EVOLUÇÃO, SIM; REVOLUÇÃO, NÃO

Treze equipes, Michael Schumacher de volta, uma Brawn anexada pela germânica Mercedes, uma Ferrari latina, uma McLaren inglesa e uma Red Bull apostando na genialidade de um piloto e um projetista: os ingredientes para a disputa esportiva em 2010 sugerem uma refeição apetitosa, mas o espetáculo pode ser indigesto se o pacote técnico não colaborar. Então, vamos abrir o ano refletindo sobre como serão os carros nessa temporada.

O fim do reabastecimento é quem dita a construção dos bólidos. Os tanques terão o dobro da capacidade atual, mas vão continuar a ocupar o espaço entre o cockpit e o motor. Com isso, a distância entre-eixos dos carros vai aumentar. A distribuição de peso e a falta de espaço estão fazendo com que os projetistas quebrem a cabeça para encontrar uma nova colocação para elementos com o reservatório de óleo, por exemplo, que pode voltar a ficar entre o motor e o câmbio (antes, ficava ao lado do tanque).

Os pneus dianteiros ficarão menores e isso terá uma influência enorme na aerodinâmica. A asa dianteira vai continuar com diversos elementos, seguindo o modelo adotado em 2009 por Adrian Newey para o RB5. Mas a menor resistência de ar na roda da frente deve incitar novas soluções aerodinâmicas nas entradas de ar laterais – a chamada “área cinza” do regulamento onde os projetistas têm mais liberdade para criar. O prolongamento na parte superior da carenagem (a “barbatana de tubarão”) vai continuar em moda.

Em relação aos pneus, a Bridgestone vai mudar a construção dos seus compostos, deixando todos eles um pouco mais resistentes em relação ao ano passado – uma conseqüência dos carros começarem a corrida com mais peso que em 2009. As coberturas das rodas foram banidas e as paradas nos boxes para troca de pneus devem durar em torno de quatro segundos (vai ser impressionante de ver).

Como se vê, uma série de pequenos detalhes que criam um interessante quebra-cabeça para os engenheiros. Mas o panorama geral é de que os modelos apenas evoluam em cima dos de 2009. Uma boa notícia para quem teve um ano ruim no ano passado (alô Ferrari, McLaren, Renault...), pois haverá mais terreno para crescer ao longo da temporada. Mas uma boa notícia também para Red Bull e Mercedes (Brawn). Com apenas 15 dias de testes antes da abertura da temporada no Bahrein, elas tendem a começar a disputa na frente.