quarta-feira, 6 de outubro de 2010

EL MARIACHI

Trinta anos depois da discreta participação de Hector Rebaque como companheiro de equipe do campeão mundial Nelson Piquet, o México voltará a ter um piloto na Fórmula 1. Sergio Perez, 20 anos de idade, será o companheiro de Kamui Kobayashi na Sauber em 2011. É o primeiro fruto do programa de jovens pilotos feito pela gigante das comunicações Telmex, empresa do bilionário Carlos Slim.

Mas não é só o empresário que faz parte da trajetória de Perez. No sábado do GP da Hungria, fui convidado pela Bridgestone junto do jornalista inglês Adam Cooper para almoçar com ele. E foi muito interessante encontrar um sujeito muito mais maduro do que sua idade sugere. “Minha família sempre esteve envolvida com o esporte a motor. Meu pai trabalhou com Adrián Fernandez por 15 anos, fazia e eu pude começar assim muito novo, com seis anos no kart”, relata o piloto.

Fernandez atua como uma espécia de conselheiro para Perez, o acompanhando na maioria das etapas da GP2 neste ano. O mesmo deve acontecer no ano que vem. Mas foi algo muito diferente do seu início no automobilismo. “Vim para a Europa quando tinha 15 anos, para andar na F-BMW Alemã. Corria numa equipe pequena, não tínhamos muitos recursos. Eu morava num restaurante, numa cidade minúscula e não falava nada de alemão. Não era fácil”, recorda.

As dificuldades foram canalizadas de forma postiva pelo mexicano. “Isso me mostrou que a caminhada para a Fórmula 1 não ia ser fácil. Com 15 anos, eu já sabia que teria de fazer muitos sacrifícios e trabalhar muito se quisesse chegar lá. Para um europeu é mais fácil, pois ele sai da pista e já esta com a família e os amigos. Eu volto para casa e estou completamente sozinho. Mas já me acostumei com isso”.

O apoio da Telmex vem desde o kart, mas não há nenhum tipo de paternalismo. Carlos Slim se mantém em frequente contato com seus pilotos (além de Perez, a Telmex apoia Esteban Gutierrez e Pablo Lopez, que correram na GP3 neste ano). “É bom ter um patrocinador assim, porque ele entende o que está acontecendo. Se você teve um problema alheio, ele sabe. Se você errou, ele sabe também e te dá uma dura por isso”, conta Perez.

Durante a conversa, ele demonstra impaciência. Não por falta de educação ou de profissionalismo. Mas “Checo” está ansioso com sua preparação para a corrida de GP2 que começaria em poucas horas. Quer comer logo, voltar para o trailer de sua equipe e sentar com seus engenheiros. Quer, enfim, pavimentar com firmeza sua trilha até a F-1. “A concorrência é muito dura. Então não busco ficar olhando o que os outros estão fazendo. Me concentro totalmente no meu trabalho, dentro do carro e fora dele. Se o fizer bom, posso chegar na Fórmula 1. E não quero só chegar, quero tentar fazer história também”, receita.

Na história do automobilismo mexicano, ele já entrou. Para entrar na da categoria, terá de continuar trabalhando com a mesma dedicação. A maturidade joga a seu favor, a pouca idade lhe dá tempo para se estabelecer. A base está aí. Agora é com ele.

Um comentário:

Ron Groo disse...

Não conheço o cara, um amigo me disse que é um bom piloto, o cara manja assiste corridas durante o fim de semana todo. Ao vivo, gravado...

Agora minha dúvida é: Se ele ganhar vai tocar Cielito Lindo ao som de mariachis no pódio?