O líder do Mundial começou o final da semana da Coreia na frente, com o melhor tempo do dia. Foi uma sessão de difícil leitura, com a pista melhorando radicalmente a cada volta. Quem andou no final com pneus novos e o carro leve, apareceu bem no cronômetro - o que significa que quem se classificou mal na folha de tempos não está necessariamente mal.
Mas Mark Webber saiu hoje do circuito com a moral em alta. E vai para o restante do final de semana de motor novo, um sinal claro de que como está vendo aqui uma boa oportunidade para pavimentar bem seu caminho para o título. Os sinais dessa determinação já eram claros desde a coletiva oficial da FIA com os cinco candidatos ao título. Sebastian Vettel fez as brincadeiras de sempre, Fernando Alonso esbanjou a tranquilidade de quem já foi campeão duas vezes, Lewis Hamilton demonstou espírito de luta, Jenson Button sorriu o tempo todo.
Só Mark Webber estava sério. Muito sério. Quando não era a sua vez de falar, ficava olhando o vazio como um piloto mira a primeira curva na hora da largada. E quando chegava a sua vez de falar, o discurso adotado era direto, centrado, incisivo.
“Ninguém nessa sala sabe o que vai acontecer nas próximas três corridas. Poderíamos ficar horas discutindo se acontecesse isso ou aquilo, mas só o que vale é ir para a pista e correr. O resto não é importante. Não importa se disputarei posição com Vettel, Alonso, Hamilton ou Button. Cada um de nós sabe que é importante terminar as corridas, mas nem por isso abrirei mão das disputas. É sempre uma questão de se encontrar um meio termo”, analisou.
A vantagem de 14 pontos para Alonso e Vettel (que estão empatados na vice-liderança) parece confortável. Mas o australiano da Red Bull se recusa a correr fazendo contas. “Seria ridículo, porque muita coisa ainda pode e vai acontecer. Se eu ganhar as próximas duas, a coisa acaba. Mas cada corrida traz sua história e tenho apenas de continuar a fazer o que tenho feito. Nas últimas provas, minha diferença para o segundo colocado só tem aumentado. Preciso apenas que essa tendência continue”.
No cercadinho de rádio e tevê, perguntei ao australiano se não seria um incômodo todas as incertezas que envolvem a distribuição de forças no novo circuito da Coreia para quem se senta no melhor carro do grid. “De jeito nenhum. Ninguém tem mais informações que a gente, estamos bem preparados. Somos um grupo de pessoas muito fortes em entender uma nova pista e explorar o máximo dela. Estamos prontos para a briga”, garantiu. O resultado de hoje mostra que é realmente o caso, ainda que Ferrari e, principalmente, a McLaren deram sinais claros de que vão endurecer essa batalha.
Webber esteve na Austrália entre o GP do Japão e esse. O quanto foi necessário essa espairecida antes de encarar a reta final? “Na verdade, essa viagem estava programada desde março”, revelou. “Mas no meio dela me dei conta o quanto ela veio em boa hora. Vamos ter muitos vôos daqui para frente, corridas sempre em fusos diferentes, então foi bom dar uma escapada”.
Mesmo pensando na vitória, Webber se recusa a imaginar que bastaria apenas um triunfo (seja aqui, no Brasil ou em Abu Dhabi) para liquidar os adversários. “Antes de mais nada, preciso terminar todas elas. Uma vitória e dois abandonos não vão adiantar. E para conseguir isso precisamos de um esforço coletivo: o meu, o dos meus mecânicos e dos meus engenheiros. O resto vai ser consequência de fazer o melhor trabalho possível”.
Sábado é dia de definir o grid e, no duelo interno da Red Bull, ele viu o companheiro andar melhor nas últimas corridas. Será que o título poderia ser perdido nesse quesito? Webber se mostra tranquilo. “A classificação é importante sim e pode ser decisiva nesse final. Mas não tivemos ao longo do ano nenhum piloto vencendo três corridas consecutivas, os triunfos ficaram sempre espalhados. Acho difícil que isso mude agora, mas se alguém ganhar as três corridas que faltam, terá sido porque mereceu o título”, reconheceu.
A batalha para a pole traz dados interessantes: uma pista cuja sujeira fora da linha ideal vai punir o menor erro; todas as incertezas quanto ao acerto do carro e, principalmente, o funcionamento dos pneus; um asfalto que deve estar relativamente frio; e até mesmo uma minúscula possibilidade de chuva (ligeiramente maior para a corrida no domingo). Vai se dar bem quem tiver os nervos no lugar. Pelo que mostrou até aqui, Webber tem cuidado muito bem dos seus.
(Fotos Luis Fernando Ramos)
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5 comentários:
Estou torcendo muito pela RBR e Webber! até aposentei minha camisa e boné da Ferrari que substitui pelos da Red Bull
Chuva?
Então essa terra toda na pista vai virar uma lama, não vai?
To começando a torcer pro Webber. Até porque Alonso, Hamilton e Button já são camepões, o Vettel vai ter uns 15 anos pela frente pra tentar ser (e provavelmente será).
Acho que estaria em boas mão se ficasse com o australiano.
E o canguru leva minha torcida.
Eu penso que esse Mark Webber possui uma personalidade abominável; sempre mais politiqueiro do que racing driver, quando não teve um carro tão bom quanto o de agora falava pelos cotovelos - sempre em press releases - a respeito doe outros pilotos, distorcia fatos acontecidos nas corridas, sempre pareceu demonstrar grande habilidade nos tratos de bastidores. Não era pra menos, pois ingressou na F1 pelas mãos de Briatore.
Lembro de um post aqui neste blog, de alguns anos atrás, Webber deu uma fechada em Alonso (de Renault caminhando para seu primeiro título) em Suzuka, que quase manda o espanhol para o laguinho no interno da primeira curva; foi tachado aqui de um "sem noção", no que concordo sem hesitação, afinal é só observar sua pilotagem sem brilho e sem personalidade a cada weekend.
Um motivo para não torrar uma grana num ingresso para Interlagos é a possibilidade de ver o troglodita vencendo lá novamente (ainda bem não fui ver o GP do ano passado).
Fernando Amaral
Webber parece ser o unico que pensa que essa é sua chance,assim como oButton no ano passado. Se nao vencer esse ano, sabe-se lá se em 2011 ele terá essa oportunidade...
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