quarta-feira, 15 de julho de 2009

VAI SER NA MOEDINHA?

Não existe ironia maior em ver Jean Todt e Ari Vatanen brigando pela presidência da FIA. Afinal, os dois protagonizaram uma das histórias mais famosas do automobilismo, quando o vencedor do rali Paris-Dakar de 1989 foi decidido no cara-ou-coroa. Naquele ano, como nas edições anteriores, os carros da Peugeot dominavam com facilidade. Mas os pilotos da marca francesa, Vatanen e o belga Jacky Ickx, duelavam ferozmente pela vitória. Para não correr o risco de quebras ou acidentes, o chefão Todt chamou os dois num canto, pegou uma moeda de dez francos e atirou para o ar. O resultado determinou que Vatanen seria o vencedor e Ickx teve de seguí-lo disciplinadamente até o final.

(Na foto acima, Juha Kankkunen, Jean Todt e Ari Vatanen comemoram a vitória do primeiro no Dakar de 88, clique para ampliar)

A campanha dos dois está sendo costurada faz tempo e segue a todo vapor. No GP de Mônaco, um final de semana de confusão política, os dois já circulavam pelo paddock e faziam os primeiros contatos enquanto a cova de Max Mosley era preparada. Em Nürburgring, sepultamento feito, Vatanen circulou alegremente pelo paddock, falou com a imprensa, fez reuniões a portas fechadas e ganhou o apoio declarado de gente como Martin Whitmarsh, chefe da McLaren. Enquanto isso, Jean Todt circulava pela África, encontrando presidentes de Federações em busca de votos – uma estratégia bem ensinada por Mosley.

Ao contrário do que muita gente pensa e até escreve, Todt não tem a simpatia da Ferrari para vencer a eleição. Ainda. Em que pese seu passado vencedor pela equipe, o homem que a FOTA preparou para vencer em outubro é o finlandês – e isso inclui o apoio de Luca di Montezemolo. Além da FOTA, quem vai entrar pesado na campanha por Vatanen é a ACEA, a associação das montadoras européias.

Todt seria o candidato “da situação” e, pelo menos no paddock da F-1, isto não cai muito bem. Mas parece ter as melhores cartas na mão dentro do intrincado processo eleitoral da FIA. Se convencer os chefões da F-1 que está disposto a aceitar muitas das exigências da FOTA, pode acabar se tornando um candidato de consenso. Mas, por seu passado, vai ser difícil angariar a simpatia de gente como Frank Williams, Whitmarsh, etc.

Quanto a Max Mosley, é importante deixar claro que o dia que marcou seu final não foi hoje, mas o 24 de junho. Sua saída foi selada ali, assim como o futuro da Fórmula 1. No dia seguinte, rodou a baiana e ameaçou que voltaria se Montezemolo não viesse à publico e mudasse o discurso vitorioso. O italiano não deu um pio, sabia muito bem que Mosley não tinha o que fazer - um papel que havia assinado garantia que ele não concorreria à eleição. Hoje, o homem que ficou 18 anos à frente da FIA apenas escolheu e fez campanha por seu sucessor.

Que será Todt ou Vatanen. Sem moedinha dessa vez.

5 comentários:

Anônimo disse...

Ico;

Bacana na foto são os óculos amarelos do carinha hehe.

Rodrigo

Eduardo Malheiros disse...

Notícia muito boa essa. Eu torço pelo Vatanen.

Poxa Ico, estava relutando com essa história de Twitter e não teve Rubinho ou Nelsinho que me fizesse entrar até então, mas foi o senhor aderir que... Tá feito o estrago, estou nessa também e já te seguindo. (edumalheiros)

Abraço!

Felipão disse...

o automobilismo eh algo surpreendente... o vatanen mesmo é um sobrevivente dos ralis. Basta lembrar do acidente lamentável que sofreu na Argentina. Diziam até que ele tinha recebido sangue contaminado numa transfusão... teve o lande do carro roubado também em um Dakar... entre tantas outras histórias. E o grande Jean Todt, como navegador ou chefe de equipe... Será uma eleição bastante disputa ao meu ver. Que vença o melhor para o bem do automobilismo...

Daniel Médici disse...

Todt, o homem que decidiu na moedinha quem seria o vencedor de um Paris-Dacar. Se ainda podemos chamar o automobilismo de esporte, minha torcida é pelo Vatanen

Marcelo Tuvuca disse...

O mais legal na foto é o cara de óculos verde limão, com alguém já disse aí em cima... sabe quem é Ico?