terça-feira, 8 de julho de 2008

TEMPLO DA HISTÓRIA

Você sai da estrada principal e toma uma secundária. Depois, entra por uma menor e segue em outra ainda mais apertada, sem um milímetro de acostamento. Parece impossível que ali esteja a fábrica de uma equipe de Fórmula 1. Mas, na entrada da minúscula cidade de Grove, há uma rotatória. A terceira saída dá direto na portaria da sede da Williams.

O prédio principal, com um tom bege dado pelos tijolos aparentes, tem uma manutenção impecável e dá o esperado ar de modernidade que envolve a categoria. No centro do grande hall de entrada está o FW07, o carro de Clay Regazzoni que deu à equipe sua primeira vitória, no GP da Inglaterra de 1979. Ao fundo, duas prateleiras destacam nove dos muitos troféus conquistados pela Williams. Como o pequeno mostruário é por si só maior que a coleção completa da Toyota, ali fica dado o aviso de que você está visitando uma equipe vencedora.

Do lado direito de quem entra fica a parte administrativa: escritórios, cantina, estas coisas. Do lado esquerdo está a fábrica propriamente dita. Um longo corredor é o eixo principal de ligação do prédio com diversos galpões para a construção e montagem do carro. Só tivemos acesso a um deles, a das máquinas pesadas que produzem os componentes de metal do carro. Mas deu para ter uma idéia e imaginar como é o resto, a produção das peças em fibras de carbono, as salas escuras de controle de qualidade, a grande sala de montagem do carro. Tudo em galpões espaçosos, limpos e iluminados. Há três anos, fui na fábrica da BAR-Honda em Brackley e era assim. Todas as outras devem ser assim.

Do outro lado do terreno, atravessando o estacionamento, fica o Museu da Williams, onde a visita foi mais longa e detalhada. Todos os carros construídos pela Frank Williams Engineering estão lá. Incluindo um Renault Laguna desenvolvido para o BTCC pela turma de Grove.

E também um modelo em escala, para o túnel de vento, do BMW V12 LMR, vencedor das 24 Horas de Le Mans de 1999. O protótipo foi construído exatamente naquele galpão, dentro do programa que desenvolvia a volta da BMW na Fórmula 1, como fornecedora da Williams. No ano 2000, a marca alemã entrou na categoria ao mesmo tempo em que deixou Le Mans de lado. O lugar ficou vazio e dali surgiu a idéia de transformá-lo em museu e sala de conferências.

Algumas imagens você confere abaixo. Os comentários sobre os carros, fica a cargo de vocês (clique nas imagens para ampliar). Para mim, ficou apenas a admiração por uma equipe cujo passado é bem mais brilhante que a sua forma atual. Mas que, numa Fórmula 1 cujas decisões são cada vez mais orientadas pelo dinheiro, demonstra sempre manter o espírito esportivo acima da necessidade de vencer.

Mais do que por suas 113 vitórias, sete títulos entre os pilotos e nove de construtores, é por essa atitude que a Williams merece respeito e admiração.

14 comentários:

Raoni Frizzo disse...

Caraca Ico! Espetaculares as imagens!!!

Realmente a Williams merece o respeito de todos, pelas suas glórias e história, além de ser atualmente a única equipe que ainda me faça lembrar da época em que as montadoras ainda não tinham dominado a F-1.

Infelizmente o time de Frank Williams não vive mais os tempos áureos das décadas de 80 e 90, mas torço muito pra que um dia eles voltem ao topo.

As fotos ficaram maravilhosas. Os carros antigos são incríveis!!! Me lembrei na hora deste Renault Laguna por ter jogado durante muito tempo o TOCA 2, de Playstation...huahauhau

A comparação dos trófeus com a Toyota também foi bacana...hehehehe. Parabéns pela visita que vocÊ fez e por ter postado aqui pra nós um pouco do que você viu por lá. Realmente esta deve ser uma experiência ímpar!

