quinta-feira, 17 de março de 2011

FÓRMULA 1 2011: COM OU SEM EMOÇÃO?

Nos últimos meses já discutimos muito as questões relativas às novidades no regulamento da Fórmula 1 para 2011 e falamos um pouco também sobre o potencial de carro. Chegou a hora de juntar tudo isso para formar uma ideia do que será a temporada deste ano. A disputa pelo título vai ser tão acirrada como a do ano passado? As corridas ficarão mais emocionantes? Vamos analisar:

CONTRA UM ANO BOM
Desequilíbrio - A Red Bull parece ter um ritmo de corrida superior ao resto. Para piorar, o RB7 apresentou uma excelente confiabilidade nos testes de pré-temporada, sanando o calcanhar de aquiles de seu antecessor, que fez o time perder muitos pontos no início do ano passado. Podemos ter um ano inteiramente dominado por uma só equipe.

Confusão - Acho que demoraremos um bom tempo para nos acostumar com os sinais que surgirão na tevê indicando que um piloto pode acionar a asa traseira móvel e para ficar de olho nas linhas que delimitam sua zona de acionamento. Além desta regra complicada, podemos ter corridas com até quatro paradas por conta do desgaste dos pneus. Não vai ser fácil manter a visão geral do que está acontecendo o tempo todo.

Artificialismo - Há um certo medo de que a asa móvel e o KERS possam banalizar aquele momento que é o verdadeiro gol no automobilismo, a ultrapassagem. Com a asa garantindo até 12 km/h a mais de velocidade final de reta para quem está atrás, os pilotos devem se abster de arriscar uma ultrapassagem num ponto inesperado, aguardando a chegada desse ponto delimitado em que terão esta vantagem para atacar. Isso tornaria as disputas um tanto previsíveis.

A FAVOR DE UM ANO BOM
Equilíbrio - Sim, a Red Bull parece ter saído da pré-temporada na frente, mas isto não significa que as outras não vão alcançá-la. Pelo contrário: a Ferrari foi o time que mais acumulou quilometragem neste inverno, adquirindo uma ampla base de dados para entender e desenvolver o seu carro. E o 150º Italia, apesar de conservador, mostrou ser veloz e constante. Traz consigo um baita potencial para equilibrar a briga. Já o MP4-26 da McLaren nasceu repleto de problemas e o time tem muito trabalho pela frente para torná-lo competitivo. Mas não faltam recursos humanos, técnicos e financeiros para isso em Woking. Se não perder muitos pontos no começo do ano, a dupla do time inglês pode se manter firma na briga pelo título por algum tempo.

Confusão - Mesmo um piloto experiente como o alemão Nick Heidfeld admite que nunca foi para abertura de uma temporada sem ter a menor ideia da distribuição de forças do grid. A combinação do desgaste dos pneus Pirelli com as mudanças no regulamento técnico e desportivo criou um cenário de pesadelo para um turma de engenheiros acostumada a ir para uma corrida com o roteiro do final de semana inteiramente simulado nos computadores. Desta vez está todo mundo tateando no escuro, o que abre maiores possibilidades para erros humanos nas estratégias e para resultados surpreendentes, o que é sempre bacana.

Dinamismo - A temporada de 2011 se desenha como um ano de muita ação na pista. Independente da questão das asas móveis, uma regra que eu realmente acho uma besteira. Mas o grande fator - vale a pena repetir - será a performance dos pneus, que varia muito de acordo com o composto que cada um utiliza e quantas voltas cada jogo já cumpriu. Isto vai garantir carros com velocidades muito distintas na pista o tempo inteiro. Para ter uma ideia, busque algum vídeo do GP do Canadá do ano passado. Teve até carro da Hispania brigando com Mercedes! Se o tom for este, as corridas serão bem legais.

+++

No fundo, o exercício acima mostra que há tantas incertezas neste ano, mais do que há muito tempo, que no momento tudo o que podemos fazer é olhar o copo meio cheio ou meio vazio. E vamos precisar de umas três corridas de paciência para entender se este volume de emoções vai variar para cima ou para baixo do copo. Você apostaria em qual direção?

(Foto GEPA/Red Bull)

18 comentários:

Unknown disse...

eu não tenho a menor dúvida da artificialidade de um kers + asa levantada. Tenho quase certeza que isso ainda será revisto durante a temporada.
Mas quanto aos pneus, aí sim será a coisa mais divertida do ano. Os pneus Bridgestone eram um saco. Duravam "para sempre", praticamente não sofriam de queda de performance e meio que engessavam as estratégias de todas as equipes. Pit stops são um dos pontos altos das corridas. É aquela adrenalina de ver o cara chegando na reta enquanto o outro ainda ta no box, mais chances de erros dos mecânicos, estratégias malucas que as vezes não funcionam, ou dão a vitória a um cara que parecia que não chegaria a lugar algum. E pelo que se viu na pré-temporada, parece que teremos algo assim. A conferir.

