Não há coisa mais desagradável de que morar longe, bem longe, de parentes e amigos quando ocorre uma tragédia nas proporções do acontecido ontem à noite em São Paulo. Uma sensação desagradável de impotência e, em parte, de culpa por estar distante quando algo de muito ruim pode ter ocorrido com alguém querido – à parte, obviamente, da consternação pelo destino fatal de centenas de pessoas em um acidente na sua cidade, em seu país, e pela dor de parentes e amigos delas. Ainda bem que sou, por natureza, tranqüilo e centrado. Tinha a certeza que, se algum conhecido estivesse envolvido na queda do avião da TAM, já teriam me ligado. “Notícia ruim, corre rápido”, é o que diz o ditado popular. Por isso, após ler as notícias e ver alguns vídeos na Internet no início da madrugada européia, fui dormir chateado, mas tranqüilo.
A situação mudou completamente hoje de manhã, quando li a lista dos passageiros que estavam no vôo JJ 3054. Lá no meio, salta aos meus olhos o de “José Carlos de Oliveira”. Confesso que me surpreendi comigo mesmo e com minha calma. Ao invés de entrar em pânico, raciocinei três coisas:
1) Se fosse meu pai, já teriam me ligado.
2) O que meu pai faria em Porto Alegre? Não faz muito sentido...
3) José Carlos de Oliveira é um nome relativamente comum.
Inquieto, mas centrado, esperei dar meio-dia, ou sete horas da manhã no Brasil, para ligar para a casa dele, na certeza de que iria acordá-lo. Minha intuição não falhou e foi especialmente bom ouvir a sua voz e ter a certeza de que o receberei outras vezes aqui em Viena para degustar uma Spare Ribs, acompanhada de uma grande caneca de cerveja - uma combinação que ele tanto ama.
À família e amigos do José Carlos que estava no vôo, e à de todas as outras vítimas também, registro aqui minha consternação. Vou acender hoje uma vela na Stephansdom, para manter a viva a memória deles e para enviar pensamentos positivos à vocês.
Um comentário:
Olá Ico... vi espreitar o teu blog, como faço com as corridas do GPLPT.
Ainda bem que está tudo bem contigo e com a tua família. Infelizmente foi de facto um acidente grave demais.
Vou-te lendo, sempre que puder, sim?
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