O enorme contraste entre China e Bahrein não se resume apenas à cultura, paisagem e povo. Pensando apenas no evento da Fórmula 1, os dois países vivem realidades completamente distintas. O governo de Xangai se vê às voltas com uma corrida que não desperta o interesse do público local e causa um rombo enorme no orçamento anual. O contrato é uma herança de gestão anterior e os responsáveis já sinalizaram que não pretendem renová-lo. Ano que vem, seria a última passagem da categoria por lá. Uma confirmação disso deve acontecer em breve.
O GP do Bahrein, ao contrário, é um sucesso. A exemplo do que acontece em Mônaco e Cingapura (não por coincidência, os três são os menores territórios a receber a categoria), o país trata o evento como seu principal acontecimento anual. A organização não mede esforços para que tudo saia de forma perfeita e a prova é realmente a melhor do ano neste quesito.
A preocupação é clara: é através da Fórmula 1 que Bahrein se colocou no mapa mundial. Nem tanto como destino turístico (não há atrações e nem envergadura para competir com o que Dubai faz nessa área), mas como centro de negócios. Através da corrida, os barenitas promovem uma imagem de seriedade e competência, uma propaganda fundamental para um país que é gerido como uma empresa.
O próximo passo que vai pegar carona no GP se chama “@bahrain”, um complexo gigantesco que será montado ao lado do circuito do Sakhir, incluindo uma arena multiuso, um complexo de hotéis, um centro de convenções, um parque de exibições, um centro de desenvolvimento de tecnologias, um parque de diversões explorando a interatividade eletrônica e um grande shopping center. É, os sheiks já estão se mexendo para acabar com a falta de atrações para os turistas.
Aqui, a Fórmula 1 ainda ficará por muito tempo. Para os sheiks, pagar as taxas exigidas por Bernie Ecclestone não é um problema. O retorno de imagem para um país que necessita desesperadamente disso compensa. Não é o caso de Xangai, que não precisa da categoria para continuar sendo o coração financeiro e industrial da China.
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7 comentários:
ICO,
Interessantes essas informações para nos situarmos.
Não entendi a questão de Xangai: O contrato é uma herança de gestão anterior. Então existem variações de gestão na China, a coisa não é tão monolítica como se faz parecer. Seria isso?
1abraço
Nâo é bem assim, Henry. O anterior gestor do autódromo de Xangai foi preso por corrupção, e um dos casos do qual esse senhor foi acusado (será que já o executaram?) tem a ver com a gestão do contrato do autódromo, mais concretamente desvio de fundos...
Ico, há um outro detalhe que não pode ser esquecido: o príncipe de Bahrein adora automobilismo (a ponto de competir com carros esporte) e fez de tudo para criar em seu país um ambiente de competição. Há dois anos, por exemplo, ele organizou a 24 Horas de Bahrein, com equipes européias.
Não sei se a prova aconteceu nos anos seguintes. De qualquer maneira, aquela de 2007 teve a participação de três brasileiros, e um deles (Beny Lago) conhece bem a família real barenita. Ele me deu informações valiosas para a matéria que escrevi para a revista da Porsche. Quem quiser ler pode baixar o PDF por meio deste link:
http://www.porsche.com.br/arquivo-clubnews/task,cat_view/gid,40/
Abraços! (LAP)
A essas horas me pergunto quando, ou melhor, se veremos pilotos árabes na F-1 nos próximos anos. Ou mesmo equipes, que poderiam ser bancadas sem maiores dificuldades pelas familais reais. A ver...
Não vejo a hora de Xangai sair do calendário...
Faustini, já houve especulações sobre um "Team Dubai", que seria uma equipe satélite da McLaren. Agora, com as propostas de Mad Max de um teto orçamentário, é possível que se junte à Lola, USGPE, Prodrive no bolo de novas equipes.
E também acho que os chineses simplesmente não se interessaram pela F1. Já os barenitas, os ricos é claro, parecem gostar de carros e corridas, e despejam grana sem dó no GP.
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