quinta-feira, 30 de abril de 2009

FOTO DO DIA – GP DO PACÍFICO DE 1994

Roland Ratzenberger disputou uma única corrida na Fórmula 1. Pegou tudo o que tinha juntado em quatro anos no florescente automobilismo japonês e comprou uma vaga na equipe Simtek para a temporada de 1994. Não conseguiu se classificar para a largada do GP do Brasil, mas terminou a etapa seguinte, o GP do Pacífico no circuito de Aida, em 11° lugar. Era um homem vivendo seu sonho, interrompido de forma brutal no acidente de quinze anos atrás em Ímola.


O que mais me impressiona em Ratzenberger é o carinho demonstrado por seus colegas de pista do tempo em que esteve no Japão. Heinz-Harald Frentzen afirma ter tido sua vida salva pelo austríaco numa briga de bar em Tóquio. O alemão foi tirar satisfações com um sujeito que destratava sua companheira quando este tirou uma faca do bolso e partiu para cima. Foi Roland quem o desarmou com um movimento ágil e decidido.


O finlandês Mika Salo até batizou um de seus filhos de “Roland”. Em 2004, deu o seguinte depoimento. “Me chateia o fato dele ser o homem esquecido, sempre à sombra de Ayrton. É claro que eu não digo isso de maneira desrespeitosa, mas acho triste que muitas pessoas esquecem dele. Era uma grande pessoa e um grande amigo. O importante é que nós, seus amigos, nunca o esqueceremos”.


A turma de Ratzenberger também é unânime em afirmar que ele era o sujeito que mais atraía a mulherada. Teve um casamento relâmpago com uma aeromoça norueguesa, cujo maior arrependimento foi o de ter jogado fora sua agenda com o telefone de dezenas de mocinhas. Quando comenta sobre o funeral de Roland, Gerhard Berger faz uma observação curiosa: “nunca vi tanta mulher bonita no mesmo lugar”.


Aqui, nossa homenagem a ele.


Wir werden dich auch nie vergessen.

16 comentários:

António Barbosa disse...

Lembro-me sempre de Roland Ratzenberger e na verdade não acho que seja esquecido, era normal que a morte de alguêm mais conhecido resultasse num maior impacto mas isso acontece em todo o lado e em qualquer sector da vida, Roland era um bom piloto de Sport , muito respeitado junto dos chefes de equipa mesmo antes de chegar á F1.
Ico obrigado por se lembrar de Imola 94 , tem um blogue que fecha todos os anos por esta data e não é por respeito...
Felizmente existem blogues de pessoas educadas e equilibradas como você que respeitam as grandes memórias desportivas que ficaram , coisa que incomoda mentes pequenas e que nunca vão entender o significado de certos atletas além dos números.

Daniel Médici disse...

Não sabia que o Berger tinha ido ao funeral do compatriota. E também não sabia desse lado Cévert do Roland.

Claro que a morte do Senna foi mais determinante como componente da tragédia do GP de San Marino do que a de Ratzenberger, mas nenhuma vida humana é maior ou menor do que outra, e a fatalidade deste último tem a mesma carga de tristeza e mistério que a do brasileiro.

Paulo Cunha disse...

Ops Ico,

Acho Mika Salo não quer ser desrespeitoso, então onde se lê "É claro que eu não digo isso de maneira respeitosa", leia-se "É claro que eu não digo isso de maneira desrespeitosa", ou na forma direta, "É claro que eu digo isso de maneira respeitosa".

Emerson disse...

Já conhecia essa história e pelo que li da sua trajetória complicada até chegar a F-1 foi de um batalhador.

Justa homenagem.

Luiz G disse...

É...parecia ser mesmo um bom sujeito.

Arthur Simões disse...

Nós nunca vamos te esquecer.

Com certeza.Meu irmão de 11 anos sempre me pergunta(mais nessa época do ano) quem foi Ayrton Senna e como foi o dia 1 de maio de1994.Sempre conto a história do GP e faço questão de contar também a história do austriaco.

Infelizmente o que o Salo falou é verdade.
Quem não acompanha tanto a F1 não faz a menor idéia de quem foi Roland Ratzenberger.
Passam todo ano ,nessa mesma época, dois trilhões de programas em homenagem a Senna(alguns são muito bons é verdade) mas pouquissimos fazem uma citação justa a Ratzenberger.
Uma pena.

Abraço Ico.

Ico (Luis Fernando Ramos) disse...

Oooops, valeu pelo toque, Paulo, a frase está corrigida!

Anônimo disse...

A imprensa austríaca presta alguma homenagem mais incisiva a Ratzemberger, acerca dos 15 anos de sua morte, Ico?

Unknown disse...

Um sujeito que é lembrado pelos amigos dessa forma, sempre é um grande sujeito.

Luís disse...

Repito a pergunta do Hugo... Ico tem mais curiosidades do Ratzenberger? adoro curiosidades...

Henry disse...

ICO,
Ia te perguntar sobre a MTV e numa pesquisa inicial vejo que fazia até parte do nome da equipe (MTV Simtek Ford), a qual, consta como um dos fundadores o Sr. Max Mosley.

1abraço

Alexandre Carvalho disse...

Ico, eu tenho uma F1 Racing de 1998 onde o Frentzen conta essa história da briga no bar.

Na verdade, eles chegaram lá sozinhos e duas mulheres foram abordá-los. Pouco depois, apareceram dois caras dizendo que elas eram suas namoradas e aí começou a discussão, quando ocorreu o episódio da faca.

Tem também uma outra história que é ótima, contada pelo Mika Salo. Estavam os dois na estrada, acho que no Japão, no meio de um congestionamento, e Eddie Irvine estava no carro da frente, junto com um fotógrafo.

Quando o Roland percebeu que Irvine era o motorista à sua frente, imediatamente arreou as calças e pôs a bunda na janela. O fotógrafo não perdeu tempo e sacou a câmera. A foto foi publicada dias depois em uma revista, com a cara do Salo, que estava ao volante, e uma bunda branca ao lado. :-)

Luis Claudio disse...

As pessoas falam que a morte do Senna joga uma sombra sobre a morte do Ratzenberger, mas o que se pode fazer também? O Ratzenberger, como foi dito, só fez uma corrida na F1, e o Ayrton Senna tem toda sua carreira pra ser lembrada, morreu em um momento ainda produtivo na carreira, é uma morte mais lembrada e celebrada. Ninguém deveria se sentir mal por não se lembrar do Ratzenberger, não há obrigação de acusar quem não se lembra dele de ser injusto. seus amigos devem lembrar realmente porque é isso que eles eram: amigos.

Alexandre Carvalho disse...

Vale lembrar que até o pai do Ratzenberger convive com isso numa boa e compreende a diferença entre o Roland (estreante) e o Senna (tricampeão).

E outra: caso o Senna não tivesse morrido, aí sim é que o Roland provavelmente seria esquecido (a não ser por nós, malucos pela F1). Ou alguém aqui acha que a cada dia 30 de abril ninguém mais lembra dele?

Esquecidos certamente foram Patrick Depailler, que morreu em um treino particular e não teve seu acidente exibido para todo o mundo, ou até mesmo Elio de Angelis, que morreu sob as mesmas circunstâncias. O que ajuda um pouco é o fato de ele ter sido companheiro de Senna na Lotus e por ter pilotado o famoso carro preto e dourado. Disso todos lembram.

Gil disse...

Justíssima homenagem. Parabéns, Ico!

itamar disse...

Tem um excelente texto, escrito por vc em http://www.gptotal.com.br/entrevista/ratzemberger1.htm