domingo, 31 de outubro de 2010

COMPUTADOR DE BORDO

O “computador de bordo” de um Fórmula 1 tem uma aparência estranha. Com dez botões, nove chaves e quatro borboletas, ele é uma poderosa ferramenta de trabalho para otimizar o funcionamento do carro. A diferença é que quem o opera tem de fazê-lo a mais de 300 km/h, ao mesmo tempo em que conduz uma máquina caprichosa pelas retas e curvas de um circuito.

Clique aqui para ver os detalhes do volante no gráfico feito pelo Lancenet.

Falei com Lucas di Grassi sobre a peça: “Fui me acostumando ao longo do ano. Como tive poucos testes de pré-temporada, não deu para iniciar a temporada com uma ideia total das possibilidades do volante. Mas aprendi rápido. Hoje, sei exatamente o que fazer no volante e que efeito isso terá no meu carro”, revelou.

A intimidade com o instrumento de trabalho é tão grande que não há como se atrapalhar mesmo quando ocorre uma disputa por posições. “Você age automaticamente. Se o piloto da frente cometeu um erro, eu vou para a mistura 1, e depois de ultrapassá-lo, ou mesmo se não tenha conseguido a ultrapassagem, tenho de voltar para a 2. É como no videogame, você nem precisa olhar para o controle quando aperta o botão de 'turbo' para passar”, analisou.

De todo o manuseio feito pelo piloto, o mais complicado é o procedimento de largada. Di Grassi explica: “Você precisa segurar uma embreagem numa posição, a outra em outra posição e com o acelerador apertado em uma certa porcentagem. Assim que as luzes se apagam, você precisa reagir rápido para soltar uma embreagem, mudar a porcentagem de aceleração, soltar a outra embreagem e mudar essa porcentagem novamente. São cinco etapas em meio segundo”.

Mas os pilotos treinam isso exaustivamente, inclusive um dos botões serve exclusivamente para simular as luzes de uma largada. Assim, todo o processo acaba automatizado. “Você pode errar a largada, claro, mas tudo é feito de uma forma que minimiza essa possibilidade. No fundo, tudo depende mais da posição de embreagem que o engenheiro escolhe”, aponta Di Grassi.

(Foto Luis Fernando Ramos)

4 comentários:

sissy disse...

*Great interview*!!!

*Perfect information on automotive engineering*.

Guilherme disse...

Ico, MUITO legais essas informações! Não sabia dessa complicação para uma largada ou da quantidade de controles e funções em um volante. Desafiador e ao mesmo tempo estimulante ter tanto controle sobre uma máquina com tecnologia de ponta.

Informação bastante útil para compreender melhor as transmissões, bem como os momentos de genialidade dos pilotos. Parabéns, gostei bastante!

Dé Palmeira disse...

É, e ainda tem gente que diz que hoje em dia o piloto não faz nada, só acelera.

Lembro de ter assistido uma matéria sobre volantes de F1 na BBC e o Martin Brundle entrevistava o Nelson Piquet jr, esse com o volante do Renault 2008 e o primeiro com um modelo anos 80, sem absolutamente nada, nem as borboletas do câmbio.

A uma certa hora David Coulthard, impressionado com a simplicidade da peça pergunta a Brundle: "Mas o que vocês faziam durante a corrida?"

E Martin responde "Nós guiávamos, trocávamos as marchas…"

Eu achei muita graça…

Celso AM disse...

Ico, muito legal mesmo!
no gráfico, só faltou indicar as borboletas da embreagem..

Abraço