sexta-feira, 6 de novembro de 2009

ESPECIAL 2009 – OS DEZ PIORES

A turbulenta temporada da Fórmula 1 teve pontos negativos de sobra. Aqui a minha compilação do que mais chamou a atenção nesse quesito. Infelizmente, os escândalos estiveram no topo de tudo e sobraram opções para uns quinze itens. Espero no ano que vem ter mais dificuldades para essa seleção.



10 – Adrian Sutil em Cingapura

cansei de ver esse tipo de manobra no Grand Prix Legends, mas não esperava isso na Fórmula 1. Depois de bater rodas com o errático Jaime Alguersuari e rodar, Adrian Sutil resolveu dar um cavalo-de-pau para voltar para a pistabem no meio do tráfego. Arrebentou o carro de Nick Heidfeld e o respeito que os colegas tinham por ele. Foi o “Momento Paul Tracy” do ano. Da década, melhor dizendo.


9 – Coletiva de Lewis Hamilton na Malásia

Com a cara de um filhote expulso da ninhada e a voz hesitante, Lewis Hamilton encarou os jornalistas da Fórmula 1 para pedir desculpas públicas pelo chamado “escândalo da mentira”. Um momento constrangedor de tentar explicar o inexplicável. A mídia inglesa, para quem a maneira de se comportar de um campeão do mundo e tão ou mais importante que o feito, caiu de pau. Teria sido melhor ficar quieto. Michael Schumacher nunca teve que explicar porque transformou a Rascasse num estacionamento.


8 – Kazuki Nakajima

Se a Williams perdeu o sexto lugar no Mundial de Construtores para a BMW Sauber na última corrida, a culpa foi de Kazuki Nakajima. Afinal, os 34 pontos e meio conquistados pela equipe em 2009 vieram do outro lado da garagem, o do alemão Nico Rosberg. Como um autêntico zero à esquerda, o japonês chegou ao fim do ano sem ter seu nome ligado a nenhuma equipe, mesmo o pessoal na finada Toyota havia perdido as esperanças nele. E, o pior, ninguém no ambiente sempre cínico da Fórmula 1 perdeu tempo falando mal dele. Vai embora e ninguém vai perceber sua ausência.


7 – Giancarlo Fisichella na Ferrari

Claro, Luca Badoer foi a catástrofe do ano: irremediavelmente lento, completamente fora do ritmo e sem confiança no equipamento. Trágico, sim, mas a posterior participação de Giancarlo Fisichella com a equipe de Maranello salvou a imagem do pobre Luca. Afinal, além de limitado, Badoer não disputava uma corridamais de dez anos e não teve contato com um F-1 nesta configuração aerodinâmica e com pneus slicks antes da estréia em Valência. Era um naufrágio anunciado. Fisichella é um piloto mais competente e chegou na Ferrari depois de um resultado impressionante com a Force Índia. Sua missão era ajudar a Ferrari a se manter emlugar entre as equipes, somando alguns pontinhos. Falhou fragorosamente. Seu sonho de pilotar pela equipe virou um pesadelo – e uma das maiores decepções da temporada.


6 – Romain Grosjean

Não precisa nem levar em conta a confusão que a decisão gerou: estava na cara que a chegada de Romain Grosjean na Renault era a troca de seis por demi-douzaine. Foi até pior, pois o desempenho do francês nas provas que disputou lembrou o Nelsinho Piquet do início de 2008: afoito, inseguro, com muitos erros, acidentes e nenhuma produtividade. Além de queimar seu nome para a categoria, as sete corridas que fez serviram para confirmar que as apostas de Flavio Briatore, na maioria das vezes, são furadas.


5 – BMW Sauber

Em 2008, a equipe bávaro-suíça abdicou do desenvolvimento de seu carro – e por tabela de brigar pelo título da temporadapara se concentrar no modelo deste ano. Também foi o time que mais insistiu no uso do KERS, apostando que seria a arma secreta para dominar o ano. Dois tiros n’água. O F1.09 foi um carro natimorto: o dispositivo não funcionou a contento e foi logo descartado, depois do projeto todo ter sido feito em torno dele. Depois do fracasso esportivo, veio o inesperado anúncio de que a marca estava deixando a categoria depois de apenas quatro temporadas como equipe própria. Com o rabo entre as pernas.


4 – Heikki Kovalainen

A McLaren começou o ano com um dos piores carros do grid, mas conseguiu virar o jogo a partir do meio da temporada e venceu duas corridas com Lewis Hamilton. Heikki Kovalainen? Bem, não subiu nenhuma vez ao pódio, um feito particularmente incrível em Valência, uma pista onde nãopontos de ultrapassagem, quando largou da segunda posição e terminou em quarto lugar. O finlandês não é nenhum novato e teve a partir da Alemanha um equipamento competitivo em mãos. Mesmo assim, terminou com o mesmo número de pontos que Felipe Massa, que pôde disputar nove corridas no ano. Um desastre total.


