Lembro-me bem do dia da morte de Tom Jobim. Tinhachegadocedo à redação do Jornal da Tardeparaadiantar algumas coisas, entra a música do plantão da Globo decretando silêncio na sala e a notícia transformou completamente a rotina do dia. O impacto da morte de um dos maioresnomes da nossaricamúsica foi absorvido e gente de todas as editorias, eu incluído, ajudou a levantarummaterial à altura do assunto. Que rendeu uma das últimas capas históricas do JT, uma fotoempreto e branco dele na praia no Rio, elegante ao lado de umvelhobarco de madeiraque servia de suportepara o título “O Brasil perde o Tom”.
Quinze anos, puxa, tantacoisa mudou. Na minhavida, claro, o garotinho aindauniversitárioque estagiava se formou e foi viajarmundoafora, no Brasil que passou e continua passando por tantas transformações sócio-urbanas em uma economiaque, na época, ainda aprendia a serestável, no JT que se transformou completamente, a últimavezque estive lámal reconheci a redação, todamoderna e rearranjada, hojemal reconheço o jornal, que mudou completamentesualinhaeditorial, parapior, diga-se.
A obra dele, porém, permanece imortal e absoluta, canções e melodiasque o mundologo apreciou e reverenciou e que escancarou o potencialcriativo dos músicos daqui, semfalarnosencantos das mulheres brasileiras queele cantava, as moças de Ipanema, as Luízas e Lígias, e também na força da naturezaqueele amava tanto, como transparece nessa bela “Borzeguim”, uma trilhaparainspirar as autoridadesque têm (e devem desperdiçar) a oportunidade de realmentecuidar do mato, da capivara e do passarim adotando medidas sensatas no encontroem Copenhagen, elecertamente estaria engajado na luta de alguma forma se estivesse vivo, servindo de exemploparatodosnós.
Não bastasse tudo que você já escreveu ainda tinha o fato de Tom ser uma figura.
Dizia ele que todo pianista tinha de ter algum defeito físico qualquer, se não por que se trancar em um cubo de trevas deixando lá fora o sol e um milhão de mulheres bonitas? Ele próprio tinha uma inflamação eterna no nervo ciático.
Outra história muito boa dele é a do cheque que passou na padaria Século XX no Jardim Botânico, RJ. Um dia ao saber que um cheque de Charles Chaplim foi leiloado por uma fortuna resolveu pagar ao dono da padaria, Armando Ascenção, uma conta de 100 mil cruzeiros novos (10 dólares da época)com um cheque e disse: "-Pega esta relíquia por que um dia ela valerá milhões!".
Quando morreu, em 1994 o padeiro apresentou o cheque a imprensa e disse que talvez um dia ele faça o tal leilão: "-Não foi ele que sugeriu?".
Se eu pudesse pedir algo a Deus, pessoalmente, pediria a vida boa e bem vivida e o talento gigantesco e simbólico que Tom teve e apresentou durante sua passagem por aqui.
Acho que eu morreria feliz. Como ele certamente morreu.
Na pauta desse blog, discussõessobre a Fórmula 1 emtodos os seusaspectos: histórias do passado, análises do presente, bastidores da cobertura e curiosidades. E muitamúsicaparatemperar essa mistura de razão com a paixãoque o automobilismo desperta.
Repórter de Fórmula 1 do Grupo Bandeirantes de Rádio, do diário Lance e da revista Racing. Apreciador de boa música, viagens e velocidade. Guitarrista amador, corredor de rua e piloto virtual.
5 comentários:
Não bastasse tudo que você já escreveu ainda tinha o fato de Tom ser uma figura.
Dizia ele que todo pianista tinha de ter algum defeito físico qualquer, se não por que se trancar em um cubo de trevas deixando lá fora o sol e um milhão de mulheres bonitas?
Ele próprio tinha uma inflamação eterna no nervo ciático.
Outra história muito boa dele é a do cheque que passou na padaria Século XX no Jardim Botânico, RJ.
Um dia ao saber que um cheque de Charles Chaplim foi leiloado por uma fortuna resolveu pagar ao dono da padaria, Armando Ascenção, uma conta de 100 mil cruzeiros novos (10 dólares da época)com um cheque e disse: "-Pega esta relíquia por que um dia ela valerá milhões!".
Quando morreu, em 1994 o padeiro apresentou o cheque a imprensa e disse que talvez um dia ele faça o tal leilão: "-Não foi ele que sugeriu?".
Um gigante este Tom Jobim
Esse é daqueles que não morre nunca. Bravo, Maestro!
Com os vocais seguros em duas família de peso (Ana e Elizabeth Jobim, Danilo e Simone Caymmi) quem, mas quem ligou o microfone do Tom??
Eu não conhecia essa apresentação do do Tom no Montreal Jazz Festival... muito menos que estava no You Tube.
Só pra relembrar que é um blog não só de automobilismo...e que vale mesmo a pena passar por aqui fora da temporada...
Se eu pudesse pedir algo a Deus, pessoalmente, pediria a vida boa e bem vivida e o talento gigantesco e simbólico que Tom teve e apresentou durante sua passagem por aqui.
Acho que eu morreria feliz. Como ele certamente morreu.
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