quinta-feira, 10 de março de 2011

AS MONTADORAS ESTÃO VOLTANDO

A competição entre fabricantes para desenvolver e promover os seus carros é algo que está no DNA do automobilismo. Foi o que fizeram marcas distintas no início do século passado, colocando alguns malucos ao volante em verdadeiros testes que eram mais de resistência do que de coragem, como a corrida Pequim-Paris de 1907.

Cem anos depois e a maioria das marcas envolvidas no esporte debandou correndo no final de 2008, quando se viram afetadas por uma grande crise mundial. BMW, Toyota e Honda na Fórmula 1, Subaru e Suzuki no Mundial de Rali são alguns exemplos. Hoje, o mercado se estabilizou e o discurso dos executivos que eu ouvi no Salão do Automóvel em Genebra voltou a ser otimista, projetando vendas e lucros recordes.

O efeito disso já está sendo sentido no esporte. A Volkswagen vai anunciar ainda neste mês que voltará ao Mundial de Rali em 2013, se juntando à Citroën e Ford na disputa com sua própria equipe de fábrica - e não através da marca Skoda, como poderíamos imaginar. Uma novidade que deve agitar uma categoria que anda um pouco minguada. Dentre os nomes cotados para liderar o time está o do vencedor da última edição do Rali Dacar, o qatari Nasser Al-Attiyah. Carlos Sainz deve ganhar um cargo importante na direção do time. A marca também considera a possibilidade de entrar na Fórmula 1, também em 2013, como fornecedora de motores.

Na semana passada, a Red Bull anunciou um acordo de patrocínio com outra marca, a Infiniti, uma divisão de carros de luxo da japonesa Nissan. Por enquanto, não é uma parceria tecnológica. Mas os dirigentes do time não se cansaram de elogiar a estrutura de pesquisa e desenvolvimento dos japoneses. E destacaram a volta de uma marca do país para a F-1 depois da debandada geral das empresas de lá em 2008.

O bom destes sinais iniciais é que cada marca tende a copiar o que a outra está fazendo. Se algumas estão voltando ao esporte, a tendência é serem seguidas. Ainda que façam como a Infiniti e entrem apenas como patrocinadores, é uma presença mais do que importante em tempos de vacas magras nos orçamentos dos times em geral. Tomara que esta tendência se confirme.

(Foto reprodução Internet - coluna publicada hoje no Diário Lance!)

12 comentários:

Speeder76 disse...

Isso é verdade naquilo que dizes, mas no caso dos ralis, do qual eu vejo isso com maior pormenor, eles dependem das marcas, e nesta altura, só ver Ford e Citroen por ali era um "deserto", comparado com aquilo que havia no inicio deste século, onde chegamos a ter seis marcas.

E depois, se avançarem da maneira como penso que vão avançar, sendo apenas fornecedora de motores e não com uma estrutura completa, pelo menos há uma coisa boa: aprenderam as lições de um passado mais recente, onde desbarataram centenas de milhões e não ganharam nada, como foi o que aconteceu com a Toyota.

Veremos o que este futuro próximo nos reserva.

Herik disse...

Vamos ver se o tio Bernie vai reiniciar sua cruzada para sangrar as categorias "concorrentes" da F1. Ele fez isso com a Indy e o WRC e até hoje elas estão capengas. Tomara que o WRC se fortaleça cada vez mais.

Anônimo disse...

É isso aí Ico! Chega desses pilotos pagantes! Queremos ver os melhores em ação!

Abraço!

Celso AM

Anônimo disse...

Eu tenho a impressão que a visão que o Jean Todt tem do automobilismo inclui os grandes grupos automobilisticos. O diálogo que ele tem proposto, incluindo as fábricas no contexto da FIA, é algo importantíssimo. E, pessoalmente, acho que ele tem razão. É difícil pensar no automobilismo sem o apoio delas.

O que me deixa um tanto com pé atrás é o excesso de investimento que as fábricas podem fazer, inviabilizando os investimentos de outras fabricantes. Como ameaça ser o caso da VW no WRC. Mas, se os investimentos forem feitos com equilibrio, pode trazer um futuro interessante para o automobilismo como um todo.

Abraço,
Kohara

Anônimo disse...

Mas, só complementando, a Reuters soltou hoje uma declaração atribuida a um diretor de desenvolvimento tecnico da VW afirmando que a VW não pretende entrar na F1 nem na Nascar.

http://uk.reuters.com/article/2011/03/10/motor-racing-volkswagen-idUKLDE7291LG20110310?feedType=RSS&feedName=motorSportsNews&utm_source=feedburner&utm_medium=twitter&utm_campaign=Feed:+jaf1/reutersf1+(Reuters+Motor+Sports+News)

Enfim... Quem viver verá.

Ico (Luis Fernando Ramos) disse...

Tava vendo esse artigo da Reuters, Kohara. Interessante. A Nascar tava cara que não fazia parte dos planos. Sobre a F-1, o q eu escuto é q eles ainda estudam. Mas nenhuma montadora vai decidir nada antes de um novo Pacto da Concórdia. Se ele garantir uma porcentagem significativa para os times, elas voltam correndo.

Abs!

Paulo A S Alexandre disse...

Ico esqueceste da BMW voltando ao DTM.

Rdo disse...

Olá Ico, não se esqueça também da presença da LADA(lotus renault) e da TATA (Hispania) mesmo que vindas a reboque de seus pilotos atualmente na F1.

Rdo disse...

Em tempo, a TATA também está presenta na carenagem da Ferrari. abs

Ron Groo disse...

Sei que sou chato ao dizer isto... Mas é assim mesmo... As montadoras vem e vão ao sabor do mercado. E ai traz sempre aquela onda desagradavel: As montadoras estão saindo é o fim do automobilismo!

speed.king.thrasher disse...

Tomara em termos... isso continuará sendo muito perigoso. Se todas elas vão embora tem-se o risco da categoria demorar a se reerguer...

ABS!

fernando disse...

minha impressão particular é que a F1 não mais propicia tanto novos conhecimentos para os automóveis de uso comum, aparentemente somente ainda no campo dos motores e transmissão.
quanto aos chassis parecem mais derivar da indústria aeroespacial - aliás isso já há muito tempo, se atentarmos a detalhes dos eagle e lotus dos anos 60, os primeiros discos de carbono nas brabham dos anos 70 etc; faz sentido cogitarem de apenas desenvolverem motorização, ainda mais vendo o sucesso da renault nos últimos 15 anos, ou mesmo entrarem apenas como patrocinadores a promoverem suas marcas, como no caso da infiniti.