sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

UMA PEÇA QUE NÃO SE ENCAIXA

Adrián Campos disse que espera por uma solução para sua equipe para a próxima semana, mas admitiu hoje numa entrevista com a BBC que às vezes não tem o dinheiro para pagar as parcelas que deve à Dallara, e que está tentando solucionar o problema. Há claramente um prazo que está vencendo e ele está correndo contra o tempo, mas o espanhol afirmou que, por contrato, a Dallara não pode vender o projeto do carro de Fórmula 1 para a Stefan GP.

O
que, necessariamente, não seria um problema, que a Stefan GP comprou a estrutura e o projeto do carro da Toyota. Mas é preciso calma para avaliar a estrutura dessa nova equipe. Quase todo o staff técnico que trabalhou com os japoneses no ano passado debandou para outras equipes, até mesmo pela demora do sérvio Zoran Stefanovic em efetuar a compra do espólio. É uma equipe com um carro, aparentemente com algum dinheiro, um diretor-técnico controverso (Mike Coughlan) e . Para alinhar no Bahrein, terão também de fazer um esforço e tanto para montar a infra-estrutura necessária. Se tiverem mesmo tanta bala na agulha, podem conseguir.

O que é difícil de entender até agora é o interesse declarado de Bernie Ecclestone em ver a equipe de Stefanovic na Fórmula 1. Pelo que ele declarou em Madonna di Campiglio (“A F-1 precisa de dez equipes fortes, e ”), seria bom se algumas das equipes novas desaparecessem, mas que ninguém mais aparecesse para ocupar os seus lugares.

Ele
pode também ter seus motivos para se preocupar com a possibilidade de Adrián Campos trazer para a Fórmula 1 uma figura controversa como Tony Teixeira, um homem de negócios que aparenta deixar um rastro de dívidas e insolvências por onde passa. Por outro lado, é um pouco estranho sua confiança cega num desconhecido lobbysta de armamentos da Sérvia, tendo em mente o que aconteceu no paísmenos de duas décadas.

O que está difícil de entender também é sua ânsia em ver naufragar um projeto que traria o sobrenome Senna de volta para a Fórmula 1. O fechamento de uma equipe às vésperas do Mundial inevitavelmente traria alguma luz negativa para a categoria, especialmente trazendo consigo uma perda desse calibre. Para colocar Ralf Schumacher no lugar? Não faz sentido.

Olhando
em retrospecto, tanto em declarações públicas como em notícias que eu recebia nos bastidores, Ecclestone sempre viu a equipe Campos com simpatia, especialmente porque o espanhol lhe procurava para se aconselhar antes da dar seus passos. Em algum momento, a sintonia terminou e o inglês começou a apontar os problemas da equipe. Lembro também que, na época do GP do Brasil, surgiu a notícia de que Bernie tentava costurar nos bastidores uma dupla Senna-Piquet, na Campos. Um mês depois, na coletiva em São Paulo, Adrián colocou um ponto final na história, dizendo que a equipe teria um piloto brasileiro, Bruno Senna. Será que isso tem alguma relação com a mudança de humor de Ecclestone?

Para terminar, há um outro complicador. As informações aqui na Europa dão conta que realmente foi aprovado um item no regulamento que permite às equipes a se ausentarem de três corridas no ano, sem qualquer tipo de punição. Ninguém conhece os detalhes do Pacto da Concórdia, mas será que Adrián Campos, dono de uma vaga que lhe foi outorgada pela FIA, não poderia estender sua busca por investidores até o GP da China, bloqueando assim a entrada da tal Stefan GP, pelo menos no início do ano?

São
muitos pontos mal esclarecidos no sempre nebuloso cenário político da Fórmula 1. Esperamos que ao final dessa história, qualquer que seja, os personagens envolvidos nela nos tragam as respostas.

13 comentários:

João Gabriel Veras disse...

POr enquanto, das equipes novas, creio que só veremos a Virgin e a Sauber no grid do Bahrein.
É uma pena.

Anônimo disse...

Sobrenome Senna não foi forte o suficiente para conseguir patrocínio para a equipe

Celso Vedovato disse...

Ico, um outro ponto dá ainda mais sentido a sua dúvida sobre Senna, Piquet, Campos e Ecclestone. Nelsinho declarou dia desses que tinha lugar na F1, e comentou que Bernie havia ligado pra ele dizendo que a Stefan o queria como piloto.
Pessoalmente não queria voltar a este assunto, mas será que Cingapura, Briatore, Piquet-pai, Ecclestone e Mosley ainda repercute nesse imbrólio. Teriam os chefões se comprometido com os Piquet a conseguir uma vaga na F1 para Nelsinho em troca da cabeça do italiano
Estaria Ecclestone chateado com Campos por ter "fechado" a porta para os dois sobrenomes juntos na equipe espanhola.
Já comentei isso, teria equipe melhor para, a Telefónica, o Santander ou outra grande espanhola com negócios no Brasil, patrocinar com dois sobrenomes desse porte?
Viajei demais!? - abraço

Aderson disse...

