quinta-feira, 18 de junho de 2009

PAPÉIS TROCADOS

A entrevista coletiva da FIA de hoje trouxe apenas os dois pilotos ingleses do grid. Trouxe também um contraste muito interessante em relação ao ano passado: desta vez, a torcida estará toda a favor de Jenson Button, enquanto que Lewis Hamilton será um personagem secundário, quase esquecido, do espetáculo que será (do ponto de vista dos fãs locais) a corrida de domingo.


Conversei com muitos colegas ingleses e todos apostam que a festa desse ano tem tudo para ser muito maior que a feita por Lewis Hamilton nas duas edições anteriores do GP da Inglaterra. Segundo eles, uma coisa que os britânicos adoram é a história de um “underdog” que consegue brilhar e ter sucesso depois de anos de perseverança. E muitos destes torcedorespelo que dizem meus colegas – se incomodavam com o percurso de “sucesso programado” der Lewis Hamilton. E vêem no atual campeão do mundo a mesma arrogância que viam em Michael Schumacher, um nome que a inglesada adora odiar.


Certamente, o “escândalo da mentiranão ajudou em nada a mudar isso. Para piorar, ainda jovem e um pouco inexperiente, Hamilton se indispôs com diversos jornalistas pela repercussão do acontecido em Melbourne e foi severamente criticado pelos (lamentáveis) tablóides da Fleet Street. Na semana passada, numa tentativa de mudar o quadro, a McLaren convidou treze deles para umas voltas em Silverstone, de carona em um carro esporte da Mercedes com Hamilton ao volante. A pista estava molhada. A turma adorou.


(Alô Fiat do Brasil: Massa em Interlagos, conosco, que tal?)


Na outra ponta da equação, Button desfruta de mais um ponto a seu favor: o torcedor o como um cara normal, “one of the guys”, um piloto sem traços de estrelismo, sem pinta nem pretensão de semi-deus das pistas. Quem era assim no passado? Nigel Mansell, o maior ídolo inglês que Silverstone (e a Inglaterra inteira) conheceu.


Diante deste cenário descrito pelos colegas, estou curiosíssimo para ver o CAX neste final de semana. Para quem não sabe, “CAX” é o nome informal para o mais informal ainda “Cap Autosport Index”, a taxa que mede a popularidade de um piloto pela quantidade de bonés seus na arquibancada. Todos se lembram das arquibancadas de Barcelona tingidas de azul em 2005 por Fernando Alonso. Ou do mar vermelho em Hockenheim no auge da parceria Ferrari-Schumacher. Agora, vale ficar de olho se as tribunas de Silverstone estarão mais brancas e amarelo marca-texto do que estiveram prateadas e laranja nos últimos dois anos. No domingo eu prometo abordar isso na edição do “Credencial”.


E você, como compara trajetória e popularidade de Lewis Hamilton e Jenson Button?

3 comentários:

Lucas disse...

Button parece ser um cara bem mais humilde e simpático mesmo... Hamilton é meio metido, oq já ficou comprovado em tantas das suas atitudes de "estrela".

Entre os dois, sou mto mais fã do Button, sem dúvida.

Klauss disse...

Ico, eu lembro de uma vez que vc escreveu, não lembro se em 2004, 2005 ou 2006, no GPTotal um artigo que vc comentava que o Button era visto como um cara muito foda mas que não tinha aquela oportunidade, mas que vc não achava aquilo tudo não, que parecia mais falação. Eu te enviei um E-mail até dizendo que eu concordava, que falavam demais do Button e ele não mostrava.

Ainda na dúvida se erramos, ou lembrando que corridas de CARROS são disputas mais de equipamentos, noto como em outras coisas ele é o contrário de Hamilton. Uma das coisas que, não sei se no seu caso mas no meu caso justificam o fato de não ver o Button como "aquilo tudo", é que ele não é do tipo Alonso, Schumacher, Senna, que conseguem mostrar um estilo diferencial, essa capacidade de SE tornar vencedor (quer queira, quer não, quem o tornou num vencedor foi Ross Brawn). Mas agora é vencedor com sobras, mesmo se deixarmos o mérito ao Ross Brawn. Hamilton é o piloto que chegou abafando, de vez em quando faz umas corridas impressionantes vindo lá de trás, mas cada dia dá mais pinta de ser o novo Jacques Villeneuve...

Enfim, vamos ver se o tempo os coloca de volta no lugar que estavam, ou se essa mudança é permanente, não?

Tiago disse...

Eu também sou mais favorável a um cara que consegue brilhar e ter sucesso depois de anos de perseverança, como é o caso do Button. Sem contar que o cara parece ser humilde, pé no chão, que não se deixa levar pelo sucesso e não se ilude com tantos elogios.
O Hamilton foi moldado para ganhar, o título dele em 2008 foi uma consequencia quase "natural", resultante de todo o investimento que fizeram nele desde pequeno.
Só o que o Button sofreu com a Honda nos últimos 2 anos já me faz simpatizar muito mais com ele...
Mas para o bem do campeonato, seria bom ele não ganhar (mais) essa corrida...