Sexta pole-position do ano para Lewis Hamilton, após uma volta sensacional no final da classificação. Claro que a expectativa de chuva – ou mesmo de um tufão – em Xangai amanhã pode acabar tornando a corrida uma verdadeira loteria, mas o inglês está mais perto do que nunca de ser campeão.
Após a reunião dos pilotos, ocorrida ontem em Xangai, ficou claro para todos que não havia formas de derrotá-lo este ano. Alexander Wurz, um dos membros da GPDA, contou alguns detalhes do encontro que durou 55 minutos. “Há alguns anos debatemos o assunto e pedimos para que a FIA punisse os pilotos que andem de forma errática atrás do Safety Car”, contou o austríaco – provavelmente citando o caso do acidente entre Juan Pablo Montoya e Michael Schumacher no GP de Mônaco de 2004.
Apesar de quase a totalidade dos pilotos acreditar que o líder mundial devesse sofrer algum tipo de penalização (e pleitear por isto), o delegado da FIA Charlie Whiting resolveu salvar a pele do inglês – ameaçando todo o resto. “Senhores, nós temos regras claras para o Safety Car. O líder deve manter uma distância máxima de cinco carros e ir num tempo constante, sem mudança de ritmo, além da proibição de ultrapassagens. Se eu levar este regulamento ao pé da letra, tenho de punir metade do grid: quase todos cometeram alguma manobra irregular”. Isto é fato, pelo menos 23 pessoas que estavam na sala poderiam confirmar a história.
Esta é a brilhante lógica da FIA empregada na Fórmula 1. Na última corrida, a entidade não hesitou em punir Felipe Massa, com justiça e baseada nas regras, com um drive through por ultrapassar atrás do Safety Car. Também penalizou de forma semelhante ao polonês Robert Kubica por causar uma colisão com Lewis Hamilton – embora em todas as corridas dos últimos anos, acidentes são investigados apenas após a chegada e eventuais punições foram aplicadas na prova seguinte.
Mais curioso ainda foi que, após o acidente entre Mark Webber e Sebastien Vettel, o mesmo Charlie Whiting exigiu da Renault que ordenasse ao segundo colocado Heikki Kovalainen que mantivesse uma distância segura para Hamilton – algo que, por um lado, evitaria a chance de um novo acidente e, por outro, tiraria qualquer chance do finlandês ultrapassar o piloto da McLaren na relargada. Isto porque o regulamento escrito pela FIA exige no item 40.10 que o grid ande o mais próximo possível (ou seja, uma ordem que contradiz sua própria regra).
Está muito claro que existem pesos e medidas diferentes quando se trata do “everybody’s darling”.
Lewis Hamilton fez um grande campeonato e poderia ter sido campeão por seus próprios méritos. É um excelente piloto e tem calibre para ficar muitos anos brigando por títulos na Fórmula 1. Mas este de 2007, à luz da transferência de uma quantidade enorme de dados de Maranello para Woking, à luz da punição abstrata aplicada a Fernando Alonso no GP da Hungria, à luz das medidas diferentes aplicadas aos pilotos no último GP do Japão, tem um valor muito questionável.
Junto-me aqui aos que acreditam que a série de decisões controversas que foram tomadas neste ano visou facilitar as coisas para que um piloto inglês fosse campeão do mundo – embora discorde veementemente de quem acha que Hamilton seja protegido por ser “negro e inglês”. A nacionalidade é decisiva, mas a cor de pele não tem nada a ver com a história, tenham certeza disso. Se Lewis fosse negro e colombiano, as coisas não lhe seriam tão fáceis assim, muito pelo contrário.
Paciência, Bernie quis assim, assim será. O show é dele, ele dirige como bem entender. Aos torcedores, resta aceitar isso e torcer – mais do que para piloto X ou equipe Y, para que o Mundial de 2008 seja esportivamente bom, algo que este não foi.
6 comentários:
Ico,
Eu nunca fui com a cara desse Mané, embora o ache um excepcional piloto, mas acima de tudo FALSO e agora sem a menor dúvida, PROTEGIDO. Também nunca fui com a cara do Ron Dennis, que pra mim deveria ter sido excluído do Campeonato este ano e em 2008.
Ico,
Eu acho que ser Negro e Inglês é um fator espetacular para a F1, afinal nunca um Negro teve o sucesso que o Hamilton está tendo e é Inglês, coisa que a Imprensa Britânica deve estar amando.
Em tempo, se alguém acha meu comentário racista, por favor esqueçam essa bobagem, pois minha sogra é NEGRA e eu a considero verdadeiramente como minha Parente e uma segunda MÃE, só acho que a Combinação de raça e nacionalidade do Hamilton perfeita.
É pena que se esteja a formar à volta dele uma imagem assim tão negativa, um pouco como fizeram ao Schumacher, mas acho que ele tem capacidades para reverter essa situação.
O correto é "mantivesse", e não "mantesse".
Também não me agradam as decisões da corte quando envolvem e sr. Hamilton.
Parabéns pelo blog. Gosto muito.
Eu ia falar justamente o que o gustavo falou.
Ico, este meu comentário postei agora há pouco no blog do Gomes; achei q não é um despropósito postá-lo aqui também.
Não gosto do provável novo campeão, não gosto da pessoa.
Como bom e genuíno inglês, é Hipócrita, com h maiúsculo. Demonstrou bem isso na reação pós corrida na Bélgica.
Tenho o palpite q é um gênio sim, do nível de Jim Clark, nada menos.
Mas então penso no q quase todos os campeões, sem exceção, tiveram q passar na pista, acidentes, os tais big ones: Lauda, Prost (vítima: Pironi), Senna, Schumacher, Piquet, Mansell, todos alguma vez se estamparam por causa de falha em pneu, asa ou suspensão, ou erro de pilotagem mesmo.
Alonso o fez por erro próprio, supôs errado a localização de um acidente sinalizado q não viu à sua frente (interlagos 2000 e ?).
Kimi vive abusando da sorte (aquela suspensão em Nurburgring, este ano em Monza: depois da pancada no treino, correu sem saber direito o q havia acontecido, como se nada tivesse acontecido - ele sempre me faz pensar em Jochen Rindt…)
Clark, Rindt, Senna e Gilles não sobreviveram ao esporte para o qual tinham talentos únicos - por contraditória q seja essa sentença.
Me pergunto se o longo aprendizado do menino o terá preparado para enfrentar esses riscos.
Se é q o imponderável ainda faz parte do universo da F1…
agradeço a vc nos lembrar q há um único indivíduo no controle do jogo/espetáculo; quanto a ainda ser um esporte, bem…
grande abraço
Fernando Amaral
Postar um comentário