Fez muitofriohojeem Xangai, muitomesmo. O diatodo, os termômetros giraram emtorno dos 12 graus, chegando a cairparadez na hora de sair da pista. Umcontrasteviolentocom a quarta-feira de sol e calor (chegou a fazer 28°C na região do autódromo). Mas foi a quinta-feiramaisquente do ano. Pelomenos, no paddock da Fórmula 1.
Tudo começou com Flavio Briatore batendo forte ao comentarsobre a decisão do Tribunal de Apelação da FIA. Enquanto o ventofrio da hora do almoço deixava todos à suavolta encolhidos, ele disparou. Chamar Barrichello de “aposentado” e Button de “mais parado do queumcone de trânsito” foi o de menos. Ele disse textualmenteque Ross Brawn não agiu corretamente no seupapel de líder do grupo de trabalhotécnico da FOTA. “A diferença é quenós somos transparentes, elenão”. Ao mesmotempo, negou acreditarque a FIA usou o episódiopararachar a associação das equipes. “Seria muitograveimaginarqueisso fosse verdade e é algoquenem passou pelaante-sala da minhacabeça”, garantiu (ironicamente?).
O pilotobrasileiro da Brawn GP nos atendeu maistarde, na agradáveltemperatura climatizada da suasalapessoal no belo e amplocomplexo do autódromo chinês. Depois de revelarque planeja voltar a usarseucapacetecom as coresoriginaisjá neste final de semana, ele respondeu: “uns baixam a cabeça e trabalham, enquanto outras são más perdedoras. Flavio é uma delas”.
Felipe Massa se juntou ao corocaloroso e exaltado dos muitospilotos preocupados com o desgaste do pneu supermacio da Bridgestone no exigente traçado de Xangai. O medo é a de queestescompostos “acabem” depois de poucas voltas (três, quatro), deixando o carro inguiável depois. “A gente tentou falar, masnão adianta”.
Hirohide Hamashima, diretor-técnico da Bridgestone, apontou a direção da crítica. “Foi a FIAquem determinou a alocação de compostos não-contínuos paraesteano”. Rubens Barrichello admitiu que a situaçãomelhora o showpara o público, mas faz umalerta. “Existe uma questão de segurança, maselanem é a principal. O problema é quevocê acaba guiando umcarroquenem é umFórmula 1. Rodarcinco, seissegundosacima do seutemponormal é inadequado. Eu concordo que é precisomelhorar o espetáculo, mas há umlimite e não se pode ultrapassá-lo”.
A noitejátinhachegado, o termômetro despencado maisumpouco, quando aconteceu o gran finale. Fazia atémaisfrioem Woking quando Ron Dennis deu uma coletiva anunciando que estava deixando o cargo de CEO (emportuguês, “manda-chuva”) do McLaren Group paracomandar o braçoautomotivo do conglomerado – a partir de hoje, uma empresaindependente. Paraquemnão se liga a títulos corporativos: ele deixou de ser o síndico do prédioparairtrabalharemoutraportaria (quenão tem prédioparavigiar). É muita ingenuidade acreditarnosmotivos nobre que ele alegou paraisso.
Minutosdepois, Martin Whitmarsh nos atendeu numa nãotão gelada salaem Xangai. Semmicrofone, a vozbaixa, ele sambou e rebolou pararesponder as perguntas dos repórteres. Masnão foi tãoincisivoemdefender o seu ex-chefe. A maioria das perguntas questionava se a decisão de Dennis carregava uma intenção da equipeser poupada na decisão do Conselho Mundial da FIA no dia 29, sobre o ‘Liargate’. “Cadaum de vocês pode especularcomo quiser. Seria errado darminhavisãosobreisso”. Umdesmentido, paramim, soa bemdiferente.
Bastalembrartambémque há exatostrês meses, quando anunciou que entregaria o comando da F-1 para Whitmarsh mas permaneceria como o “manda-chuva” do McLaren Group, Dennis garantiu que acompanharia o Mundial de perto, que iria “a quase todas as corridas, porqueacima de tudoeuamo a competição e amo o esporte”. Depois, ementrevistasparticulares, disse que a McLaren era “suavida”. Hoje, resolveu abandonar o barco no momentoemqueeste está quase afundando. Estranhoparaquemsempre vendeu a imagem do capitãovalente, ciente de suasresponsabilidades.