3 – FIA versus FOTA

A briga pelo poder na Fórmula 1 neste ano lembrou a de tempos remotos, quando algumas letras eram diferentes: Fisa versus Foca. E foi o motor de todos os outros escândalos do ano, tudo manobras políticas no complexo tabuleiro da categoria, onde o bem-estar da mesma não preocupou ninguém. O duelo não ocupa o topo dessa lista porque (infelizmente) ainda não acabou. E a impressão que fica é que “casualidades de guerracomo Max Mosley e Flavio Briatore farão de tudo para voltar aos holofotes assim que possível. Embrulha o estômago de imaginar...


2 – Falta de ultrapassagens

Novo pacote aerodinâmico, asas móveis, KERS. As novidades no regulamento técnico da Fórmula 1 visavam apenas um objetivo: melhorar as chances de ultrapassagem. Mas as corridas de 2009 foram, com raras exceções, uma procissão de monotonia com apelo reservado para os que se interessam em entender questões de estratégia. Se os difusores duplos foram o instrumento para o fracasso da idéia, a (proposital) indecisão da FIA na hora de esclarecer a regra manchou o início do campeonato e o trabalho de muita gente. Novas idéias para 2010, principalmente o fim do reabastecimento, podem causar algum impacto no problema. Resta ficarmos na torcida para que, desta vez, seja um impacto positivo.


1 – Cingapura 2008

É mesmo muito grave a conspiração de causar um acidente para favorecer um outro piloto da equipe e conseguir um resultado que salvasse a pele de todos? É óbvio que sim. A Fórmula 1 viveu suas histórias de espionagem industrial e a flutuação de informações que acompanha as transferências de engenheiros é inevitável e mais ou menos aceita. Assim como pilotos que recebem ordens para ceder posição ao companheiro de equipe. Mas naquela noite de setembro os já frágeis alicerces do esporte foram completamente ignorados, assim como a segurança do executor, de seus colegas e também do público. Foi um golpe muito baixo, de gente sem escrúpulos e/ou força moral. E a motivação vingativa com que a história veio à tona mostra mesmo que se trata de um conto de desclassificados, ainda que o efeito colateral do episódio – a saída de Briatore do esporte – tenha sido positivo.

6 comentários:

Jayme Freitas disse...

"...Mas naquela noite de setembro os já frágeis alicerces do esporte foram completamente ignorados, assim como a segurança do executor, de seus colegas e também do público. Foi um golpe muito baixo, de gente sem escrúpulos e/ou força moral..."

Não me atrevo a dizer mais nada... aonde é que assina?

Aderson disse...

Eu não consigo deixar de acreditar que Kubica tinha gransdes chances de faturar o mundial de 2008.
Apesar da BMW ter abandonado o projeto do F1.08, Kubica conseguia ser regular e varias corridas, pontuando sempre.
Ele chegou na penultima corrida do ano ainda com chances de brigar pelo campeonato. E isso com um carro já bem defasado.
Imaginem se a BMW tivesse mantido a evolução do carro??
O proprio Kubica mostrou-se bem chateado com a decisão.
Agora, investiram tanto no carro de 2009 pra ser esse fiasco que foi.
Lutaram tanto pra conseguir os primeiros pontos, o primeiro podium, a primeira pole e a vitoria, mas quando se tratou de lutar pelo campeonato desistiram tão rapido.
Que vergonha!!

ba disse...

No lugar da BMW, colocaria as montadoras desertoras-fracassadas.

E no lugar do Fisichella, que sempre foi isso aí, colocaria o acidente causado pelo Vettel na Austrália. Quem diria, o título provavelmente foi jogado no lixo ali.

Abraço e parabéns! Até o Barrichello aparece por aqui!!

Beatle Ed disse...

Absolutamente perfeitas as observações.

Ainnem Agon disse...

"“Momento Paul Tracy” do ano"
HAUHAUAUHAHUA RI MUITO.

Parabéns, ICO, pelo maravilhoso trabalho feito ao longo do ano: você produzo o MELHOR conteúdo de F-1 do mundo! E quando falo em conteúdo, refiro-me à justamente todas as informações especiais que nos passa, as entrevistas in loco disponiobilizadas via áudio, e obviamente o Credencial. Aguardo 2010 com ansiedade!

Erico disse...

O dito escândalo da mentira do Hamilton foi literalmente 'blown out of proportion' pelo sangue nos olhos do Max e fome da imprensa por manchetes escandalosas. A McLaren meteu os pés pelas mãos o todo o resto do mundo entrou de sola para rachar as pernas.

Na minha lista, no lugar de Grosjean, estaria toda a Renault, inclusive um tal de Alonso. Onde estão os míticos 6 décimos que ele disse ter levado à McLaren? Será que deixou por lá nas temproadas 2008 e 2009. Sim, porque uma vez comprovada a farsa de Cingapura 2008, seus pontos e desempenho desde então precisam ser vistos sob outro olhar (desconfiado e cínico).

Vejamos se em 2010 ele justificará a fama de ser o homem que aposentou o Schumacher, ou se mais uma vez perderá cabeça e rumo frente a um companheuiro de equipe veloz e competitivo.