sexta-feira, 1 de maio de 2009

AYRTON SENNA, POR NELSINHO PIQUET

Se eu fosse você, aproveitava que era feriado e corria na banca para comprar o Lance! e ler a material que eu preparei sobre os 15 anos da morte de Ayrton Senna, contando ainda com a edição caprichosa de Fred Sabino e do pessoal da redação. Os depoimentos colhidos no paddock dos pilotos brasileiros e de outros personagens também estão sensacionais!

Para dar um gostinho, quero me ater ao que disse Nelsinho Piquet. Direto e sincero como de costume, o piloto da Renault me ajudou a tentar compreender o que não é bem claro para quem já passou de trinta verões: como que os jovens de hoje, meros garotos há 15 anos atrás, viveram aquele triste domingo e todas as conseqüências do que aconteceu. “Eu comecei a assistir a Fórmula 1 naquela época, essa foi uma das primeiras corridas que eu vi. Tinha oito anos de idade, então não tinha muita paciência para ficar uma hora e meia parado na frente da televisão. Me lembro que estava na casa de um amigo meu, o Pedro Henrique de Araújo, que também era kartista e infelizmente já morreu, vendo a prova com ele e os pais dele”, recorda Nelsinho.

O estado de choque que o Brasil entrou com a notícia é algo que marcou muito o menino Nelsinho Piquet. “Lembro da imagem do acidente, mas eu ainda não tinha a dimensão do que Ayrton Senna representava para o Brasil. Eu tinha acabado de me mudar para o país e tinha o meu pai também. Então tudo em volta da gente – amigos, família – era só Nelson Piquet, era a referência que eu tinha”, afirma.

A visão sobre Ayrton Senna na mente de Nelsinho Piquet se cristalizou com o tempo. E hoje a nova geração de pilotos das duas famílias se dá muito bem, obrigado. “Depois de alguns anos eu realmente entendi a lenda que Ayrton Senna era. Sei que meu pai e ele tiveram suas diferenças, mas eu não tenho muito a dizer sobre isso. Não acompanhava a Fórmula 1 na época então não conheço muito sobre ele. Hoje, tenho um contato muito próximo com o Bruno, o conheci quando ele veio morar na Inglaterra, é meu amigo e um cara muito bacana”.

O legado deixado pelo tricampeão é valioso demais, como aponta Nelsinho. “Para o Brasil, ter o Ayrton foi muito importante. Ele foi ídolo e serviu de inspiração para todos os pilotos que vieram, que chegaram à Fórmula 1, que estão correndo no mundo inteiro”.

Para encerrar a conversa, o piloto Nelsinho Piquet faz uma observação interessante sobre as circunstâncias da fatalidade. “Pelo menos, o acidente aconteceu com ele fazendo o que mais gostava, fazendo o seu trabalho e correndo na Fórmula 1. Não me entendam mal, mas eu preferiria morrer num carro de corrida do que num acidente de avião, por exemplo”.

Quinze anos depois, o filho de Nelson Piquet mostra no respeito e admiração por Ayrton Senna que a nova geração pode ensinar uma bela lição à nossa: reverenciar dois grandes esportistas pelos grandes feitos que obtiveram na Fórmula 1. Feitos que estão muito, mas muito acima mesmo de diferenças pessoais, de simpatia ou antipatia por esta ou aquela personalidade.

17 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Eu tinha 9 anos na época. Posso dizer que, assim como Nelsinho, não entendia direito a importância de Ayrton Senna para o Brasil. Mas acredito que para a maioria das crianças e adolescentes daquela época, não era necessário entender isso: bastava sentir. E era quase impossível não sentir, diante do apelo de mídia que Senna e a Fórmula-1 tinham no Brasil naquele período.

É provável que boa parte dos garotos de 9 anos que viviam no embalo de um esporte que para os brasileiros, naquela época, era praticamente tão popular quanto o futebol, tenham abandonado o gosto pela categoria em algum ponto de suas vidas. Em compensação, outros tantos garotos são apaixonados por Fórmula-1 justamente em função da influência de Ayrton Senna - e eu sou um deles.