Jáque Whitmarsh liberou a especulação, vamos lá. Algunscolegas ingleses insistem que a decisão de Dennis seria quase uma exigência de Anthony Hamilton parareparar o danoque a equipe teria feito a seufilhocom o escândalorecente. Difícilimaginarqueumpai e empresário de piloto chegue para o homemque bancou toda a trajetória do mesmo, apontando o dedoindicador e mandando elecairfora de seu (quarto) projeto de vida. Seria precisoumpredadorbemmaisferoz e poderosoparaisso.
Se você pensou emumvelhote vestindo uma cueca samba-canção e de chicote na mão, provavelmente acertou. Tudo indica que Dennis foi mesmofiel a seusprincípios e que,parasalvar uma equipequeera a suavida, sacrificou aprópriaposiçãodentro dela. Teria sido mesmoumacordo de cavalheiros (?) entreele e Max Mosley, doisvelhosinimigos, paraevitar uma penadesastrosapara a McLaren no julgamento do dia 29.
Pormaisqueeunão goste do jeito de Ron Dennis, acharia injusto a equipeser massacrada assimporumerrofeio, masquenão é novo na F-1 – elessó foram burros de serpegoscom a prova do crime nas mãos e nãoadmitirsua autoria. Mas o que a genteachacertoou errado na histórianão é tãorelevantequantoconstatar que, na antigarixaentreestesdois, um deles foi hoje à lona. A contagem começou e vai ser interessante verquemrealmente foi a nocaute no dia 29: Ron ou a McLaren (e o ex-“manda-chuva” realmente foi sincerohoje).
Olhotambém na movimentação da Mercedes-Benz num futuropróximo. Richard Lapthorne é o nome do novochefe do McLaren Group. “Não conheço elemuitobem”, admitiu Martin Whitmarsh, uma constataçãochocantesobrequem será seusuperiorimediato. Vai ver, é só uma espécie de “técnico-interino”. E o nome do novo “manda-chuva” de Woking terá sobrenomealemão. Falando embomportuguês, a turma de Stuttgart estava P da vidacom a idéia de Dennis de fazerum carro-esporte de luxoparaconcorrercom a marca da estrela. De repente, a rasteira partiu dali.
O comentário do Briatore me lembra de 2005, quando a mudança do regulamento da época tirou do páreo a McLaren e a Ferrari e permitiu ao Fernando Alonso a conquista do primeiro título mundial pela Renault, equipe comandada pelo próprio Flávio Briatore. Dois pesos e duas medidas.
Eu tenho a sensação que isto foi mesmo um "acordo de cavalheiros" (ponho ironia nisto) entre o Whipmaster Max e o Tio Ron. E até acho que, lendo a tua análise, a Mercedes vai comprar a McLaren no final do ano, e deixa cair o nome, que será adquirida por... Ron Dennis. Querem apostar?
Quanto ao Flávio: dor de cotovelo. E mau perder, também. Eu continuo admirado por vert como um tipo que nada percebe de automobilismo, ainda anda à frente de uma equipa como a Renault. Convenço-me cada vez mais que está a seguir os passos de Bernie Ecclestone...
E o resto... veremos ocm o fim de semana. Seria engraçado voltar a ver o Rubinho no pódio, pois faz agora 15 anos sobre a sua primeira vez, em Aida.
A Mercedes ja detem 40% das acoes da McLaren= "DaimlerChrysler owns 40 percent of the team, the Mumtalakat Holding Company owning 30 percent, and Dennis and TAG Group (Holdings) SA holding 15 per cent each." O proposto carro novo McLaren P11 seria feito com motorizacao e apoio tecnico da Mercedes. RDV
Oi Divila, tinha tb essa informacao do apoio da Mercedes no carro da McLaren. Mas fomos questionar o assessor dos alemaoes sobre como seria a colaboracao deles na McLaren Automotive. "Que colaboracao? Nao há nada", respondeu.
