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TVs DESLIGADAS
Há tempos que a Fórmula 1 só se preocupa com o telespectador e não dá a mínima para o torcedor que vai ao circuito. Os circuitos escandalosamente vazios do ano passado (para lembrar, apenas doze mil no domingo do GP da Turquia) não comoveram os dirigentes do esporte. Enquanto as tevês estiveram ligadas, tudo bem. Hoje, saíram aqui na Europa as primeiras informações do relatório feito pela própria FOM sobre a audiência. E os dirigentes tomaram um susto: 80 milhões de espectadores a menos que o ano passado, uma queda em torno de 13%!
O mais curioso está nas causas apontadas para a queda. A crise política pode ter irritado alguns. O fato de Fernando Alonso e Robert Kubica andarem no meio do pelotão teve efeito nos números de Espanha e Polônia. E mesmo no Brasil, apesar de Rubens Barrichello ter se mantido vivo na briga pelo título até a penúltima prova, houve uma queda de mais de 10% na audiência – compreensível, uma vez que em 2008 as chances de Massa eram muito maiores.
Mas o fenômeno curioso que explica os números foi uma queda extrema de audiência na Ásia. E por conta de um enorme tiro no pé do próprio Bernie Ecclestone. Para adaptar as provas asiáticas ao horário europeu, surgiu a corrida noturna de Cingapura em 2008. A tendência seguiu no ano passado, com largadas no meio ou no fim da tarde em Austrália, Malásia e Abu Dhabi. O efeito colateral disso foi que, na Ásia, a Fórmula 1 passou a concorrer com os eventos do horário mais nobre asiático. Como o futebol. Só na China, que tem a maior audiência mundial da F-1 em números absolutos, a queda ficou em 30 milhões de espectadores. No Japão, a queda de audiência também assustou, superando a casa dos 15%.
Ou seja, a Fórmula 1 expande o número de corridas na Ásia para conquistar o mercado ali, mas dá as costas à eles na questão televisiva ao priorizar o telespectador europeu. Uma baita contradição, que pode ter uma explicação clara: enquanto os organizadores asiáticos pagam taxas maiores que os europeus para fazer as corridas, são as tevês do velho continente que desembolsam mais na hora de pagar os direitos de transmiti-las.
Assim o complexo universo comercial da Fórmula 1 vai seguindo seu caminho em busca do lucro máximo. E, com a volta de Michael Schumacher, com Alonso e Massa na Ferrari e uma McLaren completamente inglesa, os dirigentes estão apostando que a queda em números absolutos do ano passado não vai se repetir neste. Pode ser, mas a respostas está com os telespectadores de China e Japão – e numa última e rápida observação, talvez a busca por atender a esse mercado explique o apoio explícito de Bernie Ecclestone pela Stefan GP, que iria ao grid com Kazuki Nakajima num dos carros.
12 comentários:
Já não é de hoje que o Tio Bernie so tem olhos para a europa, acompanhar as corridas asiaticas aqui no brasil é doloroso, acordar de madrugada e cada vez ficando mais tarde(ou cedo se preferir), sobre a queda de publico nos autodromos, basta procurar no youtube o estacionamento de Bahrain...vc vai entender pq são poucos que veem a corrida...
Ico, o argumento aqui está um pouco furado. As corridas noturnas asiáticas simplesmente mantém o mesmo horário relativo das corridas Européias, ou seja, o mesmo benefício ao mercado europeu é dado ao mercado asiático só que em faixas de horário diferentes.
Morei na China por boa parte do ano passado e senti muito bem o problema com a F1 lá. O fato é que a TV retransmissora local (CCTV5) prefere muitas vezes transmitir outras coisas ao invés da corrida. E isso não ocorre nas corridas asiáticas e sim nas européias - coisa que desbanca bem o argumento.
Se a TV Chinesa toma essas decisões bizarras é porque o horário como um todo está ruim para os asiáticos o que requeriria que as corridas européias fossem na verdade mais cedo, atrapalhando o mercado europeu (só brasileiro está acostumado a acordar domingo cedo ou de madrugada para acompanhar corrida).
Mesmo na Europa, a política de esfolar os promotores de corridas faz com que os ingressos sejam absurdamente caros, o que gera autódrmos vazios mesmo no velho continente (embora menos que na Asia).