Anônimo disse...

Qualquer um pode fazer uma visita desse tipo? Tem que pagar? Ou é necessario ter alguma autorização ou algo do tipo?

Anônimo disse...

Não dá para comentar, pois fiquei sem palavras.

Anônimo disse...

ico, o carro da primeira vitória não era outro?
e a williams do piquet de 87, está lá?
é sempre legal ver coleções das equipes...

Anônimo disse...

Caramba, meu grande sonho quando se fala em equipes de f1 é visitar a cede da williams....desde pequeno sonho com esse museu...Um dia vou lá. hehe.

Ele é aberto ao público?

Anônimo disse...

Ico, tudo bem?

Fiquei com uma pulga atrás da orelha. na foto do FW16B, no painel atrás tem os nomes do Hill, do Coulthard e do Mansell. Falta aquele não é mesmo? Se o Frank não colocou por constrangimento, não seria mais fácil não colocar o carro?

Abs
rodrigo@doideira.org
http://www.doideira.org
http://doideira.wordpress.com

Anônimo disse...

Oi Ico, que legal,

faco a mesma pergunta do letobus, esse museu eh aberto ao publico, ou desse uma 'carteirada de jornalista de f1' :)? Dei uma olhada no site deles mas nao vi nada.

Anônimo disse...

Ico, que inveja!!! Aí está um lugar que eu quero visitar, junto com o museu de Donington e o HMS Victory, lá em Portsmouth. Mas uma pequena correção: o carro do Regazonni é o FW07 (o FW08 é o do campeonato do Keke).

Quanto à duvida acima do Rodrigo, o Senna morreu pilotando o FW16. O FW16B foi desenvolvido meses depois da morte dele, para a segunda metade do campeonato, e só foi pilotado pelos três sujeitos listados. Pelo que eu sei o museu é muito rigoroso com os detalhes históricos dos carros, que são mantidos totalmente originais e em condições de funcionamento.

Marconi disse...

Ico, eu ouvi dizer há algum tempo atrás, que nesse museu, ou em outro lugar qualquer, está exposto parte do carro,(ou o quê restou dele) que o Senna pilotava no dia 1 de maio de 1994. Essa informação tem procedência?

Anônimo disse...

É verdade que quem cuida de todos os detalhes do museu é o filho do Frank? Você conheceu ele?

L-A. Pandini disse...

Muito do cacete! A visita e a fábrica! (LAP)

Ico (Luis Fernando Ramos) disse...

Legal pessoal, pelo visto deu para transmitir a vcs o entusiasmo que eu senti com a visita. Só para responder algumas perguntas feitas: o museu nao é aberto ao público em geral, apenas para convidados (geralmente, patrocinadores e fornecedores, eventualmente jornalistas); sim, o filho de Frank é o principal responsável pelo museu, mas nao o conheci.

Sobre o carro do Senna, como o Smirkoff observou, era o FW16 (e nao a versao B) e ele está sim exposto no museu. E inteiro. Que eu saiba, o chassi de Imola foi destruído depois de ser devolvido pelas autoridades italianas, algum de vcs certamente vai saber melhor se isto procede. Só nao publiquei a foto aqui porque este valoroso fotógrafo tremeu na hora de fazer a imagem (e de várias outras também).
Desculpem a nossa falha... ;-)
Abs!

War Inside My Head disse...

Apenas confirmando a informação do Ico, sim, o carro que o Senna usou no dia 1º de Maio foi destruido assim que devolvido pelas autoridades italianas.

Esse museu deve ser lindo, sinceramente, acho uma pena ele não ser aberto ao público.

Anônimo disse...

Ola Ico!!!
Se eu pudesse estar no seu lugar um dia, jamais deixaria a oportunidade passar. Vc vive no habitat que foi feito para mim. Que vontade de ser vc... Um abraço do fã de F1 e de Nelson Piquet. PC...