Anônimo disse...

concordo com o bruno! o melhor da temporada sera os pneus pireli e as estrategias que terao maior peso nas corridas agora...concordo tmb sobre a asa movel...o kers eu ate acho legal...mas asa movel eh extremamente artificial...tem eh q atualizar os circuitos do tilke!...

Barata disse...

Lembrando que no ano passado bastou que a primeira corrida (no "maravilhoso" traçado do Bahrein) fosse monótona para que os apressados de plantão já sacramentassem que a temporada 2010 estaria fadada ao fracasso. E a realidade foi beeeemmm diferente!

Ico, já que é para ter asas móveis, não seria mais simples e, talvez, mais divertido liberar o uso em qualquer situação limitada a uma quantidade máximas de vezes por pilotos? Por exemplo, liberando os pilotos para acionar as asas no máximo umas 5 vezes por prova, em qualquer momento que desejassem? Pelo menos assim evitaria essa situação que você descreveu (o cara deixar de tentar uma ultrapassagem "surpresa" para só tentá-la no trecho em que a asa móvel é permitida). Acho que assim seria menos pior. Ou estou viajando?

Moises Simoes disse...

Antes de tudo, Ico voce é o cara que discute e expõe tudo o que a gente quer comentar. Tá todo mundo se coçando pra ver no que vai dar e vc vai direto ao assunto.

Apesar de raramente postar, leio sempre os comentários da galera aqui e que realmente não se perde tempo em lê-los.

De qualquer modo, é só alguém dá uma batidinha que, por motivo de segurança vão cortar essas asinhas.

Os pneus serão o grande atrativo e eh muito bom lembrar Canadá 2010.

teremos 5 campeões mundiais, 4 novatos, ex-desempregados, Senna numa equipe que já ferrou Piquet, Koba, pilotos experientes e ela, a chuva.

Eu sempre torci por Williams e Mclaren e vamos ver o que elas podem fazer durante o ano. E a Williams sem Renault...

E Sauber? e o tempo do Shumi? Blefe? E a Renault?
Mas não dá pra analisar os tempos da pré-temporada?

Abraço e parabéns pelo Blog! E estou sentido falta das enquetes!


P.S

Ainda tem um outro fator NEGATIVO.
Não estou afim de ouvir :

"Não poupou os pneus, olha só o que houve!"
"O estilo do Hamilton é agressivo demais (!)"
"Quis arriscar tudo - olha no que deu"
" O que importa é o resultado. Os pneus estavam no limite."
"OS pilotos tem que ter uma tocada mais 'suave'".

QUE COMECE O QUEBRA-PAU!!

Dé Palmeira disse...

Pra mim existem várias tentativas de manipular as provas de maneira artificial.

Pneus que parecem não durar muito e obrigarão pilotos e equipes à várias trocas durante as provas facilitando as ultrapassagens, no box!

O famigerado Kers, ou "botão de ultrapassagem". Não existe coisa mais sem sentido na F1 do que uma dispositivo dessa natureza.

Asa móvel. Outra aberração que contraria o conceito original do que deve ser um carro de F1.

Isso sem falar nos circuitos!

Mr. Bernie Ecclestone, com suas idéias de jerico, vai transformando a F1 num verdadeiro circo. Onde os palhaços são os espectadores.

Marcos Antonio disse...

mru msior medo é essa artificialidade, afinal se a ultrapassagme equievale ao gol, nesse caso amarraram o goleiro junto a trave pra ver se a bola entra...

e sobre a confusão tomara que sobre pra williams ficar lá na frente, tenho esperanças!

JCCJCC disse...

Não acho que a história de saber se o piloto pode ou não usar o DRS vá gerar confusão.

O piloto pode activa-lo sempre que estiver a menos de 1 segundo do carro da frente.

Se o piloto estiver a 0.9 ou 0.8 é dificil distinguir se está ou não a menos de um segundo. Mas nesse caso, o facto do piloto poder usar o DRS não é tão relevante assim, pois com 0.8 de diferença não dá para ultrapassar ninguém mesmo com 12 Km/h a mais.

O piloto para conseguir tirar partido do DRS para tentar ultrapassar alguém, terá que estar bem próximo, a menos de 0.3 certamente. E nesse caso, será perfeitamente visível a "olho nu", que estará a menos de 1 segundo.

