quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

23

Primeiro foi Fernando Alonso, depois Lewis Hamilton e, agora, Sebastian Vettel. O principal fato dessa década da Fórmula 1 é que o recorde de precocidade entre campeões mundiais foi quebrado por três vezes após ficar mais de trinta anos em poder de Emerson Fittipaldi. O talento ainda conta muito, claro que é o quanto os três novos recordistas são especiais. Mas a categoria evoluiu de uma forma que a experiência deixou de ser um componente fundamental. Basta velocidade, competência e, claro, uma boa dose de sorte em estar no carro certo no momento certo. Para ilustrar essa evolução, vale um exercício de comparar em que estágio da carreira estavam estes 15 campeões ao completar 23 anos de idade.

Sebastian Vettel (Alemanha - campeão aos 23 anos e 134 dias)
Comemorou seu 23º aniversário ainda saboreando os louros de sua segunda vitória na temporada, mas ainda na terceira colocação da tabela. Ganharia o título na última corrida.

Lewis Hamilton (Inglaterra - campeão aos 23 anos e 300 dias)
Completou 23 anos em janeiro de 2008, com a experiência de uma temporada de F-1 na qual quase foi campeão. Terminaria o ano, seu segundo na categoria, com o título.

Fernando Alonso (Espanha - campeão aos 24 anos e 58 dias)
A temporada de 2004 não foi das melhores para o espanhol, quarto colocado ao final. Mas tinha conseguido no ano anterior sua primeira vitória na F-1, no GP da Hungria.

Michael Schumacher (Alemanha - campeão aos 25 anos e 314 dias)
Fez em 1992 sua primeira temporada completa na categoria, conseguindo no GP da Bélgica daquele ano a primeira de suas 91 vitórias.

Ayrton Senna (Brasil - campeão aos 28 anos e 223 dias)

Fez o seu primeiro teste com um carro de Fórmula 1, em julho de 1983, meses depois de completar 23 anos. Seria o campeão da F-3 Inglesa naquela temporada.

Alain Prost (França - campeão aos 30 anos e 224 dias)
Ganhou em 1978 o título da Fórmula 3 Francesa, ficando em nono lugar no certame Europeu. Venceria ambos os títulos no ano seguinte antes de ascender à F-1 em 1980.

Nelson Piquet (Brasil - campeão aos 29 anos e 60 dias)
Teve um ano de muito trabalho, aprendizado e poucos resultados na Fórmula Super-Vê em 1975, mas se sagraria campeão da categoria na temporada seguinte.

Niki Lauda (Áustria - campeão aos 26 anos e 197 dias)
Fez em 1972 sua primeira temporada completa na Fórmula 1 ao comprar uma vaga na equipe March. Não somou nenhum ponto ao final de um ano repleto de problemas.

Emerson Fittipaldi (Brasil - campeão aos 25 anos e 272 dias)
Completou 23 anos em dezembro de 1969, recém-coroado campeão da F-3 Inglesa. Venceria sua primeira corrida de Fórmula 1 antes mesmo de completar 24.

Jackie Stewart (Escócia - campeão aos 30 anos e 88 dias)
Foi no ano de 1962 que ele decidiu se tornar um profissional, ganhando as duas primeiras corridas de sua carreira, pilotando carros esporte na Grã-Bretanha.

Jim Clark (Escócia - campeão aos 27 anos e 188 dias)
O talentoso piloto já estava em seu quarto ano de competições em 1959, quando somou 23 vitórias em diferentes categorias. No ano seguinte, estrearia na F-1 pela Lotus.

Jack Brabham (Austrália - campeão aos 33 anos e 254 dias)
Trabalhava como mecânico em 1949 e disputava corridas de Speedcar em ovais curtos de terra, sagrando-se campeão australiano da modalidade.

Alberto Ascari (Itália - campeão aos 34 anos e 38 dias)
O conflito cada vez mais acirrado na Europa em 1941 encerrou as atividades automobilísticas oficiais, mas Ascari havia feito sua estreia em quatro rodas na Mille Miglia do ano anterior.

Juan Manuel Fangio (Argentina - campeão aos 40 anos e 126 dias)
A carreira competitiva do mecânico da cidade de Balcarce estava apenas começando em 1934, com as primeiras participações em provas de Turismo Carretera da região.

Giuseppe Farina (Itália - campeão aos 43 anos e 307 dias)
O primeiro campeão da F-1 já tinha disputado sua primeira corrida, mas em 1929 sua concentração era na faculdade de direito. Só viraria piloto profissional três anos depois.

12 comentários:

Unknown disse...

Como sempre excelente matéria!
Bravo Ico!

Érico disse...

