A competição entre fabricantes para desenvolver e promover os seus carros é algo que está no DNA do automobilismo. Foi o que fizeram marcas distintas no início do século passado, colocando alguns malucos ao volante em verdadeiros testes que eram mais de resistência do que de coragem, como a corrida Pequim-Paris de 1907.
Cem anos depois e a maioria das marcas envolvidas no esporte debandou correndo no final de 2008, quando se viram afetadas por uma grande crise mundial. BMW, Toyota e Honda na Fórmula 1, Subaru e Suzuki no Mundial de Rali são alguns exemplos. Hoje, o mercado se estabilizou e o discurso dos executivos que eu ouvi no Salão do Automóvel em Genebra voltou a ser otimista, projetando vendas e lucros recordes.
O efeito disso já está sendo sentido no esporte. A Volkswagen vai anunciar ainda neste mês que voltará ao Mundial de Rali em 2013, se juntando à Citroën e Ford na disputa com sua própria equipe de fábrica - e não através da marca Skoda, como poderíamos imaginar. Uma novidade que deve agitar uma categoria que anda um pouco minguada. Dentre os nomes cotados para liderar o time está o do vencedor da última edição do Rali Dacar, o qatari Nasser Al-Attiyah. Carlos Sainz deve ganhar um cargo importante na direção do time. A marca também considera a possibilidade de entrar na Fórmula 1, também em 2013, como fornecedora de motores.
Na semana passada, a Red Bull anunciou um acordo de patrocínio com outra marca, a Infiniti, uma divisão de carros de luxo da japonesa Nissan. Por enquanto, não é uma parceria tecnológica. Mas os dirigentes do time não se cansaram de elogiar a estrutura de pesquisa e desenvolvimento dos japoneses. E destacaram a volta de uma marca do país para a F-1 depois da debandada geral das empresas de lá em 2008.
O bom destes sinais iniciais é que cada marca tende a copiar o que a outra está fazendo. Se algumas estão voltando ao esporte, a tendência é serem seguidas. Ainda que façam como a Infiniti e entrem apenas como patrocinadores, é uma presença mais do que importante em tempos de vacas magras nos orçamentos dos times em geral. Tomara que esta tendência se confirme.
(Foto reprodução Internet - coluna publicada hoje no Diário Lance!)
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12 comentários:
Isso é verdade naquilo que dizes, mas no caso dos ralis, do qual eu vejo isso com maior pormenor, eles dependem das marcas, e nesta altura, só ver Ford e Citroen por ali era um "deserto", comparado com aquilo que havia no inicio deste século, onde chegamos a ter seis marcas.
E depois, se avançarem da maneira como penso que vão avançar, sendo apenas fornecedora de motores e não com uma estrutura completa, pelo menos há uma coisa boa: aprenderam as lições de um passado mais recente, onde desbarataram centenas de milhões e não ganharam nada, como foi o que aconteceu com a Toyota.
Veremos o que este futuro próximo nos reserva.
Vamos ver se o tio Bernie vai reiniciar sua cruzada para sangrar as categorias "concorrentes" da F1. Ele fez isso com a Indy e o WRC e até hoje elas estão capengas. Tomara que o WRC se fortaleça cada vez mais.
É isso aí Ico! Chega desses pilotos pagantes! Queremos ver os melhores em ação!
Abraço!
Celso AM
Eu tenho a impressão que a visão que o Jean Todt tem do automobilismo inclui os grandes grupos automobilisticos. O diálogo que ele tem proposto, incluindo as fábricas no contexto da FIA, é algo importantíssimo. E, pessoalmente, acho que ele tem razão. É difícil pensar no automobilismo sem o apoio delas.
O que me deixa um tanto com pé atrás é o excesso de investimento que as fábricas podem fazer, inviabilizando os investimentos de outras fabricantes. Como ameaça ser o caso da VW no WRC. Mas, se os investimentos forem feitos com equilibrio, pode trazer um futuro interessante para o automobilismo como um todo.
Abraço,
Kohara
Mas, só complementando, a Reuters soltou hoje uma declaração atribuida a um diretor de desenvolvimento tecnico da VW afirmando que a VW não pretende entrar na F1 nem na Nascar.
http://uk.reuters.com/article/2011/03/10/motor-racing-volkswagen-idUKLDE7291LG20110310?feedType=RSS&feedName=motorSportsNews&utm_source=feedburner&utm_medium=twitter&utm_campaign=Feed:+jaf1/reutersf1+(Reuters+Motor+Sports+News)
Enfim... Quem viver verá.
Tava vendo esse artigo da Reuters, Kohara. Interessante. A Nascar tava cara que não fazia parte dos planos. Sobre a F-1, o q eu escuto é q eles ainda estudam. Mas nenhuma montadora vai decidir nada antes de um novo Pacto da Concórdia. Se ele garantir uma porcentagem significativa para os times, elas voltam correndo.
Abs!
Ico esqueceste da BMW voltando ao DTM.
Olá Ico, não se esqueça também da presença da LADA(lotus renault) e da TATA (Hispania) mesmo que vindas a reboque de seus pilotos atualmente na F1.
Em tempo, a TATA também está presenta na carenagem da Ferrari. abs
Sei que sou chato ao dizer isto... Mas é assim mesmo... As montadoras vem e vão ao sabor do mercado. E ai traz sempre aquela onda desagradavel: As montadoras estão saindo é o fim do automobilismo!
Tomara em termos... isso continuará sendo muito perigoso. Se todas elas vão embora tem-se o risco da categoria demorar a se reerguer...
ABS!
minha impressão particular é que a F1 não mais propicia tanto novos conhecimentos para os automóveis de uso comum, aparentemente somente ainda no campo dos motores e transmissão.
quanto aos chassis parecem mais derivar da indústria aeroespacial - aliás isso já há muito tempo, se atentarmos a detalhes dos eagle e lotus dos anos 60, os primeiros discos de carbono nas brabham dos anos 70 etc; faz sentido cogitarem de apenas desenvolverem motorização, ainda mais vendo o sucesso da renault nos últimos 15 anos, ou mesmo entrarem apenas como patrocinadores a promoverem suas marcas, como no caso da infiniti.
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