Ou ele está por fora, ou o projeto do carro (e o relacionamente entre McLaren e Mercedes) mudou muito nos últimos dias.
Na pauta desse blog, discussõessobre a Fórmula 1 emtodos os seusaspectos: histórias do passado, análises do presente, bastidores da cobertura e curiosidades. E muitamúsicaparatemperar essa mistura de razão com a paixãoque o automobilismo desperta.
Repórter de Fórmula 1 do Grupo Bandeirantes de Rádio, do diário Lance e da revista Racing. Apreciador de boa música, viagens e velocidade. Guitarrista amador, corredor de rua e piloto virtual.
16 comentários:
O comentário do Briatore me lembra de 2005, quando a mudança do regulamento da época tirou do páreo a McLaren e a Ferrari e permitiu ao Fernando Alonso a conquista do primeiro título mundial pela Renault, equipe comandada pelo próprio Flávio Briatore. Dois pesos e duas medidas.
isto posto, meu palpite: A Mercedes vai comprar a Mclaren - esse ano ainda.
Duas palavras, Ico: perfeita análise!
Ico isso foi num dia só? rs. Boa hipótese thiago lemos, de repente o bruno pintaria ai.
Será que esta situação foi quem fez a McLaren, estranhamente, recuar da briga dos Difusores?
casseta! que blog legal! vou ler mais!
abração e ate+!
Esse blog eu deixo para ler depois dos outros, senão eles não teriam mais nenhum sabor.
Depois de se inteirar do arroz e feijão é que se vai ao filet mignon.
análise perfeita Ico, e acredito que a Mercedes agora tem caminho livre pra comprar a McLaren.
Que dia movimentado hein...
Isso é que eu chamo de texto!!!
PERFEITO.
Chorão o Briatore, não?
O clima ai tá frio e quente ao mesmo tempo, hein!
Parabéns Luis
oi, sou luciano do Rio de Janeiro,
maneiro seu blog..gostaria de convidar para visitar meu blog
é esse
http://luciano-2009.blogspot.com/
ICO,
Parece que a atuação "raposal" do Ross Brawn foi tão grande quanto sua habilidade como engenheiro, não???
Gostei, Ico, gostei.
Eu tenho a sensação que isto foi mesmo um "acordo de cavalheiros" (ponho ironia nisto) entre o Whipmaster Max e o Tio Ron. E até acho que, lendo a tua análise, a Mercedes vai comprar a McLaren no final do ano, e deixa cair o nome, que será adquirida por... Ron Dennis. Querem apostar?
Quanto ao Flávio: dor de cotovelo. E mau perder, também. Eu continuo admirado por vert como um tipo que nada percebe de automobilismo, ainda anda à frente de uma equipa como a Renault. Convenço-me cada vez mais que está a seguir os passos de Bernie Ecclestone...
E o resto... veremos ocm o fim de semana. Seria engraçado voltar a ver o Rubinho no pódio, pois faz agora 15 anos sobre a sua primeira vez, em Aida.
A Mercedes ja detem 40% das acoes da McLaren=
"DaimlerChrysler owns 40 percent of the team, the Mumtalakat Holding Company owning 30 percent, and Dennis and TAG Group (Holdings) SA holding 15 per cent each."
O proposto carro novo McLaren P11 seria feito com motorizacao e apoio tecnico da Mercedes.
RDV
Muito legal essas suas análises. São análises de quem vive o meio, de quem é muito bem informado. Parabéns pelo blog! Muito legal!
Oi Divila, tinha tb essa informacao do apoio da Mercedes no carro da McLaren. Mas fomos questionar o assessor dos alemaoes sobre como seria a colaboracao deles na McLaren Automotive. "Que colaboracao? Nao há nada", respondeu.
Ou ele está por fora, ou o projeto do carro (e o relacionamente entre McLaren e Mercedes) mudou muito nos últimos dias.
Abs!
Belo texto Ico, e como outros já disseram, excelente análise.
Obrigado.
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