Viajar o mundo “correndo atrás de carrinhos coloridos”, como diz o colega Bruno Terena, tem seus incovenientes. O pior de todos, semdúvida, enfrentar a chatice de voar de aviãonosdias de hoje: filasintermináveis no check-in, nas máquinas de segurança, na hora do embarque, serviçoscaros e ruins, desconfortototal. Hoje, porém, pude somar a tudoistoalgunssentimentosnovos.
Eram 15h15 quandomeuvôo proveniente de Viena pousou no aeroporto de Barajas, em Madri, onde fiz escalaantes de ir a Valência. Cerca de meiahoraantes, umacidenteem uma das pistas matara quase duas centenas de pessoas. Eunãotinha percebido nadaatéverquequasetodos os vôosque saíam de Barajas estavam atrasados. Foi aíque soube, através de uma outrapassageira, da tragédia.
Minhaprimeiraação foi ligarparaminhaesposa e informarque estava tudobem, o que acabou sendo fundamentaljáqueela entrara empânico ao saber de umacidenteaéreoem Madri na horaprevistaparameupousolá. Depois, ummisto de raiva e impotência tomou conta de mim. Raiva ao verque a maioria dos demaispassageiros encarava o fatocomabsoluta resignação. Pareciam mais chateados com o atraso dos seusvôos do quecom as muitas vidas ceifadas em uma sóleva. “Aindabemquenão foi o meu”, deviam pensar, egoístas.
E resignação ao perceberque, diante de uma criseeconômica mundial que atinge comespecialforça a aviaçãocivil, estamos pagando cadavezmaisparavoaremumambienteque parece menosseguro, e que somos condenados a aceitarissocomoparte do jogo.
Viver de pertoumacidenteaéreocomo o de hoje dá umdesânimotremendo, e imagino quemuitos de vocês sabem bem o que é issodepois do pavorosoacontecimentoemCongonhas no anopassado. Acho que o melhor a fazer é dormir e torcerparasonharcom as pessoasqueeuamo. Num dia desses, a importância delas acaba sendo a baseparaquenossospés se mantenham firmes.
Eu percebo. Também fiquei um pouco agitado, pois sabia que hoje tinha uma grande amiga minha a viajar para Madrid, e sabia que normalmente a Spanair tem ligações com a TAP.
Felizmente isso não aconteceu, no meu caso, mas o facto de mais de 150 pessoas terem perdido a vida, e ainda por cima com alguns sobreviventes, cria ainda mais angustia nos familiares, para saberem quem sobreviveu e quem não...
Quanto à parte da segurança, e da proliferação de companhias de baixo custo e o aumento de vôos, até é um milagre não haver tantos acidentes aéreos. Aliás, acho que este ano ainda não tinha havido um acidente grave deste género...
Há crises e guerras espalhadas pelo mundo inteiro, mas as pessoas precisam ir para seus destinos, precisam continuar a pensar obstinadamente em se manter à tona, mesmo que outros enham caído ao seu lado. Consciência, espiritualidade, fraternidade? Tudo isso é bobagem, né? O que interessa é a grana acima de tudo, sempre. E a grana é fria como foi esta tarde na Espanha.
E me espantou a diferença de coberturas do acidente pela "grande (merda de) imprensa" brasileira
Quando houve o da Tam (que sabidmente não cuida bem dos aviões, tem um historico terrivel) ano passado, se falou em "caos aereo" e jogou se de todas as formas a culpa no governo sem qualquer analise, depois o laudo do IPT assinalou a qualidade da pista em seco e na chuva, e se confirmou a falha grave no avião
Mas, nesse ai, como é numa outra nação, sem interesses politicos, ah, a culpa direto foi "tecnica" pronto e acabou
lamenta se plos que se foram nesse ai, impotentes e indefesos, a merce de tudo, num avião velho e possivelmente mal cuidado
Na pauta desse blog, discussõessobre a Fórmula 1 emtodos os seusaspectos: histórias do passado, análises do presente, bastidores da cobertura e curiosidades. E muitamúsicaparatemperar essa mistura de razão com a paixãoque o automobilismo desperta.
Repórter de Fórmula 1 do Grupo Bandeirantes de Rádio, do diário Lance e da revista Racing. Apreciador de boa música, viagens e velocidade. Guitarrista amador, corredor de rua e piloto virtual.
4 comentários:
pois é. a indiferênça é um pecado dos grandes. devia de ser pecado capital.
e o abrindo vôos novos só pra ganhar mais dinhero não está ajudando nada a reduzir os accidentes.
Eu percebo. Também fiquei um pouco agitado, pois sabia que hoje tinha uma grande amiga minha a viajar para Madrid, e sabia que normalmente a Spanair tem ligações com a TAP.
Felizmente isso não aconteceu, no meu caso, mas o facto de mais de 150 pessoas terem perdido a vida, e ainda por cima com alguns sobreviventes, cria ainda mais angustia nos familiares, para saberem quem sobreviveu e quem não...
Quanto à parte da segurança, e da proliferação de companhias de baixo custo e o aumento de vôos, até é um milagre não haver tantos acidentes aéreos. Aliás, acho que este ano ainda não tinha havido um acidente grave deste género...
Há crises e guerras espalhadas pelo mundo inteiro, mas as pessoas precisam ir para seus destinos, precisam continuar a pensar obstinadamente em se manter à tona, mesmo que outros enham caído ao seu lado. Consciência, espiritualidade, fraternidade? Tudo isso é bobagem, né? O que interessa é a grana acima de tudo, sempre. E a grana é fria como foi esta tarde na Espanha.
E me espantou a diferença de coberturas do acidente pela "grande (merda de) imprensa" brasileira
Quando houve o da Tam (que sabidmente não cuida bem dos aviões, tem um historico terrivel) ano passado, se falou em "caos aereo" e jogou se de todas as formas a culpa no governo sem qualquer analise, depois o laudo do IPT assinalou a qualidade da pista em seco e na chuva, e se confirmou a falha grave no avião
Mas, nesse ai, como é numa outra nação, sem interesses politicos, ah, a culpa direto foi "tecnica" pronto e acabou
lamenta se plos que se foram nesse ai, impotentes e indefesos, a merce de tudo, num avião velho e possivelmente mal cuidado
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