sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

TV BLOGO - GP DE CINGAPURA


Os últimos dias foram bastante corridos na produção dos meus textos para o Anuário AutoMotor Esporte do Reginaldo Leme, um projeto do qual eu tenho orgulho de participar pela 13ª vez - e pelas páginas que eu vi, a equipe continua sendo capaz de melhorar o produto final a cada ano, o que é sensacional.

Para mim, foi também uma chance de parar e olhar para a temporada de 2010 com calma. O trabalho de cobertura in loco implica uma rotina incessante de viagens e deslocamentos, mais a velocidade na pista e a da própria notícia. Some-se a isto um espírito inquieto que quer fazer tudo: escrever, gravar, tirar fotos, ir ao maior número de entrevistas possível e aproveitar um pouco das cidades também.

O fato é que o tempo fica meio que em uma nova dimensão, os oito meses de Bahrein a Abu Dhabi passaram voando ao mesmo tempo que parece ter durado três anos tamanho o volume de informação processada.

Assim, a cobertura de cada corrida tem uma cara própria, que depende menos da corrida em si e mais da cidade, do ambiente de trabalho (paddock e sala de imprensa), do estágio do campeonato e do seu próprio estado de espírito.

Depois de repassar mentalmente cada etapa da temporada, parei em especial para relembrar a prova de Cingapura. O que eles conseguiram fazer lá é algo impressionante, o clima que fica na cidade é eletrizante e não há nada igual a subir na roda gigante para ver todo aquele espetáculo de cima, o que fiz num dos treinos livres. Depois no grid, antes da largada, todas aquelas luzes sobre o palco fazem tudo ter um brilho mais intenso e isso parece contagiar as pessoas. Mesmo sendo um traçado onde é difícil ultrapassar (menos para um Kubica com pneus novos), ele é bem desafiador para os pilotos e fica claro que a maioria dos caras adora pilotar lá.

Do nosso lado, pela própria natureza do circuito, bloqueando quase todas as ruas de um bairro, o acesso ao paddock é complicado, é onde mais se anda para chegar lá. Mas é um esforço inteiramente recompensado pelo ambiente mais alegre do ano, que mistura a positiva tensão da reta decisiva do campeonato com a curiosa luta interna de cada um em se manter no fuso horário europeu mesmo estando na Ásia.

Tem também a cidade, que mistura a modernidade pura dos prédios mais recentes com um clima tipicamente asiático dos bairros mais populares. Tem também um tradicional futebol com os jornalistas alemães, disputado em condições sub-humanas de temperatura. Um fato divertido é poder fazer isso (passeios, esporte) antes de ir para a pista trabalhar. Outro é chegar na sala de imprensa às 4 da tarde e descobrir que você foi um dos primeiros a estar lá. Sem falar no desafio de encontrar um lugar aberto depois do expediente para jantar... às 4 da madrugada!

O volume de trabalho é o mesmo, mas trocar o dia pela noite o torna de alguma forma ainda mais divertido. Sei lá, talvez eu seja um sujeito de hábitos noturnos. Só sei que, se você pretende um dia ver um GP de F-1 fora do Brasil e está economizando para isso, eu escolheria esse (até pela extensa programação de shows que acompanha o GP e que, infelizmente, eu nunca tenho tempo para assistir).(Foto Luis Fernando Ramos)

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