Lembrar não apenas o fim de semana em Imola'94 como todo aquele período do final dos anos 80/início dos anos 90, é mais do que um mero exercício estatístico ou esportivo. É um exercício de nostalgia, de algumas paixões e momentos que deixamos pelo caminho ou esquecemos ainda durante aquela época, como os vários desenhos que ainda guardo da McLaren de Senna, da Williams de Mansell, da Ferrari de Prost - todos eles feitos na infância...

Posso dizer que aprendi a sentir a Fórmula-1 antes mesmo de compreendê-la. E acho que é justamente esse o alicerce de uma paixão que, felizmente, nunca deixará de existir.

Gil disse...

Ah, Ico, se eu achar o Lance! vou comprar pra conferir todo o material (aqui em Pernambuco, não é tão regular a distribuição do jornal). Quantas saudades inundam o coração da gente hoje. Mas é isso, passaram-se 15 anos e pra gente que, como vc mesmo disse, já passou dos 30, aquele final de semana vai estar sempre muito nítido na memória. Quase tudo que aconteceu ali foi transmitido ao vivo, com exceção do acidente do Rubinho - e ainda assim um flash foi dado pela Globo na sexta de manha falando daquele vôo incrível que a Jordan deu. Por vezes me pergunto como teria sido a Fórmula 1 se aquilo tudo não tivesse acontecido...Um abraço desta F1 Girl.

Ron Groo disse...

Eu estava assistindo a corrida, e depois iria jogar futebol. Não fui.

Piquet Jr deu uma lição a xiitas de ambos os lados.
Sempre fui torcedor de Piquet, mas diminuir a importância, o talento e a genialidade de Senna é coisa de burro. E burro eu não sou.
Nunca vi ninguém guiar como Senna, meu pai diz que Clark era parecido, não sei. Não vi. E por isto prefiro pensar que talvez Ayrton tenha realmente sido o melhor. Torcida à parte.

Concordo com Nelsinho, Senna se foi fazendo o que gostava, amava, e melhor sabia fazer.

Anônimo disse...

Infelizmente vou sofrer bastante no dia de hoje, mas no contrário da maré. Nunca gostei do Ayrton como pessoa e acho que essa "divinização" é um absurdo, extrapola o limite do quanto vc gosta ou não de uma pessoa. Não entro no mérito de suas qualidades como piloto, apesar de que, como Schumacher, tomou muitas atitudes altamente reprováveis. Mas o tipo de atitude de vangloria qualquer fiapo de coisa que a pessoa fez ou deixou de fazer, só porque morreu num acidente, repudio e acho que desmerece todos os outros pilotos, sejam quais forem suas habilidades.

Angelo

Marcos Antonio disse...

Realmente é interessante saber do Nelsinho sua visão sobre Ayrton Senna. E isso mostra que se ele respeita e admira o que foi Ayrton Senna,possa ajudar a cabeças de certos fãs xiitas de Senna e do Piquet.

Eduardo Gaensly disse...

Nossa.., parece que foi ontem!
Lembro que eu ia almoçar na casa da minha vó, então pra poder assistir depois, eu e meu pai resolvemos gravar a corrida.
Não lembro porque, acabamos ficando em casa, e lembro direitinho da corrida. A batida na largada com o Pedro de La Rosa, depois a batida do Senna.

Fui saber que ele tinha morrido já na casa da minha vó, e logo depois, acabei sabendo que meu vô tinha sofrido um derrame (faleceu uns 15 dias depois).

Domingo a noite, no banho, eu comecei a chorar muito. Tinha 10 anos na época, o Senna era meu herói, mas lembro que me senti muito culpado porque no começo da temporada, lebro que tinha falado pra um amigo meu que ia torcer pro Schumacher, e que o Senna ia bater e ia morrer...

Criança é fogo.

