LOTUS PARAGUAIA

Não vou comemorar a volta do nome Lotus à Fórmula 1 porque esse arremedo de time que está se formando não tem nada a ver com o time de Colin Chapman. É a junção do projeto da Litespeed (apelidada no automobilismo inglês de “Shitespeed” e que não havia passado na concorrência inicial de novas equipes da FIA) com um grupo de investidores malaios. Tem Tony Fernandes no comando. E Mike Gascoyne como diretor-técnico – um fator que condenaria o time ao fracasso a médio prazo, mas há sempre a chance de mandá-lo embora depois de um ano, muitas das equipes do grid já fizeram isso. A notícia, em si, é péssima.

O anúncio da FIA foi um banho de água fria na turma de Hinwil. Peter Sauber estava na batalha para manter sua fábrica viva na Fórmula 1 e chegou a conversar com esse mesmo grupo de malaios, sem sucesso. Agora, essa “Lotus” tirou o lugar dele dentre as 13 equipes do grid, mas a entidade reguladora deixou em aberto a chance de haver uma 14ª vaga. Está, na verdade, angariando o máximo possível de times, porque sabe que uma ou algumas agremiações não vão resistir ao inverno europeu e cairão fora.

Se esse processo de busca por novas equipes fosse realmente técnico, organizações sérias e com estruturas prontas, como Prodrive e Epsilon Euskadi, seriam as primeiras a serem aceitas. A própria Sauber deveria ter recebido mais apoio para sobreviver. Mas a administração atual do esporte sofre de uma crônica falta de bom senso e está jogando o esporte mais e mais para o buraco. O anúncio público de imunidade a Nelsinho Piquet e Pat Symonds antes de que o julgamento aconteça é algo ridículo do ponto de vista jurídico e só serve para preparar a opinião pública para a decapitação de Flavio Briatore (não que ele não mereça, mas a base do Direito é que a justiça é igual para todos. Na Place da Concorde em Paris, não é).

E assim caminha a Fórmula 1 para 2010, com um punhado de equipes sérias apoiadas em um remendo de times-fantasmas que lutarão para sobreviver. Com direito a uma Lotus com gosto de uísque paraguaio. Interessante como a gente sempre erra quando acha que chegou ao fundo do poço.