sábado, 17 de abril de 2010

LOST... AND THEN I’M FOUND

Um dia eu ainda vou dar muitas risadas quando me lembrar desse final de semana na China. E será interessante quando este dia chegar, porque até o momento tudo aqui tinha tudo para ser um grande pesadelo. Além das questões relativas ao uso da Internet, muito restritivo aqui, eu e todo o paddock vivemos à sombra de uma enorme nuvem de vulcão. A possibilidade de ficarmos “presosaqui por mais uns dias parece cada vez mais real. Uma idéia muito boa foi a de adiantar para agora as etapas de Cingapura e Japão, jogando Espanha e Mônaco para o final do calendário. Brincadeiras à parte, a verdade é que a organização do GP agiliza os procedimentos para a extensão do visto de todo mundo.

É uma
situação um tanto estranha, meio que um desamparo por estar envolvido num problema do qual ninguém tem o menor controle. E é curioso ver como essa tribo de nômades que habita o paddock tentando se concentrar nas tarefas cotidianas mas sempre com esse pensamento no fundo da mente: “quando eu vou conseguir voltar para casa?”

Apesar de tudo, é sempre bom que a vida sempre nos reserva surpresas e nos lembra que o tamanho dos nossos problemas sempre é relativo e que o importante é colecionar bons momentos ao longo dela. Hoje, cansado e desanimado, fui jantar no restaurante do hotel com alguns colegas. Enquanto ainda escolhia o prato, a tranqüilidade do lugar foi quebrada pela vibração de um inglês que viu o seu Manchester United fazer o gol da vitória no clássico local contra o City nos descontos do segundo tempo.

Era o fotógrafo Keith Sutton, com mais de 400 GPs da Fórmula 1, que num arroubo de paixão pelo seu clube resolveu pagar uma rodada de cerveja para todos os presentes (uns trinta jornalistas, pelo menos). Achei curioso, nunca tinha conversado com ele antes e o via como mais um dos muitos ingleses frios da categoria. Recebemos a nossa da garçonete e resolvi ir até sua mesa para agradecer. Até brinquei: “Keith, por umas dez pints, eu até torço pela Inglaterra na Copa do Mundo”.


Ele riu e resolveu se juntar a nós. Seguiram-se três horas de relatos deliciosos de um homem que começou no automobilismo tirando fotos de Ayton Senna na Fórmula Ford, era um grande amigo pessoal e nutre uma enorme admiração até hoje por Roland Ratzenberger e que adora o Brasil. O tempo voou, tempo em que a nuvem vulcânica que pregou uma enorme interrogação em nossas cabeças se dissipou num passe de mágica. No final, ele disse está terminando o seu livro de memórias com a ajuda de um colega. Pela privilegiada amostra que tivemos hoje, recomendo a compra desde já!

11 comentários:

Anônimo disse...

E sabe, estes trabalhos feitos com mais dificuldades são os mais lembrados depois. Sou Geomensor e trabalho com levantamentos topográficos, e com certeza os trabalhos que mais lembro são de medições em lugares de difícil acesso ou quando um equipamento digital, como um GPS, não funciona e temos que usar a velha trena para tirar aquela última medida que falta.
No final é isso que fica, muita história para contar.

Parabéns pela cobertura, está ótima!

Abraço

Diego Camargo - Floripa/SC

Daniel Médici disse...

Entre os itens mais antigos da minha pequena biblioteca pessoal, eu guardo uma edição do livro de fotografias que ele fez sobre o Senna, cujos textos (além das fotografias) são inestimáveis.

Sem dúvida eu vou correr atrás desse livro de memórias, quando for lançado. Desde o menino que ia sempre a Oulton Park nos anos 70, até o respeitado fotógrafo de Fórmula 1, ele deve ter colecionado inúmeras boas histórias.

João Pedro Quesado disse...

É, isto aqui pela Europa está mau está. Dizem que dos 22mil voos habituais de sábado só se poderão realizar cerca 6000. A nuvem está gigante e a qualquer altura pode estar a cobrir a China, pois vai a caminho da Rússia. E quanto ao mundial de futebol, eu cá sou português, portanto em Junho vamos ser um pouco de rivais. E já agora, parabéns pelo blog.

Rianov disse...

Grande Keith, me arrisco em dizer que é o melhor fotógrafo que a Fórmula 1 já viu.

Sutton Images arrebenta!!

Unknown disse...

Ê vontade de trabalhar na F1...

António Barbosa disse...

Para mim o trio Keith Sutton, Bernard Cahier e Rainer W. Schlegelmilch ( já visionaram a sua página na net ?) é um trio maravilha no que á foto de automobilismo diz respeito.

Thiago Raposo disse...

Ico - a loira da Renault continua a ser apresentada como mãe do Petrov na Globo! Podia fazer uma entrevista com ela com ela dizendo o que é realmente dele...rs

Mário Salustiano disse...

oi Ico

aproveitando a deixa acho que os jornalistas brasileiros pouco escreveram esses anos, evidente que acho a qualidade fantastica, mas temos muito pouco considerando a rica história dos nossos brazucas esses anos todos, espero que voce escreva um bom livro sobre as histórias que voce vai colecionar ao longo dos anos, trabalho viajando muito e já vão mais de 20 anos sei o que é passar tanto tempo longe de casa e da familia mas mesmo assim vale a pena pelo monte de coisas boas que vemos, aproveite bem e bom trabalho

@celsovedovato disse...

Espero que o livro saia também, traduzido para o português

Talita disse...

Bom dia.
Excelente corrida...quem viu a corrida não precisou de reforços noturnos, já quem não viu, perdeu...
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De primeira, foi um tal de entra no box, coloca pneu intermidiário,garoa, sem garoa, volta ao box, pneu liso....e aquele que não trocou conseguiu manter o tempo em cima dos outros...E Hamilton enquanto isso, junto da sua equipe trabalhou direitinho, dentro e fora da pista.Ultrapassagens de gente grande o moleque.Mostrou hormônios aflorados, foi ousado, e teve sorte, claro, pois chegou ( quase) sem problemas até o final.
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O Vettel, poxa...avisa o menino ( e sua equipe) que depois da pole, a brincadeira continua, é pra valer, se possível pode tentar vencer a corrida oras!

A Ferrari nada fez de bom, e o Alonso queimando qui,Massa recuando ali...tststs

Ouvi no carro ainda, a parte da loira do Petrov...Pensei, cacilda,imagina vc trabalhar na F1 com sua mãe? Tudo certo, é empresária.

Bom Domingo a todos

Unknown disse...

o nome do vulcão islandês é Eyjafjalla.