Na época, eu era manipulado pela mídia, pra mim, o Senna era o melhor do mundo.
Hoje em dia, tenho minhas opiniões são diferente, ele com certeza foi um dos melhores, mas fez muita besteira, não era 100% correto, tinha seus defeitos. Era só um ser humano.
Mas mesmo assim, hoje em dia, vendo vídeos das corridas do Senna, sempre acabo sentindo alguma coisa especial.
Não tem jeito, o Senna era especial.

Diego Camargo - Floripa/SC disse...

Para quem foi criança no início da década de 90 era impossível não se apegar a aquele cara que queria ganhar de qualquer jeito, falava devagar na TV e corria muito rápido nas pistas.
Tenho certeza que foi por causa dele que eu sou um apaixonado por F1.

Gostei muito do que falou o Nelsinho, ele morreu fazendo o que gostava, claro que é difícil aceitar uma coisa dessas, mas é isso mesmo.

Hoje tenho uma opinião bem diferente sobre F1, mas se tem alguém que me fez ligar a TV pra ver carros correndo pela primeira vez, este alguém foi Ayrton Senna.

Mas como dizem...the show must go on.

LeandroSpectreman disse...

Grande post, meu caro Ico. Acho que já não é nenhum exagero classificar seu blog como o melhor na categoria IMPRENSA SÉRIA NA f1. Muito interessante abordar o tema Ayrton Senna na perspectiva "inusitada" como apresentou.

Realmente, conversamos com alguns garotos de 20 e pouco anos e ele não têm muito noção sobre Ayrto Senna. Muitos deles preferem "endossar" o discurso ufanista que a TV Globo e o amigo de Senna "impuseram" durante anos quando o assunto é Ayrton Senna. Eu prefiro a sobriedade.

Tomara que muitos fãs de F1 possam aprender com as palavras do Nelsinho Piquet um pouco mais desse grande piloto que passou pela F1. E aprender que todo aquele "inferno" (mais midiático) entre Piquet e Senna é algo que não pode se sobrepor à verdade, aos fatos, à história. Veleu, Ico!

Unknown disse...

Tinha 12 anos...., chorei para ficar assistindo a corrida, mas minha mãe me levou para a missa, quando voltava caminhando pelo o bairro perguntei a um vizinho( Beto Bazuca ) como estava a corrida? ele só falou: o Ayrton Senna bateu.
Lembro muito bem a noite, minha mãe e meu irmão chorando; é como muitos já disseram, mas a impressão que se tinha é que ele era uma pessoa próxima.

Daniel Médici disse...

Apesar de haver vários pontos não-comuns entre mim e Nelsinho, tinha a mesma idade dele quando o acidente ocorreu. Via a Fórmula 1 quase da mesma maneira (a diferença é que eu não desgurdava o9s olhos da tv).

Posso dizer que ele acaba de ganhar o meu respeito.

António Barbosa disse...

" Só porque morreu num acidente " ...tanta ignorância demonstrada numa só frase...
Vás ler , vá ver registos antes de falar disparates.

EdisPJ disse...

As declarações de Nelson Angelo demonstram que toda essa baboseira criada em torno do mito, que só se poderia ser fã de um, não do outro - no caso, o pai dele, Nelson Piquet - é tudo obra e armação da venus platinada, ávida em produzir um icone inabalavel e, com isso, desprezar todos os talentos que este país já produziu, e que não foram ele...quem realmente gosta de automobilismo não se prendeu a esta 'obrigação' global, de torcer por um só...

valter disse...

