quarta-feira, 10 de junho de 2009

OS ENGENHEIROS DOS BRASILEIROS: PHIL CHARLES

Caros amigos, nestes dias que antecedem o GP da Inglaterra, um presente especial para vocês: um insight exclusivo com cada engenheiro de corrida dos três pilotos brasileiros da Fórmula 1 - todos da terra da rainha. A idéia é trazer com mais clareza como é essa relação entre quem senta no cockpit e quem acerta de fora tudo o que diz respeito ao carro. Começamos hoje com o de Nelsinho Piquet, Phil Charles. Confira e comente!


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Ninguém vivenciou mais de perto as dificuldades que permeiam a trajetória de Nelsinho Piquet na Fórmula 1 do que Phil Charles. Afinal, o engenheiro de corrida do brasileiro também estreou nesta função na Fórmula 1 no mesmo momento: o GP da Austrália do ano passado. Alguns críticos apontam isto como um possível fator nos problemas enfrentados pelo piloto. Mas Nelsinho deixa claro não ser este o caso e releva um ponto fundamental na relação piloto-engenheiro: a confiança.


- Nossa relação é ótima! Phil é uma pessoa em quem eu confio totalmente, somos amigos também fora da pista. Eu prefiro trabalhar com alguém assim a um engenheiro mais velho, com muito mais experiência do que eu – afirma Nelsinho.


O inglês também rechaça esta teoria da inexperiência. “Convivemos com o mundo do automobilismo durante a vida toda. Nelson, claro, fez muitas corridas no passado e a situação toda com tranqüilidade. Eu também corri de kart em campeonatos britânicos dos meus 8 aos 20 anos e trabalhei com o esporte a motor desde então. Fora alguma ansiedade, acho que sempre estivemos preparados para a pressão dessa situação”, garante Charles.


A principal dificuldade encontrada pelo duo Nelson-Phil está claramente nos treinos de classificação. O brasileiro ainda não conseguiu se classificar à frente de Fernando Alonso – o que por si nem é tão assustador quando se usa a razão. Afinal, sempre que chegou ao Q3, o brasileiro sempre teve de aceitar que o espanhol fosse com o carro mais leve, com a estratégia ideal. Até , tudo bem. O problema é que Nelson quase nunca chega ao Q3. Phil Charles explica o motivo centrando o foco de seu raciocínio em Alonso. “Fernando se sobressai quando precisa reagir rápido e usar a experiência a seu favor. Ele costuma exceder quando o volume de combustível muda de forma significante como, por exemplo, no momento da classificação. Ou quando as condições da pista mudam repentinamente. Nelson está melhorando nestes aspectos e ganhando mais experiência também”.


Para entender melhor a questão, peço a Phil Charles que explique melhor as diferenças entre os dois pilotos da Renault e pergunto: Nelson pode se beneficiar de alguma forma dos acertos escolhidos por Fernando? “Em termos de estilo de pilotagem, não há uma diferença grande entre eles. Com o passar do tempo, o acerto de Nelson se desenvolveu de uma forma particular sua. De mais significativo está o fato de que Nelson prefere acertar o carro com um pouco mais de aderência dianteira. Ele não um de uma máquina que sai de frente, ao contrário de Fernando”.


O gosto diferente no comportamento do carro não impede que Nelsinho Piquet demonstre suas qualidades como piloto. Qualidades reconhecidas e valorizadas por todos na Renault, para desespero dos corneteiros de plantão, que assinaram algumas vezes, em vão, a sua carta de demissão. “Acima de tudo, Nelson tem uma ótima velocidade natural. Outra qualidade sua é a de freqüentemente ultrapassar carros na primeira volta. Ele tem a habilidade de ler muito bem o tráfego nessas situações. Seu ritmo nos ‘long runstambém é muito bom, e vai sempre num crescendo, com os tempos de voltas ficando mais e mais rápidos”, elogia o engenheiro.


Para resolver os problemas na classificação, o brasileiro não tem poupado esforços. Nas conversas diárias conosco, é fácil notar sua empolgação em explicar e discutir assuntos mais técnicos, questões voltadas mais para o comportamento do carro do que temas abstratos como a dureza da Fórmula 1 em comparação com outras categorias. Este interesse na parte técnica é outra qualidade muito valorizada por Phil Charles e os principais nomes da engenharia da Renault.


Nelson gosta de investir seu tempo trabalhando conosco, como uma maneira de exigir mais de si mesmo e de aprender ao máximo em cima dos dados que lhe passamos. Seu retorno técnico é muito bom de forma geral, o que nos ajuda na hora de testar novas partes. Além disso, ele não teme dizer que não sentiu nenhuma diferença quando fazemos uma mudança, o que é importante para não desenvolvermos o carro numa direção errada”, explica.


Enquanto trabalha em conjunto com Nelsinho para superar as dificuldades e melhorar o desempenho nos treinos para traduzir em pontos o bom ritmo de corrida do seu piloto, Charles aguarda com ansiedade a corrida de Interlagos, em outubro. “O Brasil é minha corrida preferida no ano. Adoro os brasileiros e sua maneira de levar a vida, sua paixão e exuberância. Sem falar que meu restaurante favorito em todo o ano fica ”. Como nove entre dez membros da trupe da Fórmula 1, o inglês também é incondicional das churrascarias paulistanas.

