Nem sempre acontece quando se trata de Fórmula 1, mas o bom senso prevaleceu desta vez e o GP do Bahrein foi cancelado - ou adiado, não sabemos ainda. É claro que uma decisão destas, numa primeira linha, só tem vencedores: o povo e o governo barenitas se livraram de uma desnecessária distração num momento em que têm coisas muito mais importantes para resolver; e a própria categoria se saiu bem, dando uma rara demonstração de não ser insensível à realidade das pessoas dos lugares por que passa.
Respondendo a algumas perguntas que me fizeram hoje no twitter: não haverá uma prova no lugar do Bahrein no dia 13. Para organizar um GP de F-1 atendendo às inúmeras exigências da FOM é preciso pelo menos sete meses de trabalho. Botar um GP às pressas seria como passar o desfile das escolas de samba do Rio para o corredor de um apartamento - não daria certo nunca.
O dado acima nos direciona para as possibilidades de recolocação do evento ainda neste ano: só faria sentido mesmo realizá-lo depois da temporada européia, ou seja, a partir do final de setembro. Uma possibilidade seria entre o GP da Índia e de Abu Dhabi (aqui o calendário atual com 19 corridas), no dia 6 de novembro, colocando três domingos seguidos de provas na Ásia. Mas a F-1 sempre coloca uma prova estreante “isolada” no calendário, por não saber na prática o tempo que leva a burocracia de entrar e sair com tantos equipamentos de um país novo. Seria uma alternativa arriscada demais.
Dia 20 de novembro, uma semana depois de Abu Dhabi, também pode ser considerado. Mas como o colega Joe Saward colocou em seu blog, a turma dos Emirados Árabes Unidos não gostaria nada da idéia de ter uma prova vizinha roubando público e atenção do seu próprio evento - algo que faz sentido, embora os xeques não podem reclamar de público se a decisão do ano passado, mesmo com quatro pilotos na briga, tenha ocorrido com muitos vazios nas arquibancadas.
Essa variante também implicaria em três finais de semanas seguidos com corridas. Mas seria um verdadeiro pesadelo logístico com a última sendo bem longe dali, no Brasil. “Empurrar” a prova de Interlagos para o dia 4 de dezembro também é altamente improvável. Falei hoje com a Marília Frias, que trabalha na assessoria do GP, e ela confirmou que a organização não foi procurada para falar sobre o assunto. O fato é que os ingressos já estão à venda e mudar a data de outro GP além do Bahrein traria ainda mais complicações.
Toda essa discussão não tem a menor relevância enquanto não soubermos o que vai acontecer no Bahrein. Se o príncipe Salman Al Khalifa conseguir fazer as reformas que o povo quer e ainda assim manter o apoio do mesmo para o evento, terá provado ser um grande estadista. Mas o país pode passar por transformações profundas, ninguém sabe, e um eventual novo governo talvez prefira pegar toda a grana gasta com a corrida para investir em melhores condições para os mais necessitados. Pelo pouco que eu vi de Manama, faria o mesmo.
(Foto Luis Fernando Ramos)
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3 comentários:
"... ninguém sabe, e um eventual novo governo talvez prefira pegar toda a grana gasta com a corrida para investir em melhores condições para os mais necessitados. Pelo pouco que eu vi de Manama, faria o mesmo." Correto, Ico. Ninguém sabe.
Outra coisa é esse governo, fazendo um teatrinho, entregar o poder aos milicos ou a algum assecla e esse piorar mais ainda as coisas.
Abs.
Engraçado vocês elogiando o 'Berne, mas me diz uma coisa...o tão autruista Bernie Ecclestone devolveu a grana pro Bahrain, para ajudar quem realmente precisa, ainda mais neste momento? Acho que não né?
A F1 se importa muuuuito com os paises, muito.
Porque não realizar o grande prémio a 7 de Agosto, uma semana depois do Grande Prémio da Hungria, reduzindo a pausa de verão de 4 para 3 semanas. Continuariam a ser 3 grandes prémios em 3 semanas, mas o Bahrain não é assim tão longe da Hungria. O problema poderiam ser as temperaturas, mas isso podia-se resolver mudando a hora do grande prémio.
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