Juliano GO disse...

Caro Ico,
O que vai acontecer nessa temporada é como tentar prever um terremoto, pode-se gastar muito tempo e dinheiro e fazer várias previsões e que dificilmente se concretizarão.

Anselmo Coyote disse...

Ico,

Realmente, há uma nítida inversão de valores em tudo isso, à qual soma-se a "chuva artificial".

Mas é o que eu sempre digo: Vettel ser campeão de F1 já é um absurdo. Mas, ser campeão de uma corrida de automóveis sem fazer sequer uma ultrapassagem que se preze, deu nisso.

Esse nó foi demais pra cabeça dos comandantes da bagaça.

Como bem disse o Marco Antônio, "amarraram o goleiro junto a trave pra ver se a bola entra" na hora da cobrança do penalty, diga-se.

Quem sabe uma solução melhor não seria proibir o Adrian Newey de trabalhar na F1... (Uai... besteira por besteira - já que é esse o tema do festival, inscrevo esta, com grandes chances de ganhar).

Votem em mim. Eu prometo...

Abs.

Cado disse...

Tenho a impressão que pior mal da Fórmula 1, continua sendo o jogo de equipe. Essa praga consegue destruir o resultado de um GP e, provavelmente, o resultado do campeonato. Por maiores influências que os outros fatores possam exercer, nada é pior do que esta malandragem da tecnologia. Nós brasileiros, bem sabemos disso!!!

http://chemacchina.blogspot.com/

Fernando Passos disse...

Acho que qualquer conclusão antes de chegar a fase européia será precipitada.
.
Palpites podem ser dados, é lógico. E meu palpite é que se algum piloto da Red Bull, Ferrari ou McLaren tiver um problema na classificação, com essa regra da asa móvel e o KERS, em menos de 10 voltas já estará, no mínimo, em sexto, ou seja, com a regra, é mais fácil de os mesmos de sempre conseguirem estar na ponta.
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Em vias gerais, pode até ficar muito divertido, mas vai ficar muito "videogamezada" a F1 e isso é ruim para o esporte... só é bom para o show...

Spec-Velox disse...

Não guardo bons algúrios em relação à temporada 2011; espero estar totalmente enganado.

Spec-Velox disse...

ops, a palavra correta é AUGÚRIO

Marcelonso disse...

Ico,

Toda essa artificialidade imposta para essa temporada não me agrada.

Espero que o pneu seja mesmo o grande diferencial, mostrando que o caminho é a boa e velha aderencia mecânica e não essas traquitanas...

abs

eduardo disse...

Vai ser a melhor temporada, a mais disputada!
Vai chegar na última corrida, aqui no Brasil com 5 pilotos com chance de ganhar o título, e essa, a corrida do Brasil, vvai ser a melhor corrida da história!
E eu vou estar lá pra ver!

fernando disse...

Essa impressão de artificialidade eu, como espectador, tinha também dos motores turbo de pressão variável dos anos 80, o que dava ganho de potência por instantes e principalmente utilizado em retas, o que deixava as ultrapassagens, aparentemente, "burocráticas".
Em retrospecto, dá pra se ver que alguns pilotos sabiam explorar melhor que outros o recurso (p.exemplo Mansell, Piquet, Senna).

O que me desagrada agora será acompanhar corridas com tantas trocas de pneus - nunca tive apreço por estratégias de corrida, gosto mesmo é de corridas longas com as mudanças naturais das condições mecânicas (desgaste de pneus, peso de combustível).

Rangel disse...

Não acho o KERS e a asa móvel intrinsecamente artificiais... em muitos aspectos, eles são similares ao "overboost" da década de 80, como o Fernando lembrou. O que é artificial é a palhaçada de "se o piloto estiver a menos de 1 segundo do carro da frente, pode ser usado". Deixem os pilotos apertarem o diabo do botão quantas vezes quiserem, o melhor/mais corajoso leva mais vantagem e ponto final.
Se é pra propor coisas arbitrárias ou praticamente aleatórias como essa, poderiam começar pelo monitoramento de um grupo de controle composto por 20 telespectadores. Se o número de bocejos a cada 5 voltas passar de 3, um sujeito vestido de Mutley (com direito a risadinha patenteada) entra na reta principal com uma caixa de taxinhas e joga na pista. Se é pra apelar pra baboseiras, que apelem direito. :)

Bushwacker disse...

Hmmmm, that will be up to the public to decide. Let's see what the mob's decision will be.


Fender Flares | It's All About Car