O incrível aumento na confiabilidade dos carros certamente é um fator associado às sucessivas quebras do recorde de precocidade. Antigamente, além de toda a sorte de contar com um carro bom o suficiente, era preciso administrar o equipamento sem perder a velocidade. A computação e telemetria não existiam, ou, na melhor das hipóteses, eram primitivas comparadas ao que são hoje, tornando o piloto o maior responsável por manter a integridade do carro. Por mais que alguém fosse naturalmente refinado e cuidadoso, não havia sbstituto para o aprendizado da experiência.

Certamente teríamos muitos outros campeões precoces ao longo das décadas se os carros apresentassem desde então a confiabilidade de hoje.

By the way, nem os recordes do Schumacher seriam tão impressionantes se Senna ou Prost tivessem guiado carros confiáveis como os do fim dos anos 90 e toda e década seguinte. Quantas vitórias (e títulos) eles perderam por culpa de seus motores Renault turbo beberrões e frágeis?

Anônimo disse...

Fangio aos 40, Farina aos 43. Vai Rubinho!! Aos 23 ele estava na Jordan, 3ª temporada, correu em Mônaco na mesma semana sem bom resultado e no Canadá foi 2º. Quem sabe aos 39...

Marcelonso disse...

Ico,


Atualmente a molecada é cada vez mais precoce. E como vc bem colocou, adicione a isso um excelente equipamento,um pitada de sorte e pimba!

abs

Sergio Endrigo disse...

Puta foto fenomenal essa do Clark com o Chapman!

Dé Palmeira disse...

Hoje ninguém mais sequer pensa na caixa de câmbio, mas há algum tempo o piloto tinha que saber encaixar as marchas perfeitamente, no meio de uma curva, com o carro derrapando, num asfalto cheio de ondulações. Isso tudo durante duas horas!

Pra isso era preciso ter velocidade associada à experiência, muito conhecimento mecânico, além de muita sorte.

Não dá pra comparar com os pilotos de agora, que são também muito velozes. Mas as exigências são totalmente diferentes.

Anônimo disse...

Há que se pensar, também, na reviravolta social - principalmente pós fins dos anos 60 - em que os 'jovens' emancipam-se mais e mais cedo... (sob todos aspectos!)

Provavelmente, nas décadas anteriores, não seriam "entregues" equipamentos como carros de corridas a pessoas com menos de 20 e poucos anos...

Sem falar que, esses campeões com mais idade serviram de inspiração para muitos dos jovens dos anos 50, 60, 70, etc.

Antes a competição automobilística era quase que reservada apenas a indivíduos de famílias nobres ou a excêntricos ricaços que podiam arcar com os gastos... Normalmete, pessoas com mais tempo de vida é que, ou possuíam a grana necessária, ou tinham já completado toda uma formação acadêmico/social 'imposta' pela família nobre.

À medida que o esporte foi popularizando-se e surgindo tais heróis (os campeões), o acesso foi tornando-se mais facilitado... Surgem os patrocínios (não necessariamente como o Gold Leaf Team Lotus) ou patronagem, ou algo assim... Surgem também categorias 'de base' em maior número... Dessa forma, gente mais jovem pôde ingressar nas categorias top

Bom, essa talvez seja um boa teoria...

um abraço
Renato Breder

Ron Groo disse...

Beleza... Vou levar este post pro Fórum. Pode?

fernando disse...

Aproveitando o gancho, do post e do mês de dezembro, pra observar que Emerson é, quase com total certeza, o primeiro campeão mundial que iniciou carreira vitoriosa em corridas de kart, tendo sido campeão nacional de kart em seu país quando ainda não podia pilotar carros por causa da idade.
Creio que nenhum antes dele (Stewart, Rindt, Graham Hill, Hulme, Brabham,Clark, Surtees) e mesmo outros depois (Lauda, Hunt, Andretti, Jones - do Sheckter não sei) iniciaram carreira esportiva nos karts - o que hoje em dia é praticamente uma norma.
E, depois dele, justo o Piquet talvez tenha sido o que retomou a linhagem.

Tomás Motta disse...

Ico, que ótima ideia de post excelente.

Isso realmente mostra como a cada dia temos pilotos mais jovens, vitoriosos e campeões no F1 do que antigamente, quando estavam na faixa dos 30 e40 anos.

Isso também tem muito a ver coma preparação que a cada um teve, pois hoje em dia a maioria dos pilotos do grid já estavam em um kart aos 5,6, 7 anos.

ótima matéria.

Ico (Luis Fernando Ramos) disse...

Sensacionais as análises de vcs sobre o assunto. Vale uma boa reflexão num futuro próximo. Valeu!

Groo, claro q pode, o material aqui é para ser difundido em fóruns mesmo.

Abs!

TW disse...

Parabéns pela análise!! Muito importante ver que cada vez mais cedo, os pilotos estão tendo o sucesso, à moda de outros esportes.