Senna viveu o auge em sua carreira vencendo corridas e campeonatos em uma época que no nosso país resgatavá-mos, depois de muitos anos de ditadura, o direito de votar para presidente. As ruas foram tomadas por movimentos populares e os mais velhos vão se lembrar dos caras pintadas. A era Dunga foi uma vergonha. Cassamos um corrupto e quando Senna vencia e levantava nossa bandeira todos ficavam felizes, desde a criança ao vovô. Senna quando vencia o francês ou inglês fazia com que os brasileiros se sentissem vitoriosos, afinal era a vitória do 3º mundo sobre o 1º. Para muitos brasileiros não interessava em qual país ele corria, quantos litros de gasolina o carro gastaria, quantos pneus usava, havia pessoas que não sabiam o nome da equipe que ele corria, só importava a vitória. Leio posts aqui e em outros blogs de pessoas que ainda não tinham nascido ou idade para compreender o que acontecia no nosso país e portanto jamais vão entender e dar valor a relação de Senna com nosso país. Senna como piloto e ser humano também cometeu erros como qualquer mortal e enDeusá-lo é um exagero, mas respeitá-lo é obrigação de todos os brasileiros que vivenciaram aqueles dias e sentiam-se felizes quando na 2ª feira iam trabalhar dentro de um ônibus apertado e comentavam felizes e com orgulho cada ultrapassagem, um erro do adversário ou mais uma vitória de Senna e mesmo que não ganhasse, tinhamos a certeza que ele havia feito tudo o que podia.

Fernando Tumushi disse...

Assim como o Edu, tb tinha 9 anos e lembro de estar assistindo a corrida, só que era com a minha vó na minha casa.... Quando Senna bateu, pensei eu e acho que todo mundo que foi uma pancada forte, mas ja ele sai do carro e fica olhando o que sobrou da williams e iria andando pro box.

Todo mundo errou, infelizmente.

Senna na pista era um excelente piloto e a fórmula 1 perdeu um grande referencial, assim como quando perdeu Gilles, Clark e outros, mas seguiria seu rumo como seguiu outrora.

Os brasileiros perderam Senna, a família perdeu Ayrton e eu perdi a vontade de acompanhar as corridas. Me desanimou muito saber, que cara do capacete amarelo não estaria depois de 15 dias em monaco e em qualquer outro lugar...

Pras crianças dessa época, Senna era uma referência, digo isso com base em todos os amigos que tem a mesma idade que eu. A corrida era medida pelo Senna. Prost tá na frente do Senna !!! Prost não estava em 1º, estava na frente dele.

Essa semana vi no programa Limite o Flavio Gomes dizer, que a única coisa que ele não gosta na história pós-Ayrton é a "beatificação" de Senna. Besteira. Um homem continuar como referência mesmo depois de morto e ser saudado e reverênciado não o faz um santoou redime os erros que cometeu. Senna era grande e tão querido pelos brasileiros como hoje..

As pessoas no mundo continuam a lembrar e exaltar o Senna apenas como uma forma de retribuir um pouco da alegia que ele dava à todos que gostavam de Fórmula 1 ou até de quem não gostava.

Pra mim é isso. Um homem, um piloto, uma lenda.

Valeu Ayrton !!!

Mário Salustiano disse...

belo comentário fez o Piquet Jr., belo exemplo para os xiitas de plantão, interessante ver que nos poucos comentários postados aqui como as vezes afirmações tão cheias de verdades que alguns fazem as vezes somos acometidos por enganos, o Eduardo acima fala que lembra direito, Eduardo sem querer ofender, quem bateu na primeira volta foi o Pedro Lamy e não o De la Rosa que nem corria na epoca, rele3mbrar a história apenas pela memória as vezes produzem equivocos e os xiitas as vezes se pegam em verdades que nem existiram, concordo plenamente que a situação de rivalidade entre Senna e Piquet foi objeto de interesse que alguns tiraram proveito inclusive financeiros, voltando ao tema um belo exemplo também dá o Piquet Jr ao revelar que foi prciso ele rever os fatos para entender o que houve, espero que sirva de exemlo a alguns que exageram até hoje deixando de aproveitar o fato que tivemos o provilégio de ter em nossa torcida dois excepicionais pilotos e que ao invés de dividir deveriamos somar
abs

Grünwald disse...

Boas lições. Que poderiam, inclusive, ser absorvidas por alguns jornalistas, fãs inveterados do pai dele, que insistem em falar mal do Senna de graça. Sou fã do Senna, mas nunca abri a boa pra falar mal do Piquet. Vi os dois correndo e, mesmo se não tivesse visto, não há porque ficar insistindo em intrigas a esta altura do campeonato. Para quem lida com comunicação, agir de maneira adulta é algo bom e necessário.

Abração
Grün