Sobre a TV, tem outro problema. O show que a F1 proporciona é pobre. E não digo isso apenas em relação às corridas, que poderiam melhorar, e muito. Deixando o aspecto esportivo de lado, um jogo da NFL tem muito mais informações para os espectadores, que se sentem mais próximos da ação. As câmeras muito mais interessantes, também. O Super Bowl então é covardia, dá uma surra em qualquer evento.
Mesmo em transmissão de corridas, a F1 fica muito atrás da NASCAR e mesmo da IRL que tem algumas câmeras onboard simplesmente sensacionais. O insight sobre estratégias, informações de bastidores e equipamentos também é muito maior nessas categorias do que na F1.
Dá pra sintetizar de uma maneira muito simples: a F1 está sentada arrogantemente na percepção de que ela não precisa investir na interação com o público, de que ela prescinde de gente nos autódromos, desde que os promotores encham os bolsos. A F1, por ser F1, já atrai gente, eles pensam. Vão pensar assim até que não vai sobrar ninguém lá pra ver, ou o Bernie morra, o que vier primeiro. :)
É isso aí! espero que o tio Bernie perca mais dinheiro este ano. porque pelo visto não entendeu nadinha do que está acontecendo. quem sabe em alguns anos com a CVC perdendo milhões eles não rifam o anão?
Algo estranho esta acontecendo! Matéria sensacional, comentários inteligentes.
Ico, faz um ano agora q acompanho seu blog, e o movimento ao redor aqui esta ganhando nitidamente uma consistência e qualidade supreendentes.
Acho q a formula 1 sofre de arrogância cronica. Portanto perder audiência e dinheiro é uma ótima noticia. Pq força mudanças. Pq toda crise trás oportunidade de alteração no status quo.
Grande abraço
@Fabio_m2000
Acredito eu que o horário tenha lá sua influência na baixa da audiência, mas convenhamos: acordar cedo pra ver uma corrida em Abu Dabi por exemplo... pra quem realmente gosta de corrida é um pé no saco. Se a corrida fosse emocionante dentro da pista podia se em qualquer horário. A mudança, na minha opinião, deveria ocorrer de dentro pra fora e não o contrário. E na real: na NASCAR o que o público gosta mesmo de ver são aqueles acidentes de 20, 30 carros ... que capotam e etc. Como o Piquet disse: o que o público quer ver mesmo são os carros se pegando na pista. É batida ... é pega pra valer. A FIA proibiu esse tipo de coisa. Qualquer roda com roda já cai em investigações e punições. Na boa... a F1 perdeu suas características a muito tempo! E isso é que vem causando esse tipo de queda. E os pilotos de hoje em dia tambem levam sua parcela nesse bolo: parecem cordeirinhos adestrados (pela FIA, claro) que andam sob trilhos, que não arriscam ultrapassagens e nem o limite das pistas. É por isso que quando um Kobayashi faz 2 corridas arrojadas ele chamou tanta atenção da categoria!
Um dos motivos que fez baixar e bastante a audiência na Europa fui a passagem em muito países da F1 dos canais públicos ou privados em sinal aberto para canais pagos.
Isso verifica-se muito em Portugal que anteriormente toda a gente sabia o nomes dos pilotos e hoje não sabem praticamente de nenhum.
Ainda me lembro este ano alguém me perguntar: " Mas este Button não andava sempre para o fim?" , "Então a Ferrari e a Mclaren nesta corrida ficaram para trás (isto na altura que iamos a meio da epoca)"
André, em Portugal a F-1 nao passa em canais abertos?
A F1 precisa se reinventar urgente, sob pena de perder espaço a cada ano !
Tikodromos, autódromos se historia, sem tradição alguma !
As corridas mais se parecem com carros enfileirados !!!
A F1 precisa mudar, se reinventar resgatando os bons valores do passado, sem saudosismo !
A F1 precisa se reinventar urgente, sob pena de perder espaço a cada ano !
Tikodromos, autódromos se historia, sem tradição alguma !
As corridas mais se parecem com carros enfileirados !!!
A F1 precisa mudar, se reinventar resgatando os bons valores do passado, sem saudosismo !
pois é, vai ser preciso a F1 acabar para o pessoal se mexer, a ganancia já tomou conta faz tempo e agora a paciencia de nós torcedores está no fim, quem sabe mais um ano de audiencia em queda mexa nessa estrutura arrogante, que despreza solenemente o esporte
Ico, parabens por nos proporcionar mais uma materia que mostra partes de uma F1 que não conhecemos, aprendi muito no ano passado lendo seu blog, sou fã da categoria e continue assim. Parabens!
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