Mas ao chegar na capital húngara, minha cabeça foi tomada por um turbilhão de memórias do ano passado. Imagens dos restaurantes que passei, do caminho que levava ao hospital AEK, das horas passadas sentado no concreto da calçada, aguardando por notícias e fazendo entradas ao vivo nas rádios.
Passar de novo pelas ruas me fez até relembrar dos rostos das pessoas com que convivi, do dono do Café a 500 metros do hospital que usei tantas vezes como “escritório” pela presença de Internet, dos torcedores cheios de fé e angústia, do médico húngaro com seu ar grave contando as novidades diárias, da mulher que tomava sol religiosamente no parapeito da janela, um lembrete bronzeado de que a vida continuava e continua apesar dos problemas que afligem a vida dos seres humanos. Lembrei até de quem não estava aqui, das conversas que tinha com meu pai, médico, para entender melhor o contexto do quadro clínico que nos era passado.
Este não é um post sobre Felipe Massa, então eu preferiria mesmo não ver comentários engraçadinhos e/ou genuinamente injuriados traçando algum paralelo espirituoso sobre o que aconteceu há um ano e o ocorrido há cinco dias.
É um post sim sobre o maior curso intensivo de jornalismo que eu poderia ter, buscando trazer um relato bem apurado cobrindo todos os ângulos de um assunto delicado, difícil mesmo, em condições longe da ideal e numa cidade estrangeira de um idioma estranhíssimo.
Hoje, passando por Budapeste, me lembrei sobretudo dos colegas, os que estavam aqui e os que fizeram a retaguarda no Brasil. E, acima de tudo, me lembrei porque eu amo tanto o que eu faço.
(Foto Luiz Demétrio Furkim)
17 comentários:
Pois é Ico. Realmente deve ter sido um belíssimo intensivo em cobertura jornalística, numa área completamente diferente do seu dia a dia de autódromos, treinos e coletivas organizadas e previsíveis do circo da F1.
Como um companheiro na profisão de jornalista, eu deixo aqui minha opinião sincera de que você é um dos melhores e mais coerentes repórteres do circo na atualidade.
Abraços
Gabriel El Bredy
"estranho" para esse idioma, só partindo de alguém muito gentil-rss
sok szerencsét 2010-ben, ölelés
Celso Vedovato
@celsovedovato
Partindo de alguém que fala alemão, essa história do idioma ser estranho é assustadora. Mas pensa bem, Ico, poderia ser na China... aí sim o idioma ia ser o caos. =)
trabalhei muito tempo como diretor de videografismo de uma tv daqui, admiro muito essa vida de camelo que vcs levam, fico imaginando o esforco para trazer essas informacoes, parabens ico!
Dá pra imaginar o sufoco que foi fazer esse trabalho. Achei esses tempos atrás um documentário que fala dessa cobertura. É um documentário amador, mas dá pra ter uma idéia do que foi.
Ñ sei se vcs viram, mas ai está o link. A parte da Húngria tá lá pelo final.
http://jckronbauer.blogspot.com/2010/06/no-cockpit-da-imprensa-uma-analise-do.html
Ico:
Desculpe minha ignorância, mas, o que é (ou onde é) Panônia?
Sua cobertura na Hungria no ano passado foi primorosa. Meus parabéns atrasados, se bem que nunca é tarde para se agradecer!
Se a metade dos jornalistas fossem como vc e o Felipe Mota...Aliás...é ele na foto de all star e falando com a moça sentada?
A maturidade profissional (e de vida) não se atinge apenas cronologicamente, mas da intensidade com que se vive os diferentes momentos, sentindo sempre e elaborando a argamassa formada por alegria, por tristeza, por perplexidade, encantamentos e decepções, sem jamais achar que "the dream is over..."
Saudades imensas.
Pai
Jcrob você esta de parabens por este FILHO !
Ico, sempre vizitando o blog e absorvendo conhecimento.
Parabens Continue.
Jcrob saiba que tens um filho muito maduro (de vida).
Isso aí, Ico... a gente mergulha em um turbilhão diário, mil coisas a fazer, a correria para realizar aquilo que a gente se propõe a fazer, e de repente vem esse estalo: como eu gosto do que eu faço! E tudo vale a pena. Legal, cara, eu entendo isso que você disse, e fico feliz de ver que você sente essa felicidade também.
Abs.
Foi um final de semana realmente difícil...
Para nós que estávamos aqui no Brasil as informações chegavam em drops, eram todos muito otimistas, o que aliviava a barra.
Mas o fato é que as imagens que tínhamos visto na tv e sobretudo na internet eram fortes demais.
Porém tudo acabou bem. Felipe sobreviveu, voltou para os seus e para o que gosta. Tudo não passou de um grande susto.
Bom saber, agora com a distância que o tempo dá, o que foi o seu fim de semana, do turbilhão de pensamentos e ocorrências pelos quais passou.
Tudo isso em prol do profissionalismo que respeitamos e muito mas quanto ao sujeito envolvido, Sr. Felip Massa quanto disperdício...
Parabéns pelo texto e principalmente pelo comportamento pessoal e profissional.
Parabéns pelo texto e principalmente pelo comportamento pessoal e profissional.
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