que a superioridade de um piloto sobre outro era clara; Massa (que melhorou muito) e Raikkonen estão tão próximos que um só vai trabalhar pro outro na hora que ele não tiver mesmo chance. No caso do Raikkonen, eu até duvido que ele realmente venha a trabalhar para algum companheiro de equipe, primeiro porque ele nunca teve de fazer isso na carreira, depois porque se ele estiver mesmo pensando em sair logo da F1, e seguindo a lógica "James Hunt" que ele parece curtir, para quê desperdiçar vitórias?
Henrique, a sua pergunta é muito boa e oportuna e há uma resposta lógica.
Em primeiro lugar, o F2008 é um carro rápido principalmente em ritmo de corrida, mas apresenta uma dificuldade: é difícil trazer o pneu para a temperatura ideal para apenas uma volta rápida (um "outlap" parece ser insuficiente).
Massa está conseguindo acertar seu carro para minimizar (ou até eliminar) esse problema. Kimi nao. Na hora decisiva do Q3, no final quando o combustível é mais baixo, ele "vai pro pau" com pneu frio e acaba cometendo erros - alguns por conta da borracha, outros pela ânsia de tentar reverter o quadro "no brazzo".
Bem, se Kimi se classificasse em Valencia com um nível de combustível parecido ao do Felipe (com uma volta a mais ou a menos), pelo problema com os pneus ele corria um sério risco de voltar a ter problemas e se classificar atrás de pilotos com mais gasolina que ele - o que seria um desastre em termos de estratégia, ficaria preso no início e perderia muitas posicoes ao parar cedo demais e voltar no tráfego dos últimos colocados.
Vale lembrar tb que no sábado, a temperatura caiu bem em relacao à sexta, o que representava mais problemas ainda na hora de esquentar os pneus. O Massa, mais confiante, arriscou junto com a equipe na estratégia e fez a parte dele. Com o Kimi, deu a impressao, resolveram optar pela seguranca.
Fez sentido?
faz sentido sim, mas acredito q com o carro mais vazio ele conseguiria um minimo de performance a mais. Vale lembrar q nas ultimas 3 corrida ele largou no sujo e atras. Nessa ultima, por causa de 0.1s ele perdeu a posicao pro kubica.
Se tivesse largado em 3°, ao inves de perder posição na largada poderia ter ganhado a posição do hamilton, uma vez q raikkonen frequentemente larga melhor q kubica.
Largar no sujo em 2º nao é um problema, mas largar em 4º e 6º perdendo posição na largada e ficando preso atras de carros mais lentos a corrida inteira nao é vantagem nenhuma.
Classificando leve, ele pode largar mais na frente se acertar a volta, e se errar nao tem nada a perder, pois ficar lá tras com pouco ou muito combustivel nao faz diferença nenhuma.
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