A maior parte dos pilotos da Fórmula 1 respirou aliviada com a escolha dos compostos de pneus para as quatro primeiras corridas da temporada. Pois foram justamente os tipos “duro” e “macio” os únicos que os deixaram à vontade para andar de forma constante nos testes da semana passada em Jerez. A escolha da Pirelli, no final, foi a única maneira segura de garantir o espetáculo.
As lições da última semana mostraram que o pneu “super-macio” apresenta uma aderência excelente para uma volta lançada - e, basicamente, só para ela, já que o rendimento cai vertiginosamente nas passagens seguintes. Com o “médio”, mesmo com a revisão feita para Jerez, os times continuaram tendo problemas para levar a borracha à temperatura ideal de funcionamento.
Algo que foi sentido mesmo por quem tinha sua primeira experiência com os pneus da Pirelli, como o brasileiro Bruno Senna. “Cada composto tem uma característica diferente. Para mim, os pneus duro e os moles foram os mais satisfatórios na hora de pilotar. Com o médio foi mais difícil para acertar o carro”, opinou ele depois de andar com o R31 no último domingo.
Assim, a escolha para as quatro primeiras corridas foi natural e vai permitir que as equipes se adaptem aos compostos que não serão utilizados com calma nestas duas sessões de testes que restam. Sam Michael, da Williams, justificou os tempos apenas razoáveis da Williams nos primeiros dias justamente a um intenso trabalho para entender os “médios”.
E ainda assim o time saiu de lá cheio de dúvidas. Rubens Barrichello reportou que, com estes compostos, um jogo de pneus novos se comporta quase igual a um usado. E que há a possibilidade do carro perder a traseira de repente - o acidente com Pastor Maldonado na sexta veio justamente num momento assim. Por isso, a opção por deixar os “médios” de lado e ir para o início do ano com os “duros” e os “macios”. A título de curiosidade, no ano passado a Bridgestone só usou a combinação “médios/super-macios” no Bahrein. Nas três etapas seguintes, a opção foi pela mesma variante que a Pirelli seguiu.
Mas eu não acho justo criticar a nova fornecedora da F-1 pela situação. Quando ela foi anunciada pela FIA, as primeiras conversas de bastidores davam conta de que seriam conservadores e fariam compostos os mais duros possíveis para não correrem riscos. Mas a Pirelli resolveu ouvir o clamor que vinha de dentro da F-1 por uma maior flexibilidade estratégica e foi atrás disso. Achei essa postura ótima.
Levando em conta as características das pistas que fazem esta parte inicial da temporada, o grande teste será o GP da Malásia. O calor intenso e a quantidade de curvas de alta velocidade colocarão à prova a resistência da borracha. Se o plano prevê duas paradas por corrida, é quase uma certeza que em Sepang, se não chover, teremos três. Pelo menos. A pista de Xangai é outra cujo desgaste pode ser crítico, especialmente pela curva 13, aquela de raio longo antes da grande reta.
É interessante que esta situação dos pneus traga incertaza nas primeiras corridas do ano. Uma boa chance para equipes médias e pequenas tentarem alguma surpresa, apostando numa estratégia diferente. No GP da Turquia, no início de maio, as equipes trarão uma grande revisão nos seus carros e o consumo dos pneus deve melhorar.
Além dos times, quem pode se dar bem nas primeiras provas são os pilotos econômicos com a borracha. Jenson Button brilhou no ano passado justamente em corridas com condições incertas em que ninguém sabia qual pneu usar - e ele usou os que tinha melhor que todo mundo. Se a McLaren chegar com um carro competitivo, o desempenho dele será uma boa referência para o resto do grid.
(Foto Luis Fernando Ramos)
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