11 comentários:

Arthur Simões disse...

Já tinha reparado nisso também.
O Nelsinho ultrpassa rápido e seus tempos de volta na corrida são muito bons.Na Turquia isso ficou claro na ultrapassagem sobre o Kova e em seus tempos na corrida de Domingo.

Abraço Ico!!

speed.king.thrasher disse...

Algo bloqueia o Nelsinho em treinos de classificação, acho eu q seja o psicológico e não o técnico.

Ele precisa concertar seja lá o q isso for rapido, pois andando do jeito q ele anda rapidinho irão descarta-lo da F1 ñ somente da Renault. Ele não precisa botar 1 seg em cima do Alonso, mas tbm não pode perder todas como vem fazendo... é hora de reagir!

abs!! e bela matéria! espero ansioso pela próximas!

LeandroSpectreman disse...

Ico, seu blog é de longe o melhor na categoria F1. Você faz JORNALISMO. A maioria não passa de "palpiteiros pendurados em fontes". Excelente postagem que você nos traz dos engenheiros dos pilotos brasileiros. Parabéns. Os corneteiros de plantão não devem gostar muito desse tipo de texto. Pior pra eles!

Herik disse...

Ico,

Muito obrigado por uma matéria como esta. É ótimo poder ler algo com conteúdo mais profundo sobre o automobilismo. Nós que realmente gostamos de corridas agradecemos a cada vez que nos informamos em fontes de qualidade, coisa quase impossível de conseguir na imprensa em geral e, principalmente, na superficialidade da rede de tv oficial.

Sobre o Piquet Jr., embora torça muito para que ele melhore e vença na F1, penso que será difícil ele prosseguir na categoria. Na F1 não basta ter qualidades latentes. Tem que demonstrá-las. E o brasileiro está demorando demais em fazê-lo. Sem aquele equilíbrio emocional necessário para superar as pressões ele não anda. E a Renault, hoje e com Alonso e Briatore ao lado, certamente não é o melhor lugar para um piloto que precisa de tempo e lapidação.

Tomara que ele consiga virar o jogo.

Zani (AutoZani) disse...

Tudo nesta vida é constituido por uma série de fatores e o êxito depende do sincronismo entre eles. Por várias razões e de acordo com as circunstâncias de cada um, o acerto desses fatores pode ser mais facil ou difícil. Mas, nunca é tão simples quanto os críticos, geralmente leigos no assunto, imaginam.
O importante é tentar, como Nelson Piquet Jr. está fazendo.
Outro dia um amigo me disse que perseguir sempre um objetivo é até mais imortante do que alcançá-lo.
Isto é o que falta aos críticos gratuitos, negativos e destrutivos.

Anselmo Coyote disse...

Ico e amigos,
O Nelsinho vai melhorar na classificação.

Aquela ultrapassagem sobre o Hamilton na Turquia não é para qualquer um. Atacar, defender, segurar a posição e preservar as saídas de curvas como fez não é para "braço duro". Ainda mais que o adversário foi o Hamilton, que jamais entrega os pontos.

Como disse um amigo meu, o Hamilton é o piloto mais "encardido" do grid.

Algum piloto de F1 quer a Renault?

Ico, aquilo é a Tabajara da F1, igual ou pior que a Force India. Nem Alonso faz aquilo andar.

"Corneteiros"? Quem liga?

Abs.

Anônimo disse...

nem o piloto: ayrton clark mansel prost pace fittipaldi da silva,

na formula um de hoje,

consegue fazer alguma coisa com 50 kg de combustível a mais no carro.

se nelson e seu engenheiro não reverem essa estratégia,

adeus f1
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parabens pelo ótimo post

abraço do emersonphicog

Anônimo disse...

Ico, o que o menino precisa é um carro aquilo é uma lata velha.
O Nelson foi sempre rapido por onde passou, tirando a lingua do pai.
BOA SORTE.

Dennis disse...

Para mim este engenheiro quer vender um peixa que não é tão bom quanto ele "acha". Claro, afinal se Nelsinho cai fora, ele deve cair fora tb. E não tem como manter o emprego do último colocado do campeonato. Vai assim até o fim do campeonato, ou seja, otimismo até quinta ou sexta, decepção no sábado , resignação no domingo. Ico está em todos os GP's e pode confirmar...

Vitor, o de Recife disse...

A F1 atual tem um grande problema para pilotos novatos: a limitação dos testes. Hoje em dia, um piloto como o Massa, notadamente rápido mas que demorou bastante para amadurecer, não tem muitas chances: ou se mostra de cara rápido e constante, ou cai fora.

Unknown disse...

De acordo com o que o engenheiro disse,não seria o caso de o Nelsinho testar um acerto parecido com o do Alonso,ou seja,o carro saindo um pouco de frente?Afinal dá a impressão que fica mais rápido com a traseira mais estável.
Aposto que essa adaptação seria fácil pra ele,que é um piloto de "braço"(vide ultrapassagem no Hamilton).