Pra quem já tem um tal de Michael Schmacher, hepta campeão mundial, de volta a F1, tá pouco se lixando se um parente do Ayrton Senna estará ou não na F1.
Assim pensa o Bernie.

Arthur Simões disse...

E não é que o Ecclestone estava certo quando disse que USF1 e Campos não estariam no Bahrein...

Enquanto lia a reportagem pensei na mesma coisa.
Achava que a Campos era a equipe que teria menos problemas com patrocinio dentre as novatas.
Pelo jeito estava enganado.

E pensar que a F1 já teve equipe brasileira,com patrocínio da Caloi e Azeite Maria e sendo pilotada por Rosberg e Fittipaldi...

Alexandre disse...

É por essas e outras que ainda acho que Nelsinho vai estar no grid no Bahrein, daí ele estar correndo na NASCAR, não na Indy. E Senna vai mais uma vez perder o lugar para outro brasileiro, a não ser que corra na USF1.

Anselmo Coyote disse...

A idéia de ter Piquet e Senna na mesma equipe é sensacional. Concordo com o velhinho. Mas a hipocrisia que já transformou esse esporte num ninho de cobras agora agoniza.

Onde já se viu! Agora vem esses bandidos fazer proselitismo barato, brandindo a bandeira da moralidade e boicotando o Nelsinho por ter executado suas ordens sob intensa pressão?

Tô de saco cheio de tanta hipocrisia.

Abs.

Ron Groo disse...

Estranho, mas a categoria parece realmente não precisar do sobrenome Senna de volta.
Ninguém sério o suficiente se organizou para tê-lo e os que o fizeram nem grana tem pra alinha os carros.

Por outro lado, também achei que Bruno, apenas por ser quem é atrairia alguns patrocinadores de peso - ou grana - para a Campos. O que não aconteceu.

E por ultimo uma duvida.
Teria alguma chance de ter o dedo (podre) de Flávio Briatore por tras desta tal equipe Sérvia?

Fabehr disse...

Ico, q bela leitura desse caso. è por isso q visito esse blog quase q diariamente. abç

Anônimo disse...

Ola Ico e amigos,

Por morar nos EUA, eu acompanho de perto a movimentacao na NASCAR e na Indy/IRL, tendo inclusive indo assistir a corridas na NASCAR de perto. Entao, desde que apareceu a noticia da ida do Nelsinho para a NASCAR Trucks eu fiquei de olho aqui nas noticias diretamente no site da categoria. Ate ontem, o nome dele nao estava na lista dos pilotos da Red Horse Racing, equipe onde ele testou. A unica noticia (da epoca que ele testou aqui) que havia saido aqui era de que a equipe estava pensando na possibilidade de acrescentar um terceiro carro para ele correr este ano.
Seria algum indicio de que o Nelsinho ainda estivesse de olho numa vaga na F1, ou de que nem mesmo a NASCAR o quer?
Abracos,

Guilherme Rosa

Anônimo disse...

(“A F-1 precisa de dez equipes fortes, e só") . . .
esse BE é um FILHO DA P!!
A gente querendo ver novas equipes e um grid mais cheio, os caras se fudendo e gastando milhas de dinheiro e esse idiota fala isso!
As 10 equipes são o bastante para ele encher o bolso dele de dinheiro. O esporte que se f.
Ele esqueceu que as equipes poderiam fazer um campeonato concorrente?

Moises Simoes

Smirkoff disse...

Quem sabe a Slavica é acionista das empresas do Stefan? Quanto ao sérvio vender armamentos, acho que é só mais um aspecto familiar ao Bernie, que dizem por aí, teria feito parte da fortuna negociando armas para o Oriente Médio.

Os planos do Mosley, aparentemente salvadores para a categoria, estão sendo surrados pela crise. Sem dinheiro não só as grandes montadoras vão embora, como muitos garagistas não conseguem chegar ao grid. Ainda mais se as bases dessas equipes estão na Espanha (em crise séria) e nos EUA (onde não há interesse pela categoria).

Fernando Kesnault disse...

Cara detesto o Ralf Schumacher, mas comparar ele com o Bruno Senna é demais. Quem é Bruno Senna?? Foi campeão de quê?? É um piloto fraco tecnicamente e de braço, tá afim só de "azarar" na f-1. É ridículo dizer que ele faz falta na categoria. Se correr de Stock já tá bom demais prá ele e mesmo assim toma pau de uns 15 no mínimo, sem tendo o dinheiro que tem prá ter um bom lugar em uma boa equipe. Vamos cair na real e ver que é não é prá correr na f-1, e sim apenas um "playboy" passando o tempo e depois dizer que "esteve lá".